sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
2011 FELIZ E PRÓSPERO
Reisado Infantil Dedé de Luna do Muriti (Crato-Cariri-Brasil) - Foto de Júlio César |
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Petrobras lança edital para difusão de música e cinema
Estão abertas até o dia 21 de janeiro de 2011 as inscrições para a seleção pública de Festivais de Música, Festivais de Cinema e Difusão de Filmes do Programa Petrobras Cultural (PPC). O programa reserva um total de nove milhões de reais para serem distribuidos entre as diversas categorias.
A Petrobras quer ampliar o espaço de circulação comercial e cultural da produção artística brasileira, incentivando ações formadoras de novos públicos. Os projetos serão selecionados por uma comissão formada por profissionais ligados à área de música e cinema.
A edição 2011 selecionará projetos de festivais de música popular e erudita, que serão contemplados com total de R$3 milhões. Cada projeto poderá ter valor máximo de R$500 mil.
Em festivais de cinema, que também receberão R$3 milhões, os projetos terão de optar por três faixas de valores: até R$100 mil, R$200 mil ou R$300 mil.
O edital de difusão de filmes de longa-metragem também terá verba de R$3 milhões. Cada projeto inscrito poderá solicitar patrocínio no valor máximo de R$400 mil.
Criado em 2003, o Programa Petrobras Cultural baliza as ações de patrocínio da Companhia em torno de uma política cultural de alcance social e de afirmação da identidade brasileira. É o maior programa de patrocínio cultural do país.
Desde a primeira edição, o PPC já teve sete edições, abrangendo 76 áreas de seleções públicas, destinando R$311 milhões a 1.246 projetos contemplados. Foram mais de 26 mil projetos inscritos, avaliados por 356 especialistas integrantes das comissões de seleção.
As comissões de seleção do PPC são formadas por grupos de profissionais que atuam diretamente nas áreas culturais contempladas pelo programa. Essas comissões são renovadas a cada ano e sua composição busca diversificar os perfis para o julgamento dos projetos, que são selecionados por seu mérito qualitativo.
Serviço:
As inscrições devem ser feitas apenas pela internet, no site www.hotsitespetrobras.com.br/ppc.
Fonte: http://www.vermelho.org.br/
ACONTECEU
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
87,0% - José Nilton Mariano Saraiva
Convém lembrar, só pra refrescar a memória dos adeptos do “príncipe dos sociólogos” que, em igual período (só que de destruição e desgoverno, deixando-nos uma herança maldita) FHC levou o Brasil ao fundo do poço (quebramos três vezes e três vezes tivemos que, de pires na mão, recorrer ao famigerado FMI a fim de conseguir “money” para saldar os compromissos firmados), daí ter obtido magérrimos e humilhantes 26,0% (VINTE E SEIS POR CENTO) de aprovação popular (uma “diferençazinha” de incríveis e humilhantes 61,0%, entre os dois governos).
A diferença básica entre o “nobre” (FHC) e o “plebeu” (Lula da Silva), foi que, enquanto FHC governou para as “(z)elite”, concentrando renda, claramente beneficiando uns poucos e, consequentemente, aumentando o fosso entre os diferentes segmentos da população, Lula da Silva desde o início optou pelo apoio aos pobres e desvalidos, redistribuindo renda e reinserindo-os na sociedade, diminuindo a pobreza e a miséria através de programas sociais sólida e consistentemente estratificados (foram dezenas de milhões que se deslocaram da classe D para a classe C, da C para a B, e por aí vai).
No front externo, o Brasil hoje é reconhecido mundialmente como uma potência emergente (e com a exploração do pré-sal vamos chegar lá, sim), enquanto o próprio Lula da Silva se firmou como um dos grandes estadistas do mundo, a ponto de ser consultado em ocasiões de conflito e dúvidas entre nações.
O reconhecimento da população deu-se da forma mais simplória possível: elegeu, com sobras, a candidata “fabricada” (segundo a “tucanalhada”) por Lula da Silva, Dilma Rousseff (na verdade, o “braço-direito” de Lula da Silva no seu governo), porquanto compromissada com a continuidade, com o apoio aos menos favorecidos, com a reinserção social de milhões de abandonados por FHC (tanto que parte da equipe de Lula da Silva continua com ela).
Primeira mulher a governar um país de dimensões continentais e que flerta com o "crachá" de potencia mundial, Dilma, se fizer o que o seu "mestre" fez,
já estará de bom tamanho.
Mas há espaço prá mais, muito mais. E a mulher já provou que é competente.
Uma provável mensagem (de final de ano) para aqueles que fazem o CaririCult ou aos outros que apenas torcem contra o blogue!
Olhe para todos a seu redor
Olhe para todos a seu redor e
veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos
porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas, coisas e coisas,
mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que
já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais,
e ficado do lado de fora, pois as catedrais que
nós mesmos construímos,
tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos,
pois isso seria o começo de uma vida
larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de
nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes
sorridentes onde se serve
com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar,
mas sem usar a palavra salvação
para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para
não termos de reconhecer sua contextura de ódio,
de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte
para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença,
sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo
o grande medo maior e por isso nunca
falamos o que realmente importa.
Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez
de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para
não rirmos de nós mesmos e para que no
fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo"
Clarice Lispector
(Ucrânia, 1925 - Brasil, 1977)
Oswald Barroso - O desbravador da história popular do Ceará
Se os bandeirantes estiveram a serviço do Rei, Oswald que é de outro tempo esteve a serviço das camadas populares, descobrindo e esculpindo a história do povo do Ceará pisoteada pelas elites econômicas. Entre travessias e encruzilhadas percorreu os 184 municípios cearenses para transformar em arma emancipatória a história e a arte do seu povo.
