quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Os Pitpuns - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Rio de Janeiro, apesar do crescimento de todos os Estados, da descentralização da mídia e da cultura, do fim da capital federal e do país ter passado por uma revigorante municipalização (apesar dos pesares é surpreendente em razão do passado recente), continua tendo algumas características preservadas. Uma delas é criar palavras conforme as coisas vão acontecendo.

Logo que pessoas passaram a criar os cães Pitbull, surgiram na imprensa relatos da destruição física do animal. Pronto o nome do cão passou a ser sinônimo de ferocidade, de uma raiva insana, quase paranóica. Expressava desde as manifestações descontroladas de raiva até aquele instinto provocador de grupos querendo arruaça. Na classe média mais avantajada, um tipo se criou: os Pitboys musculosos das academias a destruir a integridade física dos seus opositores.

Ultimamente o pessoal, até pelo clima desta campanha eleitoral tão desleal na internet, tem alcunhado um novo nome: os Pitpuns. São parecidos com trovões. Ou com os efeitos sonoros dos gases intestinais no momento de sua fuga ao exterior. São relacionados com trovões porque não são o relâmpago: a luz é de outro, eles apenas estralam do modo mais ruidoso possível. O perigo está no relâmpago, mas quem assusta mesmo é o Pitpum e em todos os cantos.

O Pitpum é fisiológico, mas não se encontra na porta do sabor, fica muito distante do lugar em que ele se encontra. O lugar do Pitpum é o do restolho digerido, por isso mesmo é que sua ação costuma se acompanhar de algum efeito odorífero. Além disso, não se pode esquecer que ele está no final da cadeia, é uma espécie de recolhedor sanitário.

As grandes cidades têm este dom de multiplicar práticas e tipos. Por isso mesmo eu sempre que posso me refugio nos blogs da minha cidade pois aqui estas coisas ainda não existem. As suas práticas ainda continuam ingênuas como sou.

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