Condição “sine qua non” de todo administrador público que se preze, a probidade administrativa (ou honestidade no tratamento da coisa pública) encontra bons e imprescindíveis aliados no comedimento, recato, bom senso, transparência, equilíbrio e, principalmente, ponderação na hora da tomada de decisões ou na simplicidade do ato de expressar-se perante os munícipes.
Em sentido contrário, sob pena de inviabilizar suas ações, obstando-lhe o acalentado caminho em busca de vôos políticos mais altos (e não venham com o papo furado de que nem todo político sonha com isso), a improbidade administrativa, possessividade, cabeça quente, falta de controle, pessimismo e afobação não devem constar do dicionário de referida autoridade, por mais pressionada que se encontre.
As reflexões acima têm a ver com um acontecimento recente (menos de dois anos), vivenciado aqui em Fortaleza, quando o prefeito do Crato, atendendo convite da Associação dos Filhos e Amigos do Crato (AFAC), compareceu ao auditório da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), a fim de falar sobre sua gestão à frente da municipalidade.
Depois de muita rasgação de seda nas preliminares, da exibição de belos slides da cidade (e o Crato tem muita coisa bonita, sim, mas que se degradam dia-a-dia), lá pras tantas, e aí já visivelmente incomodado com as interrupções da sua fala e os recorrentes questionamentos a respeito do marasmo da sua administração ou do “porque” do Crato não conseguir acompanhar o pool desenvolvimentista da cidade vizinha, Sua Excelência literalmente perdeu as estribeiras e foi incisivo, curto, grosso e contundente (ipsis litteris): “Pessoal, vocês têm de entender que o Crato é final de linha; só vai ao Crato quem tem negócios lá”.
Ou seja, não mais que de repente - e um tanto quanto surrealistamente, vocês hão de convir - a posição geográfica do Crato (em relação à capital ???) era usada e atestada como justificativa primeira e única para a sua visível estagnação, seu progressivo esvaziamento, sua parada no tempo (só não nos foi explicitado como é que a cidade vizinha, que dista apenas 12 quilômetros da nossa, tudo consegue, o tempo todo e com relativa facilidade).
Estupefatos, os componentes da platéia se entreolharam abismados e pasmos, num misto de espanto e decepção, à procura de entender aquele testemunho sublinear de capitulação, acomodação ou simples descaso com o destino da cidade.
Definitivamente, não estávamos ali para ouvir aquilo. E no entanto, a verdade é que, ao vivo, perante todos nós, aquele que deveria representar a esperança e o porvir de novos tempos se nos mostrava a impotência em forma de gente, o pessimismo em estado latente, a afobação nua e crua, a desesperança em sua mais completa acepção, a incapacidade de alinhavar palavras minimamente confortadoras (e depois dizem que somos pessimista).
E então nos vem à lembrança o testemunho de um dos integrantes da comitiva que esteve em Fortaleza quando da reunião com o reitor da UFC, onde definitivamente se bateria o martelo na definição da localização do campus Cariri da UFC: segundo ele, o prefeito do Crato estava, sim, em Fortaleza, naquele dia, mas teria se negado terminantemente a comparecer àquele importante e decisivo evento, sob a estapafúrdia justificativa de que, de véspera, a decisão já houvera sido tomada, e sua presença, portanto, não alteraria em nada o rumo das coisas, o desenrolar do processo. Que os “bois de piranha” galhardamente enfrentassem a travessia do rio, sozinhos.
E, como pimenta nos olhos dos outros é refresco, o que agora se comenta, aqui em Fortaleza, é que o Crato perdeu também a sonhada Faculdade de Odontologia e tende a ficar sem a Faculdade de Agronomia (e as instalações do Colégio Agrícola, vão servir mesmo pra quê ???).
Por qual razão ??? Onde vamos parar ??? Vamos ficar com o quê ??? Só com o "lixão" do Cariri ??? Querem matar o Pedro Esmeraldo do coração ???
Vamos utilizar um exemplo.
ResponderExcluirSe olharmos as novas lixeiras construídas pela prefeitura, podemos perceber o desleixo com que as coisas são feitas.
Lixeiras de cimento, parecem pequenas manilhas, feias, "ornamentando" as praças, que por sinal, são um retrato de desmazelo. É só comparar com as praças de Iguatu, por exemplo. Quanta diferença.
Aquele “laguinho” artificial que cerca uma casinha ordinária no centro da praça da Sé, estava cheio de lixo, água suja e lodo, isso durante a mostra SESC , uma vergonha!
ResponderExcluirAcorda prefeitura!!
A Praça Siqueira Campos que tanto se falou na tal reforma, há pouco tem parecia um nicho de mendigos, pela sujeira e mal cheiro.
ResponderExcluirO Crato atravessa uma das piores fazes de abandono. Com uma pequena máquina de esguicho, duzentos litros d'água, e detergente, garanto que a impressão seria outra.Cobrar de uma pessoa sem compromisso nenhum com a cidade, é malhar em ferro frio.