Alexandre Lucas - Quem é Oswald Barroso ?
Oswald Barroso - É um multi-artista pesquisador que tem procurado se dedicar à causa dos oprimidos, atuando como uma espécie de griô, ou um exu, como queiram, sempre em travessias e encruzilhadas: vendo, ouvindo, sentindo a vida popular, traduzindo estas vivências em formas artísticas, para difundi-las em novos caminhos. Comecei com desenho, pintura e poesia. Depois desenvolvi um bom trabalho como letrista e cheguei mesmo a tentar ser músico. Até que me fixei no teatro e fiz ainda muitos vídeos documentários, chegando mesmo a gravar uma experiência em ficção, O Filho do Herói, para a TV Educativa, atual TVC. Hoje gosto também de fotografar, como uma forma de anotação etnográfica. No teatro, passei 18 anos no Grita, 10 no Boca Rica e agora estou do Teatro de Caretas. Fiz de tudo, trabalhei como ator, diretor, dramaturgo sempre, cenógrafo, iluminador etc. No jornal, fiz reportagem, ensaios e crítica de arte e, na universidade, ensino música nas tradições populares, estética, cultura brasileira e antropologia da arte. Admiro o homem renascentista, que transitava entre artes, saberes e culturas sem a menor cerimônia. Quem sabe estejamos retomando esse caminho.
Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?
Oswald Barroso - Em 1964, depois que um acidente de trânsito encerrou minha carreira de atleta. Eu tinha 16 anos e havia sido convocado para a seleção cearense de vôlei. Uma camionete rural partiu minhas duas pernas, fraturas expostas, e mudou meu destino. Passei mais de um ano acamado e outro ano em tratamento hospitalar no Rio de Janeiro. Foi a oportunidade de conhecer toda a literatura brasileira, principalmente a poesia, e muito do modernismo europeu. Eu lia, escrevia e desenhava sem parar. No Rio de Janeiro, onde passei o ano de 1965, entre uma internação e outra no hospital, freqüentei a vida cultural da cidade: museus, bibliotecas, cinemas, shows, festivais. Voltei muito informado à Fortaleza. Já em 1966, no Colégio São João, me liguei ao grêmio e formamos um grupo de estudos marxistas. No ano seguinte, descobrimos articulações com o pessoal de esquerda, não só com o movimento estudantil, mas com o movimento popular, pescadores e operários de fábrica, no caso, porque eram eles que a gente queria retratar em nossa arte.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?
Oswald Barroso - No início por influência do meu pai, poeta modernista, que colocou meu nome em homenagem a Oswald de Andrade, foram os poetas modernistas brasileiros: o próprio Oswald, Mário, Carlos Drummond, Vinícius de Morais, Manoel Bandeira, Solano Trindade, com destaque João Cabral (considero Morte e Vida Severina o maior texto dramático brasileiro), os cearenses, principalmente: Antônio Girão, Aluízio Medeiros e Jáder de Carvalho. Entre meus professores: André Hagüette, Francisco Alencar e Diatahy Bezerra de Menezes. Entre amigos de geração, parceiros, me influenciaram diretamente: Adriano Espínola e Rosemberg Cariry. Dos romancistas e intelectuais brasileiros: Graciliano Ramos (à lucidez de quem atribuo ter sobrevivido às torturas, pois graças à leitura de Memórias do Cárcere nas vésperas da prisão tive um comportamento adequado.), Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Darcy Ribeiro. Mas também: Gregório de Matos Guerra. Entre os latino-americanos: Gabriel Garcia Marquez, Eduardo Galeano, Ciro Alegria, Juan Rulfo, Jorge Luis Borges etc. Teatrólogos: Brecht, Meyerhold, Maiakóvski, Gorki, Peter Brook, Ariane Mneouchkine, os teatros tradicionais de modo geral etc. Mestres tradicionais: Sebastião Cosmo, Aldenir Callou, Manoel Ramos, Manoel Torrado, Biu Alexandre, Apolônio Melônio, João de Cristo Rei etc. Ainda: Joseph Campbell, Iung, Levi Strauss, Fritjof Capra. E mais: Van Gogh, Picasso, Portinari, Glauber Rocha etc.
Alexandre Lucas - Como você vê a relação entre arte e política?
Oswald Barroso - Se a gente fala de política no sentido de que “o homem é um animal político” (nesse sentido, aliás, todo animal é político, porque disputa território), então a política sendo uma dimensão do humano é, por consequência, uma dimensão da arte. É inquestionável que toda obra artística, sendo expressão do ser total, que por isso mais que qualquer outra manifestação do espírito humano implica subjetividade, traz em si uma visão de mundo expressa pelo autor e lida de algum modo pelo receptor. Arte sem significado, sem posicionamento sobre a realidade, sem tomar partido, não é arte, está mais para enfeite, arabesco, confeito e olhe lá.
Alexandre Lucas - O que é arte engajada para você?
Oswald Barroso - Pra mim, portanto, toda arte é engajada. Agora o artista escolhe em que causas engajar sua arte. Hoje, a maioria prefere engajar em campanhas comerciais. Vender o laptop da Xuxa, o tênis da Adidas e outros produto tais, como nas novelas e nos especiais de Natal da Globo. Mas uns preferem engajar em campanhas de caridade, outros em campanhas de saúde pública, usar camisinha, ou de incentivo ao pagamento de impostos etc. Alguns em campanhas de conscientização política, como os CPCs da UNE, ou o Teatro do Oprimido do Boal. Outros ainda em campanhas eleitorais para determinados candidatos. Outros, pelo contrário, em mostrar que a arte é biscoito fino para poucos eleitos e não diz respeito às massas, por isso deve ser financiada pelo governo. Aqueles mais conscientes, neste último caso, se contentam com a compra de suas obras por milionários. E assim vai. Cada um escolhe seu engajamento.
