sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Protestos e Polêmicas Espanholas contra Bento XVI - José do Vale Pinheiro Feitosa

A diversidade religiosa do mundo é um fato a respeito do qual nenhuma religião do mundo pôde nada. O próprio monoteísmo de natureza semito-judáica viu seu leito principal se desdobrar em cristianismos e islamismos. Os tributários cristãos e muçulmanos são tão fortes que geram guerras. Considere-se a sólida tradição Hindu, o Budismo e mais uma leque de opções a oriente e ocidente para que se tenham não uma árvore única, mas diversas sobre o homem e sua cultura.

A religiosidade humana é isso mesmo, um fator do mundo para explicar o mundo. Por isso ela é política, tem espaço e tem tempo. É territorial e cultural. Orientam os costumes, as posturas da humanidade em face uns dos outros. Assim do mesmo modo que bispos católicos conseguiram a voz do Papa Bento XVI para influir nos resultados da disputa eleitoral brasileira, igualmente a sociedade passa a ter o direito de influir sobre as posturas e as decisões da instituição como o vaticano e a pessoa do papa. A infalibilidade, a depender da politização do Papa, se vê atravessada cada vez mais pela polêmica e pelos protestos de natureza política e social.

Agora mesmo o Papado sente na pele aquilo que do trono levou para as ruas do Brasil. Só que agora na Espanha. Antes mesmo de chegar à Espanha que visitará por 32 horas, segundo a BBC Brasil, ela “já vem sendo marcada por protestos e polêmicas.” O pontífice visitará Santiago de Compostela e Barcelona para consagrar o templo da Sagrada Família. Ao invés da unidade que vimos, por exemplo, no tempo das visitas papais de João Paulo II nos idos dos anos oitenta aqui no Brasil: os católicos se dividem entre os que comemoram e os que protestam contra a visita.

Enquanto bispos e organizações comemoram, segundo a BBC “pelo menos 147 instituições católicas condenam a visita e desde quinta-feira, mais de 70 organizações civis já vem realizando protestos.” E o pior os motivos para os protestos: “as posições da igreja em relação a assuntos como o aborto, os gastos com a viagem do papa pelo governo espanhol e a forma como vem sendo apuradas as suspeitas de abusos sexuais atribuídos a sacerdotes católicos são alguns dos motivos que mobilizam os manifestantes.”

Os que protestam consideram a visita como uma tentativa de “mostrar poder e desafiar o Estado perante leis como a do aborto, casamento gay e a futura lei de liberdade religiosa”. Olhem que semelhança com o que se tornou a agenda da campanha da oposição no Brasil. Além do mais tem a questão sensível da pedofilia dentro da igreja, também denunciada na Espanha. A revolta das pessoas afetadas pelo problema é tanta que advogam o “afastamento de Bento 16, considerando-o último responsável pelos crimes”. “Não o único, mas sim o último”. “É preciso que os maiores dirigentes de uma organização claramente piramidal assumam suas responsabilidades, disse à BBC Brasil o presidente da associação Igreja Sem Abusos, Carlos Sánchez Mato”.

A maior prova da politização do pontificado de Bento XVI são as manifestações de organizações não religiosas, que lidam como questões dos direitos homossexuais entre outras e chegaram a pagar um ônibus anti-Papa circulando com cartazes portando frases como “Deus provavelmente não existe. Desfrute a vida. O outro diz Eu não te espero!”Serão realizadas palestras com o título de Santa Máfia: o império econômico da igreja e a distribuição de mais de 30 mil objetos como adesivos, bandeiras e cartazes contra o papa Bento 16.

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