segunda-feira, 8 de novembro de 2010

“Lengalenga” e “Nhenhenhem” - José Nilton Mariano Saraiva

Depois da fragorosa e humilhante derrota (afinal, foram mais de 12 milhões de votos de “lambuja”), eles submergiram covarde e vergonhosamente às profundezas; agora, ainda um tanto quanto grogues e ressabiados, emergem, e, como não têm propostas nem projetos, vêm com uma conversa mole que é pura dor de cotovelo (e das grandes): a Dilma não foi eleita, o eleito foi Lula; ela só ganhou graças aos “analfabetos” do Nordeste; se o “coiso” (Serra) não tivesse sido traído pelo Aécio-pó, a “coisa” teria sido bem diferente; e assim, claudicantemente, usam e abusam de esfarrapadas desculpas na tentativa de justificar o injustificável.
Mais recente e recorrentemente, o “lengalenga” e o “nhenhenhem” inconsistente de sempre evoluiu para a tentativa deliberada de criar intrigas, baldear o coreto e semear a discórdia: nem esperaram, por exemplo, que a nossa presidente Dilma sequer tivesse tempo para descansar e se preparar para receber o bastão do Lula em 01.01.2011, e já anunciam (quanta má-fé e desfaçatez) que ela teria se posicionado em relação ao pleito de 2014: vai concorrer, sim, à reeleição.
Se tivessem um mínimo de bom senso e clarividência, os “eternamente do contra” (aqueles, que nunca se reciclaram e que usam uma viseira que os impede de enxergar perifericamente), deveriam saber que em 2014 teremos o retorno do maior presidente que o país da teve, Lula da Silva, para mais oito anos de pujança e crescimento do Brasil, findo os quais, aí sim, convocará Dilma, em 2022, para a reeleição "dela".
A propósito, leiam, abaixo, algo mais ou menos parecido com o que aconteceu aqui; só que com um desfecho educado, humilde, real.
Mirem-se no Obama, otários !!!

José Nilton Mariano Saraiva
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O exemplo de Obama (Zuenir Ventura, O Globo, de 06/11/10)

Ao contrário do Presidiente Obama, que com invejável franqueza aceitou a derrota, confessou-se humilhado e assumiu a responsabilidade pela “surra”, reconhecendo sua culpa, os perdedores daqui estão tendo grande dificuldade de admitir a derrota nas últimas eleições. O chororô comporta todo tipo de alegações para desqualificar a vitória de Dilma Rousseff – algumas até fazem sentido, mas outras são justificativas ridículas, desculpas esfarrapadas.
O candidato José Serra chegou a transformar sua frustração em “vitória estratégica”, mas pelo menos não tentou diminuir o mérito da adversária.
Em compensação, foi estranha a reação de certos dirigentes da oposição e de torcedores inconformados. Houve quem alegasse que “Dilma não se elegeu, foi eleita por Lula”, como se essa simplificação justificasse tudo. E houve quem afirmasse que a candidata do PT ganhou porque os seus 55 milhões de eleitores têm desprezo pelos valores éticos ou, mais precisamente, por terem "assassinado a ética". A disputa teria sido um jogo maniqueísta entre um lado onde só houvesse o bem e outro onde só existisse o mal, com derrota do bem, claro.
Malabarismo maior fez outro observador, ao concluir que a expressiva votação de Serra, somada aos votos brancos, nulos e ao alto nível de abstenção, "deixa clara a insatisfação da maioria do povo não só com ela, mas também com o próprio Lula". Por esse raciocínio, que considera todos esses votos serristas, Serra teria sido o verdadeiro vencedor das eleições, não sua adversária. É o time daqueles que, por não gostarem de Lula, acham um absurdo 80% gostarem. Como pode ser tão popular se eu não o apoio ?
A derrota às vezes não só obscurece a razão como mobiliza baixos instintos, como os dessa tal estudante de Direito Mayara Petruso, de SP, que postou no seu twitter a mensagem racista contra o Nordeste: "Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado." Os ataques de xenofobia da futura advogada — advogada, imagine !!! — provocaram polêmica nas redes sociais e o repúdio da OAB. E a reação bem-humorada de um pernambucano em meio à indignação: "Eles elegem o Tiririca e vêm nos chamar de atrasados”!!!
Em vez de tentar tapar o sol com a peneira, seria mais honesto e realista responder como fez o brasilianista Timothy Power, quando lhe pediram para explicar a vitória de Dilma: "O padrão de vida de muitos brasileiros melhorou nestes últimos oito anos de governo, e as pessoas quiseram uma continuação”.
Ou então se render ao óbvio, como fez Obama, adotando um mea culpa: perdemos porque não soubemos vencer. Simples assim.

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