Alexandre Lucas - Qual o papel social do artista?
Oswald Barroso - Nas sociedades paleolíticas todas as pessoas fazem arte. Entre os índios brasileiros, por exemplo, isto acontece, e é muito bom. Não se distingue o artista. No neolítico aparece o artista, como artífice. É quando a arte se distingue entre os outros ofícios. Aparecem as várias artes de ofício. O papel do artista, então, é trabalhar para a sociedade, atender a demanda da sociedade. Penso que este deve ser seu papel social até hoje, o de um trabalhador para o bem da sociedade, ou seja, atender à demanda social. Agora, ele deve saber para quem trabalha. Se para o Rei, como os atores da comedia del’arte, ou para o populacho, como os jograis e saltimbancos? No caso, se para os empresários e banqueiros, ou para o povo e os movimentos populares? Eu gosto muito de trabalhar para os assentados (como fiz no projeto sertão da tradição), as dramistas (como no projeto dramas do litoral leste), os romeiros, os sem-terra, os sem-teto etc., mas trabalho também para algumas editoras ou instituições públicas, que não me cerceiem a liberdade de expressão. Quase sempre trabalho sob demanda. Por minha iniciativa mesmo tenho trabalhado pouco. Falta tempo, embora não falte planos.
Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?
Oswald Barroso - Acho que tenho contribuído para dar visibilidade à cultura popular do Ceará, principalmente aos reisados e às romarias, mas também ao artesanato. Isso não é pouco ao se levar em conta que a elite do Ceará, especialmente, sempre deu às costas ao seu povo. Quando eu nasci, nossa elite ainda estava no auge de uma cruzada para “civilizar” o Estado, lutando para fazer desaparecer tudo quanto é traço de cultura indígena e africana do nosso cotidiano. Esse horror ao popular ainda é muito forte na Fortaleza do Leste, que se espelhava em Londres e Paris, depois em Miami e agora em Dubai (embora ainda haja quem vá à Disney). No teatro, tenho tentado mostrar que temos referência para construir uma linguagem cênica nossa, original, sem copiar o estrangeiro ou o sul maravilha.
Alexandre Lucas - Você deu uma grande contribuição para a pesquisa científica no processo de redescobrimento, registro e discussão sobre as manifestações da “cultura do povo”no Estado do Ceará ?
Oswald Barroso - Tenho muitos motivos de orgulho na vida, um deles é ser doutor em reisado e outro é ser cidadão honorário de Juazeiro do Norte. Já viajei por todos os 184 municípios do Ceará, vários distritos e inúmeras localidades de muitos deles. Dezenas, visitei várias vezes. Outros, dezenas de vezes, como Juazeiro do Norte. Nestas pesquisas, o que eu fiz foi ouvir histórias. Eu sempre viajei para colher boas histórias. Não eram pesquisas científicas propriamente ditas. Não acredito em ciência objetiva, em conhecimento objetivo. Trabalhei inicialmente como repórter de O Povo. Vivia viajando por Fortaleza, desde o centro até a periferia, e pelo interior do Estado, entrevistando gente, colhendo boas histórias e dando a elas a forma da minha arte.
Depois inventei de ser pesquisador, trabalhando na Secult e, em seguida na Universidade, onde continuei fazendo o mesmo, colhendo mitos, lendas, histórias de trancoso, de mistério, do arco da velha, de lutas populares, de assombração, dramas pessoais, aventuras, poesia que eu via, ouvia, imaginava, vivia. Às vezes, essas histórias eu resolvia viver eu mesmo, me aventurava, para depois escrever, desenhar, reviver. Vivenciei muitas das peripécias que conto. É bom porque a gente não perde um detalhe. Almanaque Poético é um livro assim.
Alexandre Lucas - O que representou e representa para você o trabalho de pesquisa?
Oswald Barroso - É uma forma de viver, uma razão para caminhar, a busca de um mistério, a tentativa de compreender o mundo ou talvez apenas de viver de uma maneira desafiadora e prazerosa.
É também a fonte de toda a minha criação e imaginação. Nenhuma imaginação solitária é mais poderosa do que a imaginação do inconsciente coletivo.
Alexandre Lucas - Fale dessas pesquisas?
Oswald Barroso - Embora já conhecesse a cultura popular desde menino, da feira do Ipu, onde eu passava as férias, e da periferia do grande Recife, onde vivi na clandestinidade, foi numa romaria ao Juazeiro do Norte que se deu meu grande alumbramento. Daí começaram as pesquisas sobre os mistérios do povo romeiro: cordelistas, xilógrafos, imaginários, profetas, beatos, conselheiros, cantadores, mestres de reisado, santos etc. Aprendi que há uma religião que não é o ópio do povo mas que é dele, nascida de sua alma e por seu espírito alimentada e passei a querer desvendar sua lógica e seus mistérios. Participei de pesquisas seguidas: Artesanato Cearense, Literatura de Cordel, Reis de Congo e Reis de Bailes, Caminhos de São Francisco, Atlas da Cultura Cearense, Festas Populares do Ceará, Memória do Caminho, Sertão da Tradição, Terreiro da Tradição, Mãos Preciosas, Dramas Populares do Litoral Leste, Reis Assentados, Guia Turístico do Ceará, Máscaras Brincantes etc. Como jornalista, escrevi mais de 400 textos, entre artigos e reportagens, a maioria dos quais versando sobre assuntos da cultura cearense. Uma parte das histórias colhidas ainda não foram processadas e outra parte, mesmo transfiguradas, ainda não foram publicadas.
