quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Edil de Fora - José do Vale Pinheiro Feitosa

Edil - na antiga Roma, funcionário ou magistrado cuja função era observar e garantir o bom estado e funcionamento de edifícios e outras obras e serviços públicos ou de interesse comum, como ruas e o tráfego, abastecimento de gêneros e de água, condições de culto e prática religiosa etc.; nas municipalidades do Império Romano, funcionário administrativo regular, de segundo escalão

Pessoal, vocês têm de entender que o Crato é final de linha; só vai ao Crato quem tem negócios lá”. – Frase dita pelo Prefeito do Crato segundo relato de José Nilton Mariano Saraiva.

Logo que li o texto do Mariano, fui fazer uma caminhada matinal. Enquanto andava uma palavra martelava minha cabeça: Juiz de Fora. Segundo a Wikipédia: “O Juiz de Fora Parte (ou simplesmente Juiz de Fora) era um magistrado nomeado pelo Rei de Portugal para atuar em concelhos onde era necessária a intervenção de um juiz isento e imparcial, que normalmente seria de fora da localidade. Em muitíssimas ocasiões, os juízes de fora assumiam também papel político, sendo indicados para presidir câmaras municipais como uma forma de controle do poder central na vida municipal.”

Segundo o Houaiss Edil é um regionalismo nordestino, mesmo que seja um diacronismo obsoleto, é o mesmo que prefeito. E então temos o Edil de Fora. Pode-se chamar de Prefeito de Fora, com a mesma conotação do Juiz. No nosso querido Ceará esta instituição corrompida existe à sorrelfa.
Eleitos pelo povo para exercer o poder político dos municípios, não só das cidades, mas dos seus miseráveis e revoltados distritos, muitos prefeitos não moram por lá. Vivem em Fortaleza ou noutra cidade mais favorável à sua vida particular e familiar. Só dão atenção aos problemas dos seus municípios em alguns dias da semana, muitos chegam no final da terça e somem na quinta antes do sol se pôr.

A rigor é um prefeito terceirizado. Que apenas administra como se o município fosse apenas um negócio. E não é: é um problema coletivo, cheio de contradições e desejos de melhoria. Se fosse para administrar o fluxo de caixa, bastava apenas um contador juramentado. Se fosse para tornar em negócio a saúde, a educação, a segurança patrimonial, as obras essenciais, bastariam técnicos. Cada um cuidando das tecnologias necessárias e de seus custos.

Ora, bolas, o problema é político meu filho. Cada um tem o direito à vida que quer mas não faça o modelo dela um símbolo para as pessoas que amam e vivem nos seus municípios. Elas não estão ali apenas para receber serviços, elas acordam, respiram, se alimentam e dormem num mundo completo: com ruas, carros, escolares, alegrias, festas, esperanças e desejo de construir.

O Edil de Fora é uma aberração e o extremo da “corrupção” do papel político da autoridade mais importante das pessoas: o Prefeito. As pessoas, não respiram no Brasil e no Estado: elas vivem mesmo é nos municípios. As estrelas que brilham ali podem brilhar noutros lugares, mas os olhos que as vêm são daquele território.

Um comentário:

  1. Pode ser pior? Pode. Basta ver a câmara de vereadores. É tudo de "dentro". Não divulga seus atos através da mídia, não cria um instrumento de divulgação para o que anda fazendo como se o povo pudesse ir no horário de trabalho assistir às sessões.

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