Zé do Vale, sem favor nenhum uma figura que honra e dignifica o Crato, reside e exerce sua atividade profissional no Rio de Janeiro. Mesmo a milhares de quilômetros da terra amada, é, paradoxalmente, uma das pessoas mais “antenadas” com o que lá corre e ocorre. E o melhor: quando chamado a se pronunciar a respeito da cidade e do que lá acontece, não se faz de rogado e exercita a extremada competência de sempre.
Meses atrás, após visitar a terrinha, prestou um depoimento histórico, repleto de emoção e sensibilidade, onde mostrou, cruamente, seu progressivo desencanto e profunda decepção com o estado de “abandono” da nossa urbi; falou sobre suas ruas mal iluminadas, sobre o não ter pra onde ir à noite, sobre a visão dantesca do calçadão no centro da cidade e, enfim, do marasmo que lá encontrou. Zé do Vale é uma pessoa realista, comedida e sincera.
Agora, após as eleições, quando os candidatos votados e indicados pelo prefeito da cidade dançaram solenemente (Presidência, Governador e Senado), eis que o nosso Zé do Vale se reporta, com uma sinceridade a toda prova, sobre a administração cratense: (ipsis litteris) “...a prefeitura do Crato tem uma imensa semelhança com o candidato derrotado: ambos se acham herdeiro natural do latifúndio. Pensam no mundo como apenas a propriedade natural deles próprio. Quanto ao presente do Crato, pelo que me contaram, é limpar o lixo deixado pela festa. Alguém escreveu num dos blogs da região do Cariri que o Crato estava parado neste dia. Não havia nada vibrante pelo menos no curso da votação. Uma boa explicação é a presença de Samuel Araripe, prefeito do Crato e do PSDB”.
Mais à frente, ele se reporta sobre a festa ofertada pela administração da cidade ao então candidato José Serra, e sombriamente nos fala sobre as “...fotos que contarão a história deste momento tumular, Ela parece acabrunhada, nada muda, tudo é igual, é o lento sonambulismo histórico”.
Profundamente preocupado (como todo bom cratense que ama sua terra), ele, ao tempo em que, num primeiro momento, questiona o marasmo reinante, categoricamente nos adverte, a seguir: “...Alguém acordará o Crato deste sonho que não cessa? Parece que na cidade, em termos políticos, não há nada que não venha da década de 50 do século passado. A PREFEITURA É O ALTAR DESTA GRANDE DORMÊNCIA”.
Ao incursionar sobre qual a solução para o Crato, Zé Do Vale se vale (sem trocadilho) da manifestação de uma outra figura de realce da cidade – Zé Flávio Vieira – que houvera sugerido, lá atrás, que a mudança tão necessária só se concretizaria quando “...os partidos populares realmente se organizarem e aprenderam a lição do novo tempo”.
Alfim, Zé do Vale desfere o petardo definitivo: “...É lavada besteira imaginar que ferir a liberdade de idéia e expressão é se contrapor a quem as tens. Aí mesmo é que se encontra a tal liberdade. O Crato só vive esta pasmaceira por que ninguém pode criticar nada que um ódio contra qualquer um se levantará uma vez se diga que exista um simples buraco de rua. Isso quem vive lendo aqui sente o tempo todo. Na minha opinião o Crato mudará muito nas próximas eleições. O Ceará já mudou muito nestas. Agora o espaço político está arejado e aquela preguiça que a pessoa identificou no dia de hoje é apenas o silêncio que anuncia que daqui para frente tudo vai ser diferente. E não apenas pela vitória da candidata, mas principalmente pela derrota daqueles que controlavam o passado”. (tomara que o Zé esteja certo).
De nossa parte, sentimo-nos recompensados e felizes com o que o Zé do Vale externou, já que não é de hoje que alertamos os cratenses, aqui mesmo (e contundentemente), sobre tudo isso. E, realmente, não dá mais pra esperar. É necessário que as pessoas de bem da cidade, aquelas que teimam em manter acesa a chama, que ainda vislumbram uma luz ao final do túnel, que ainda sonham com um Crato pujante e desenvolvido, tomem uma posição corajosa e definitiva. Já. E a solução, tudo está a indicar, poderá ser uma guinada à esquerda. Por que não experimentar um candidato oriundo das hostes progressistas, radicado no Crato, mas capaz de construir pontes que levem à terra prometida ??? Um candidato que lance uma visão social sobre a administração do município, ao invés de demitir, demitir e demitir pais de família ??? Um candidato capaz de estabelecer frutíferas e necessárias parcerias em Brasília ??? Por que não ousar, experimentar o novo, soltar as amarras que nos imobiliza já há décadas ??? Por que continuar nesse marasmo, nessa dormência, nesse massacrante sonambulismo, feito um zumbi ??? Já não perdemos muito tempo com figuras que vivem em redomas inexpugnáveis, isoladas do mundo e das pessoas ???
O momento é agora ( já, pra ontem ), quando os candidatos progressistas do Ceará, nos mais diversos níveis (parlamentos estadual, federal e o senado), estarão próximos da primeira mulher a governar o país, Dilma Rousseff.
Para tanto, necessário que as cabeças pensantes do Crato e sua própria população atentem desde já ao simplório chamamento: Atenção, Crato: ESQUERDA, VOLVER !!!
Post Scriptum:
Para que não haja nenhum juízo de valor equivocado, o autor das mal traçadas acima ("cratense da gema") informa que não conhece pessoalmente nenhuma das personalidades enfocadas (espera um dia ter o prazer).
Infelizmente nas últimas eleições não houve a unidade necessária. Que vai além da esquerda tradicional e incorpore os companheiros de outra legendas. Não marcharam juntos os seguintes partidos: PT, PSB, PCdoB, PV, PDT, por exemplo.
ResponderExcluirO primeiro passo é a unidade, sem hegemonismo. E a necessidade de perceber que sem ela, as forças mais conservadoras continuarão se revezando.