Alexandre Lucas - Como você analisa a nova conjuntura para as políticas públicas para cultura no país?
Oswald Barroso - Penso que os pontos altos do Governo Lula foram as políticas externa e cultural. Gilberto Gil incluiu o Brasil e sua diversidade cultural na ação do Minc., além de solidificar uma prática de editais. Juca foi adiante e queria modificar a Lei Rouanet, assim como a Lei de Direitos Autorais. A nomeação da nova Ministra da Cultura Ana Holanda foi uma reivindicação da elite do Rio-São Paulo que se opõe a esse caminho. Ela surge como representante do pessoal que quer um ministério para os artistas midiáticos e para a indústria cultural. Em compensação, acabo de saber da nomeação do Francisco Pinheiro para a Secult Ce., fato que aponta em sentido contrário, ou seja, para uma política de cultura ampla e diversificada.
Alexandre Lucas - Nas sociedades primitivas a arte não se separava da vida. Você acredita na necessidade deste reencontro arte-vida?
Oswald Barroso - Com certeza, penso que caminhamos para um novo projeto civilizatório onde não apenas a arte se desfragmente, refundindo-se em suas diferentes linguagens, como se reintegre à vida, de tal modo que desapareça, até mesmo, a palavra arte, porque tudo será arte. Como fazem os índios, que dedicam a vida, integralmente, a encher de beleza o universo.
Alexandre Lucas - Qual a importância dos Coletivos de artistas dentro da produção estética e artística?
Oswald Barroso - É total, porque os grandes movimentos artísticos, a melhor arte, embora haja o talento individual, sempre é produção da coletividade. As grandes escolas, os grandes estilos, as grandes criações, o grande saber, o grande fazer artístico é coletivo. O gênio só brota no coletivo. O talento individual precisa de terreno propício para florescer. Nas culturas tradicionais isto é muito evidente.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Programa COMPOSITORES DO BRASIL - Rádio Educadora do Cariri
Acorda o sono nestes tristes vales
Ecos de um clamor medonho
Desce lá da serra
E estremece tudo por aqui
São os curumins as mães os pais
Dos velhos cariris”...
(Triste Vales, Zé Nilton)
COMPOSITORES DO CARIRI
Texto de Carlos Rafael Dias
A música do Cariri cearense ecoa desde os tempos remotos. Os indígenas cariris, primeiros habitantes deste torrão, eram genuínos músicos. Este legado vem se perpetuando na musicalidade regional dos herdeiros da tribo, misturado aos sons que aqui chegaram com os estrangeiros da época da colonização às últimas novidades sonoras trazidas pelas mídias contemporâneas. Entre as maviosas notas que soam do rústico pife de taboca sob a marcação ritual dos tambores afros, entrelaçam-se os acordes dissonantes do violão bossanovista e os solos distorcidos das guitarras roqueiras.
Mas a música caririense tem um algo mais. Talvez um atrativo que combina o aroma acentuado do pequi ao gosto raro do buriti. Talvez seja o lendário canto da Iara que guarda as fontes de águas cristalinas das encostas serranas, fisgando corações românticos como o visgo que pega passarinho.
Na obra dos compositores caririenses, ouvidos atentos podem captar muito mais do que os poucos minutos de cada canção. Nela podem ser ouvidos os ecos de quatrocentos anos de história, onde as lendas se confundem com a epopéia dos homens que traduzem suas vidas em um espetáculo diuturno de fé, coragem, esperança, trabalho e muita arte.
Aqui, todos os sons se fundem. O canto da cigarra prenunciando inverno bom. O sino da igreja chamando os fiéis. A velha amplificadora irradiando as boas novas para além do perímetro urbano. A banda de música animando os eventos, percorrendo ruas ou fazendo tremer os coretos. O burburinho da feira com seus artistas mambembes. Serestas e seresteiros sempre vivos enquanto existir um coração apaixonado...
O programa Compositores do Brasil, desta quinta-feira, 30 de dezembro, presta uma homenagem aos compositores caririenses ciente de que importantes nomes da música regional foram omitidos. Mas o leque sonoro abordado é por demais representativo do ecletismo regional. Para degustar plenamente o programa, recomenda-se, se puder, que se deite em uma rede em uma varanda com vista para o vale, deixando a brisa serrana espantar o calor deste ano que se finda...
É apenas um pequeno mostruário, pois o espaço é pequeno para tamanha grandeza.
Na sequencia:
O Poeta, de Abidoral Jamacaru e Xico Chaves, com Abidoral Jamacaru
Levada de Coco, de Francisco Saraiva, com Herdeiros do Rei
Galope Diferente, de Jonteilor, Cícero Brasil e Edvânio Nobre, com Jonteilor
Cantoria de Reis, de Antonio Queiroz e Júnior Boca, com Dr. Raiz
A Pressa, de Igor Arraes, com a banda Nacacunda
Calar o amor, de Leninha Vaz, com Leninha Vaz
Amor Beato, de Zé Nilton e Francisco Sávio, com Zé Nilton e João do Crato
Tambores e Maracás, de Lifanco, com Lifanco
Flor do Mamulengo, de Luís Fidélis, com Luís Fidélis
Terras Brasileiras, de Pachelly Jamacaru e Marcus Vinícius, com Pachelly Jamacaru
Pra Cantar o Amor Distante, de Cleivan Paiva e Rosemberg Cariry, com Cleivan Paiva
Venham Ver as Belezas do Crato, de Correinha, com Correinha
Chuva de Janeiro, de Geraldo Júnior, com Geraldo Júnior
Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Telefone: (88)3523-2705
Todas as quintas de 14 as 15 horas
Pesquisa, produção de Carlos Rafael
Apresentação de Carlos Rafael e Zé Nilton
Operador high tech: Iderval Dias
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga
Manuscrito medieval com lendas de rei Artur será leiloado
Reprodução Mulher no lago na imagem à esquerda e à direita detalhes mais específicos |
Trata-se do maior romance de cavalaria escrito na Idade Média e seus temas - amizade, traição, ambição, façanhas e amores trágicos - formam a base de boa parte da literatura moderna.
