terça-feira, 2 de novembro de 2010

Trocaram os "grotões" pelos "nichos" reacionários - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando a ditadura militar tentava se legitimar numa farsa eleitoral ainda existia coisas que parecem de muitos séculos passados e, no entanto, faz pouco tempo que se foram. Uma delas era a proibição do voto do analfabeto, inclusive o Pelé nas clássicas pisadas de bola nas opiniões andou praticando. O mais que se dizia é que o apoio político da ditadura através da ARENA ocorria pelo voto dos grotões.

Se a disputa viesse para luz dos centros urbanos progressistas o voto virava. Aliás, ao acusar o atraso, os analistas usavam a categoria Nordeste como a viga mestra dele. O Nordeste e os coronéis dos sertões. Todos lembram que o Tasso Jereissati pelo PMDB construiu o discurso da mudança da época por aí.

O problema de algumas análises é se fixarem excessivamente em categorias e não acompanharem as causas e os fatores circunstantes. O Nordeste não tinha nenhum padrão para ser ontologicamente atrasado, com seus centros urbanos também dinâmicos. O problema era outro: a concentração industrial em São Paulo. A exploração do nordestino não só dentro como fora da região.

Agora nestas eleições a burrice de almanaque veio com este papo. Além da dor de cotovelo de alguns paulistas que se julgam roubados pelos nordestinos. Acontece que a grande virada eleitoral na ditadura, aquela que virou o jogo com o PMDB foi a televisão. A propaganda eleitoral foi tão fatal que o Armando Falcão, que era reacionário não por ser nordestino, mas por que o era, criou aquela lei que amordaçou a voz da oposição.

Há de se considerar que vitórias da população brasileira mudaram não só o nordeste como todos os “grotões” do país. Uma delas foi o FUNRURAL criado pelo ditador Garrastazu Médici. O FUNRURAL quando começou a funcionar, deu liberdade às famílias para saírem dos latifúndios, sair do cabresto dos coronéis. Com a educação pública universal, o SUS as coisa vão mudando e os “grotões” deixaram de ser o atraso e transferiu a tarefa para “nichos” reacionários.

Os “nichos” dos privilegiados, que ainda têm a proteção das políticas públicas, universais e nacionais, mas teme uma sociedade de massa. As classes destacadas tendem a deixar de ser classe e se tornar um todo uniforme numa sociedade com justiça social.

Não sou um otimista apenas, existem causas e fatores circunstantes que apontam para isso. Pode não ser exatamente isso, mas aí não tem como adivinhar um meteoro que acabou com os dinossauros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário