sexta-feira, 8 de outubro de 2010

As escolhas políticas da Campanha de Serra - José do Vale Pinheiro Feitosa

A democracia é como o sol a pino: clareia os espaços ensombrados da sociedade. Assim como o sistema de saúde descobre os casos de catapora uma vez que os doentes o procura.

Vejamos alguns temas que a campanha a Presidente de José Serra está trazendo à luz: aborto, homossexualismo, religiosidade (ou não), preconceito partidário, aversão à políticas de transferência de renda, venda das estatais, dureza contra certos governos sul americanos e estado mínimo.

As quatro últimas referências são estruturais na aliança política de Serra e nos anos noventa tiveram imenso vigor ideológico através do Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Naqueles anos noventa era uma ideologia mundial, com grandes efeitos na América Latina e pergunte-se a qualquer cidadão médio norte americano com seu domicílio a perigo o que acha desta fase neoliberal.

O preconceito partidário contra o PT na campanha de Serra poderia bem ser atribuído ao embate normal na política. O PT, o PDT, o PSB, por exemplo, não deixariam de criticar a prática do PSDB e do DEM e menos ainda de generalizar a crítica. Mas o que a campanha do Serra está fazendo é um movimento reacionário, fundamentalista, de perseguição ao PT e sua candidata, incluindo os demais partidos da frente, usando-se como correia de transmissão da mídia principal, de setores golpistas de certas igrejas e grupos radicais de extrema direita.

Sobre o aborto o que fazem é uma aberração política. O aborto existe em larga escala, clandestino, com concurso de médicos formados e registrados nos conselhos de classe, com enfermeiros, pessoas práticas e até mesmo com a própria mulher se pondo em risco. É natural que toda a sociedade democrática entenda o seguinte: uma vez iluminado este vão obscuro, pretendemos criar regras gerais de proteção das mulheres. E isso em sociedades democráticas se chama lei e as leis são para serem cumpridas.

Portanto o aborto deve ser um assunto democrático, não pode cair neste fundamentalismo oportunista que surgiu na campanha de Serra, buscando uma farsa com religiosos que só pensam no chicote sobre o lombo dos outros. Alguém aí tem dúvida sobre o papel da pílula anticoncepcional, sobre os métodos anticonceptivos, mas, no entanto, o Papa atual prefere negar a reconhecer a sua ampla realidade. É esta negação antidemocrática que permeia a campanha oposicionista. E poderia ser diferente e mais esclarecedora, mas optou pela farsa. Não cumprirá nada que promete aos grupos fundamentalistas ou então vai governar como um Aiatolá do Irã.

Ontem e hoje, foi a vez de Índio da Costa, o candidato a vice-presidente, na chapa do Serra, condenar uma lei contra a discriminação ao homossexualismo e diz que se o Serra for eleito irá vetá-la. Novamente um vão esclarecido, não tem nenhuma razão biológica, psicológica ou ética que justifique como aberração ou desvio as preferências homossexuais de alguém. Portanto não se podem perseguir homossexuais e perseguir é demonstrar aversão a eles ou a seu comportamento. É isso que o Projeto de Lei 122 que Serra vetará regula no comportamento social.

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