As histórias da busca do Santo Graal, do rei Artur e sua corte de Camelot, e o romance de Lancelot, um dos Cavaleiros da Távola Redonda, com a rainha Genebra, deleitaram gerações de leitores e inspiraram algumas das melhores histórias contemporâneas.
O The Rochefoucauld Grail também impressiona por seu volume e pelas 107 ilustrações que acompanham os textos, consideradas verdadeiras obras-primas.
O romance descreve cenas de torneios e batalhas, aventuras dos nobres e provas de força e coragem.
O manuscrito foi produzido em Flandres ou em Artois entre 1315 e 1323 possivelmente por Guy VII, barão de La Rochefoucauld e membro de uma das famílias aristocráticas mais destacadas da França e representante em Flandres do rei Felipe V da França.
Os três volumes foram comprados por Sir Thomas Phillips (morto em 1872), possivelmente o principal colecionador moderno de manuscritos medievais e, depois disso, foi vendido mais duas vezes.
A Sotheby's espera que o romance seja arrematado por entre 1,5 milhão e 2 milhões de libras (entre US$ 2,4 milhões e US$ 3,2 milhões).
Fonte: http://www.estadao.com.br/
Adeus ou Até logo ?
A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que encerra oito anos de governo com 87% de aprovação, é a maior do mundo, afirmou nesta quarta-feira (29) o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade.
Segundo Andrade, Lula está à frente da ex-presidente chilena Michelle Bachelet, que tinha 84% de aprovação quando deixou o governo, e do ex-mandatário uruguaio Tabaré Vázquez, que teve 80% ao final do mandato.
O presidente da CNT também comparou o desempenho de Lula com líderes mundiais históricos, entre os quais o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela (82% de aprovação), o ex-presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt (66%), e o general francês Charles De Gaulle (55%).
Andrade não especificou a fonte dos dados mundiais divulgados por ele nem se a metodologia dos outros países é comparável à da CNT/Sensus.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), antecessor de Lula, tinha 26% de aprovação após dois mandatos, segundo levantamento da CNT/Sensus de 2001.
Levantamento
A avaliação da popularidade de Lula divulgada hoje é resultado da 110ª edição da pesquisa CNT/Sensus, para a qual foram entrevistadas duas mil pessoas, em 136 municípios de 24 estados, entre os dias 23 e 27 de dezembro de 2010. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo o levantamento, a aprovação do desempenho pessoal do presidente está em 87%, contra 80,7% da pesquisa anterior. Cerca de 10,7% dos entrevistados desaprovam o presidente e 2,4% não responderam.
A pesquisa da CNT/Sensus traz também a opinião dos entrevistados em relação à situação de emprego, renda mensal, saúde, educação e segurança pública nos últimos seis meses e as expectativas a respeito dos mesmos temas para o próximo semestre.
O CONCERTO
"Le Concert" (no original) é uma co-produção entre Bélgica, França, Itália, Romênia e Rússia. Possui direção de Radu Mihaileanu e duração de 119 minutos.
Fonte: http://cafehistoria.ning.com/
Quem não gosta de cinema?
Lembrei-me que ainda no ano passado a Socorro Moreira me enviara, com recomendações, o link de um site sobre cinema e que perdi nas pastas do meu computador. Hoje, redescobri-o e por considerá-lo de grande valor para todos, estou postando o enderêço e a apresentação com o e-mail do autor.
Sobre o site
70anos de cinema, ao contrário da grande maioria dos sites sobre a Sétima Arte, cujas construção e manutenção são realizadas por uma equipe de profissionais, é o resultado de um trabalho individual iniciado em 2003 como um simples passatempo e, principalmente, sem qualquer interesse comercial.
Inicialmente denominado “60 Anos de Cinema” e completamente desconhecido do público que navega pela Internet, o site “estourou” em junho de 2007, àquela época já com a denominação de “65 Anos de Cinema”, ocasião em que ocorreram mais de 90.000 acessos em um único mês, com mais de 5.000 visitas em um só dia, feitas a partir de cidades dos 5 continentes.
Embora me considere um cinéfilo, devo esclarecer que não tenho qualquer formação nas áreas de cinema e jornalismo. Ao contrário, iniciei minha vida profissional como engenheiro de Estradas e a conclui numa grande multinacional da área de petróleo, para a qual trabalhei por 38 anos, dos quais os últimos cinco, já aposentado, executando trabalhos de consultoria e projetos.
Voltando ao site, tudo começou ainda em criança, quando passei a anotar em cadernos escolares todos os filmes que assistia. Anos mais tarde, por várias vezes tentei jogá-los fora, mas alguma coisa me impedia de fazê-lo. O advento do computador pessoal me possibilitou passar todo o conteúdo dos tais cadernos para bancos de dados, inicialmente utilizando o dBase III e, mais tarde, o Access. Por outro lado, a chegada da TV a cabo no Rio de Janeiro me possibilitou rever filmes antigos e, com isso, acrescentar informações adicionais aos bancos de dados que não paravam de crescer.
Hoje em dia, meu computador tem uma mega capacidade, só para guardar todas essas anotações. Como dito acima, a idéia de desenvolver este site surgiu em 2003, aproveitando todas as informações garimpadas ao longo de tantas décadas. Este projeto tem previsão de conclusão para 2011 ou 2012, quando deverá conter mais de 3.200 páginas de filmes totalmente desenvolvidas, com cerca de 19.000 fotos, 2.500 trechos de trilhas sonoras e 4.500 videoclipes. Como curiosidade, em dezembro de 2009, achavam-se cadastrados os 471 filmes por mim assistidos e que constam do livro "1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER".
Gostaria de reafirmar que o presente site:
• não envolve qualquer interesse comercial;
• seu desenvolvimento é um mero passatempo para mim;
• seu conteúdo é formado unicamente por filmes por mim assistidos.
Finalmente, devo dizer que não fazem parte do escopo deste trabalho a relação e cadastramento dos seriados e documentários por mim vistos ao longo de minha vida.
Atenciosamente,
Carlos Augusto de Araújo
| contato@70anosdecinema.pro.br |
PENSANDO ARTES CÊNICAS
Sobre “sogras” – José Nilton Mariano Saraiva
02) ZÉ E A SOGRA - A sogra do Zé morre e ele vai trabalhar como se nada tivesse ocorrido. Em lá chegando, um colega pergunta: - E aí, não vai ao enterro da velha, não ??? E ele: - Eu não! Quem enterra merda é gato!
03) O ENTERRO DA SOGRA - Um sujeito ia andando pela rua, e viu um cortejo fúnebre. Logo algo chamou sua atenção. Atrás do caixão, como acompanhantes, uma fila quilométrica, e só de homens, o primeiro deles a puxar um cachorrinho. Então, ele dirigiu-se até o próprio e perguntou: -O que aconteceu, amigo ??? O homem responde: -O cachorro matou minha sogra. Logo ele se anima, e pede: -Você empresta esse cachorrinho pra mim ? O homem retruca: - Tudo bem. Só que você vai ter de entrar nessa “filazinha” aí atrás.
04) AJUDA À SOGRA - A sogra do seu Epaminondas, enclausurada no quarto do apartamento localizado no 40º andar do prédio, endoidou de vez e se debatia querendo pular da janela. Então, ele usa o telefone para pedir ajuda. Do outro lado da linha uma senhora atende: - Alô, em que posso servi-lo??? E o Epaminondas: -Por favor, socorro, me ajudem, a minha sogra quer pular do prédio, aqui do 40º andar. A velha senhora responde: -Eu acho que o senhor errou o número, aqui é da carpintaria. - Eu sei, eu sei, é que a “porra” da janela não abre de jeito nenhum. Será que vocês não poderiam quebrar esse galho, urgentemente ???
05) A SOGRA E A TV - Um rapaz carregando duas televisões encontra um amigo que lhe pergunta: - Pra quê dois televisores, ó bichão ??? O rapaz lhe responde: - É que minha sogra disse que daria meia vida por uma televisão...
06) SOGRA TRABALHOSA - Um cara chega ao bar todo machucado e estropiado e em questão de minutos bebe uma cerveja; duas; três. Aí chega um velho amigo e lhe pergunta: -Mas o que lhe aconteceu, Aderbal ? Você está todo machucado, com arranhões e hematomas pelo corpo todo. -É que eu acabei de sair do enterro da minha sogra. -E isso é motivo para você estar assim, todo estropiado? -É que ela não queria entrar no caixão.
07) A SOGRA E O VINHO - A sogra para ser boa tem que ser igual às melhores safras de um bom vinho: viver num porão escuro, deitada, toda empoeirada e com uma rolha na boca.
08) SOGRA MAL AMADA - Viajando pela Europa, aquele importante industrial recebe um telegrama de seu sócio: -Lamento informar que sua sogra faleceu. O que devemos fazer: enterrá-la ou cremá-la? Ele mandou a resposta: -As duas coisas – creme e enterre - não podemos facilitar com esse tipo de verme.
09) AGRESSÃO Á SOGRA - O homem explica ao delegado o drama que viveu: -Pois é doutor, minha mulher insistiu para que eu levasse minha sogra às compras. Eu estava caminhando a pé com ela, numa travessa pouco movimentada quando apareceu esse rapaz, que deve ser um drogado ou vândalo e começou a bater na coitada da minha sogra, sem qualquer motivo aparente. Ele bateu até minha sogra cair no chão e mesmo com ela caída continuou chutando! -O rapaz estava armado??? -Não, doutor! -Era forte??? -Até que era meio raquítico, mas minha sogra já é idosa! -Eu não consigo entender, disse o delegado, indignado, como é que o senhor, ao ver um homem agredindo a sua sogra, pôde permanecer de braços cruzados! -Pois é, doutor! Eu até que estava com vontade de fazer alguma coisa, mas... -Mas, o quê??? –Achei que dois homens batendo numa velhinha seria muita covardia!
10) A SOGRA E O MILAGRE DA RESSURREIÇÃO - O marido ganhou (num sorteio) três passagens para Jerusalém. Pediu alegremente à mulher para arrumar as malas e ligou para convidar a mãe dele para ir junto. E aí começou uma discussão. A esposa preferia levar a mãe dela. Discussão vai, discussão vem, no fim da briga o barriga-branca concordou em levar só a sogra (a mãe dela). Em Jerusalém, visitando o local onde Cristo foi enterrado e ressuscitou, a sogra se emocionou demais, passou mal e rapidamente faleceu. O marido perguntou quanto custava o enterro em Jerusalém, e lhe disseram que seria o equivalente a mil reais. Perguntou quanto custava mandar o corpo para o Brasil e soube que, com transporte aéreo e tudo, ficaria por vinte mil reais. O marido decidiu então mandar o corpo para ser enterrado no Brasil. Os judeus e a própria esposa ficaram por demais surpresos com tal decisão. Mesmo assim arriscaram perguntar: -Por que mandar para o Brasil, se é 20 vezes mais caro? O marido respondeu: -Tenho muito receio. Aqui em Jerusalém vocês já tiveram o caso de alguém que morreu e ressuscitou. Prefiro não arriscar.
Qualidade musical - Emerson Monteiro
Ainda bem que, hoje, vistas as facilidades oferecidas pela Internet, podemos ouvir e gravar todo o universo das produções que ficaram para trás. Mas a relação desses 50 álbuns da Folha de S. Paulo serviu para mostrar o quanto a música popular brasileira mudou, com relação ao que se ouvia há bem pouco tempo. Na lista, aparecem cantores e ritmos variados, nos estilos axé, sertanejo, brega, revelações, samba, reggae, bahia, rap, rock, que fizeram, e talvez ainda façam, a cabeça dos apreciadores, sem, contudo, afagar no mínimo os brios de quem adota o formato tradicional ou as harmonias menos apelativas que vieram depois.
Sei, no entanto, que a música representa a trilha sonora das gerações, por isso o instinto da particularidade, o gosto só pessoal. Existem aqueles que classificam as produções musicais em dois blocos, o das músicas de que gostam e um outro, o das que não prestam. Contudo nada é bem assim, pois seria apenas preconceito, discriminação de gerações.
Num ângulo menos drástico, porém, o olfato auditivo classifica o que toca o coração e sabe por instinto distingui as peças que mais parecem barulho gravado em disco mais para tocar nos fundos de carro e nos bares zoadentos, sem o devido respeito ao gosto de quem quer paz. Ninguém possui ouvido absoluto, entretanto ruído e música se distinguem numa classificação de ritmo, harmonia, sensibilidade auditiva, efeitos ambientais, respostas coletivas. Estudos indicam até que as crianças no útero materno, as plantas e os animais respondem aos estímulos musicais.
Wladimir Lênin, dos principais comandantes da Revolução Russa de 1917, num dos seus livros, afirma que a Estética será a Ética do futuro, o que vale dizer que o belo traz regras fortes à vida, ao ponto de determinar, no gosto que reflete, a sobrevivência de valores e preservação da ordem social. As vivências do que é belo intuem no cidadão o seu código de existência, aumentando-lhe o próprio ordenamento, seja na família, nas instituições e em si próprio.
A boa qualidade artística dos tempos, em si, faz a história das sociedades e o grau de maturidade com que trata as oportunidades. Épocas e sociedades têm sua música que fala do inconsciente coletivo dos que ali vivem, portanto.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Hábitos bons - Emerson Monteiro
Educar diz bem o que isso representa em termos de transformação individual numa pessoa. Saber pensar formas convenientes de crescimento, abrindo espaços a mudanças de mentalidade, desenvolve as chances para construir os alicerces do futuro promissor, na criança, no jovem, no adulto, e marca pontos no progresso dos países. Enquanto, sobretudo os jovens, precisam adquirir o hábito de valorizar o seu potencial através do estudo, fugindo das drogas, dos costumes nocivos, os adultos necessitam praticar o que aprenderam na existência, dando forma aos projetos de ensinar pelo exemplo todos os seus praticados.
As metas de alterar a cantiga da história em favor dos ensinos renovadores percorrem, pois, as escolhas particulares das pessoas. Desejar o que é bom, sem exercitar a prática correspondente, nada acrescenta à herança que deixaremos aqui neste chão. As grandes safras passam pelas mãos dos que possuem vontade, coragem, disposição de transformar o quadro das épocas que viveram, dotadas dos firmes propósitos de mostrar serviço naquilo em que participaram.
Quantos hábitos bons aguardam a aceitação interna dos individuais, para o fim de acrescentar paz, saúde, progresso, a este nosso mundo ainda em fase de elaboração, o qual todo dia fornece a matéria prima de projetos válidos onde há vagas para quem quiser chegar e trabalhar.
Enquanto isto, os primeiros passos pedem visão e discernimento dos operários do porvir humano. O lado que ama sempre consegue mais em termos de reverter longas esperas de desânimo. Agir com o querer da religiosidade natural, viajar dentro dos sonhos das melhores coisas e serenar a consciência e produzir valores que tragam resultados afirmativos. Deste modo, um começo de ano apresenta o sabor das sementes doces a serem plantadas nas 365 folhas brancas, abertas para preenchimento ao gosto dos autores desse outro calendário que logo mais se inicia.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Dilma recebe um Brasil melhor
Uma interrogação acelerada - Emerson Monteiro
Para imaginar o nível de seriedade do assunto, vale dizer que uma capital do porte de Recife, exemplo aqui perto, também no Nordeste, recebe hoje, a cada dia, o número médio de cem novos veículos, despachados ao burburinho da metrópole de si já saturada dos mais diversos desafios atuais.
Essa civilização do petróleo, grosso modo, impõe regras extremas de obediência aos mercados de sua órbita, através das cláusulas inegociáveis do poder soberano. O carro é a estrela principal da festa, pois gera divisas e paga impostos, contudo reclama longos e intermináveis caminhos asfálticos (o que, só no Brasil, significa 62 mil quilômetros de rodovias federais), além das ruas largas e avenidas de muitas pistas, exclusivo monitoramento através de pessoal técnico, enquanto as políticas oficiais ignoram construção e ampliação das estradas de ferro jogadas no ostracismo.
O tal mundo capitalista ocidental, portanto, aceita bem sobreviver sobre automóveis qual inexistisse alternativa de locomoção. E outras matrizes energéticas são pouco consideradas, a não ser o combustível ora utilizado. Espécie o sistema refreia o avanço das outras energias. As energias solar, hidráulica, elétrica arrastam passos, contidas na ausência quase absoluta de pesquisas ou financiamentos.
Há notícias de iniciativas que, logo consideradas, sumiram como por encanto, na experiência do carro a água, do carro elétrico, este que, por sua vez, só de longe parece despontar nas ilhas japonesas. Tentativas de transportes coletivos movidos à energia solar, ou elétrica, saíram das cogitações. Há estudos, inclusive, de transportes desenvolvidos à base de oxigênio, sem merecer, na obtusidade do trato industrial, maiores possibilidades, ainda em fase preliminar pouco levada a efeito, ou eliminada nos primórdios.
Durante a espera de soluções ao grave enigma de quilométricas distâncias, metrópoles e modelos econômicos, prenuncia-se temporada ativa de caça à genialidade dos tempos, com vistas inventar as respostas coerentes do confronto homem versus automóvel, embate que, até agora, dá vantagem ampla às máquinas superaquecidas.
Viagem ao rio da infância - Dimas Macedo
Umas férias merecidas, sorvendo a cultura e a linguagem de velhas cidades européias, deixam no espírito, na imaginação e na memória algumas efusões que dificilmente se apagam nas nossas retinas fatigadas.
Hoje, treze de dezembro, estou de retorno da bela cidade de Le Havre, situada na região da Normandia francesa, bem no encontro do estuário do Sena com o Canal da Mancha.
A minha condição de professor convidado da Universidade de Le Havre, onde ministrei conferência sobre o processo eleitoral e os valores da democracia brasileira, me faz pensar na recompensa que a vida nos dá a cada instante.
O que quero registrar nesta crônica, contudo, é o impacto que essa importante cidade portuária exerceu sobre mim, sobre a minha visão e a minha sensibilidade de artista e de viajante.
Enfrentei uma tempestade de neve, há três dias, quando desembarquei em Paris, vindo da Alemanha, mas em Le Havre a temperatura se fez mais generosa com a minha condição de nordestino, acostumado com o calor dos trópicos e com o clima ameno que somente o Ceará sabe transmitir a seus filhos.
Em Le Havre, assim como na França e em toda a Europa, as condições de vida das pessoas são muito diferentes daquelas em que vivem os nordestinos e muitos habitantes do interior do Brasil.
A mente humana aqui foi libertada do processo de escravidão social e do processo de dependência política que vinculam muitos cearenses à manipulação dos seus representantes políticos.
Em qualquer parte do mundo aonde esteja, sempre me vem ao baile das lembranças os encantos da terra onde nasci e assim também o traço natural e a cultura do nosso querido Ceará.
Navegando sobre as águas do Sena, em Paris, ou contemplando o estuário do Sena, em Le Havre, o que me vem à mente, de plano, é o Rio Salgado e a sinuosidade das águas da infância; o que se impõe no percurso da lembrança é o retrato da velha cidade onde nasci.
Lavras está em todas as cidades pelas quais passei em todos em dias de viagem: assim em Londres, como também em Bruges, Amsterdam, Paris, Bruxelas ou Colônia.
É como se o mapa mundi fosse povoado de saudades e lembranças que se deixam gravadas no recesso do sonho. É como se o Reno, o Tâmisa e o Sena refletissem a brisa serena do Salgado, o mais doce de todos os rios que os meus olhos não se cansam de ver.
Paris, 13.12.2010
Ave símbolo da preservação
Pássaro de rara beleza, o Soldadinho-do-Araripe indica onde há fontes naturais. Porém, está em risco de extinção
O Soldadinho-do-Araripe não recebeu esta denominação por acaso. A ave mais ameaçada de extinção do Ceará foi descoberta há 14 anos, completados no último dia 10. Deverá receber no próximo ano um ambiente protegido, por meio da criação de uma Unidade de Proteção Integral. A luta para a sobrevivência da espécie rara depende agora de conservar o seu habitat, que se traduz consequentemente em preservar as fontes naturais e o único trecho de mata atlântica da região do Cariri, nas áreas de encosta da Chapada do Araripe entre os Municípios de Crato, Barbalha e Missão Velha.
E o presente para a natureza e para esta ave parece estar mais próximo. A novidade foi que este mês a região recebeu a visita de técnicas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). O objetivo foi verificar “in loco” as condições para que seja efetivado o desenvolvimento do projeto de criação de uma Unidade de Conservação que abranja a área onde se concentram as principais fontes de água. Nesses pontos o pássaro costuma se fixar e as fêmeas verde-oliva fazem seus ninhos. O macho da espécie se diferencia pelas cores preta, vermelha e branca.
Primeira aparição
O Soldadinho-do-Araripe foi visto pela primeira vez em 1996, pelos biólogos Weber Girão e Artur Galileu de Miranda Coelho, professor da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). Dois anos depois foi descrito cientificamente com o nome de Antilophia bokermanni. Os trabalhos de pesquisa começaram a ser feitos por meio da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), de Caucaia, com projeto aprovado junto à Associação de Aves de Pernambuco e à Fundação Boticário.
Um novo levantamento das espécies foi concluído recentemente pela Aquasis, que fixou base na região, com a finalidade de dar maior profundidade às pesquisas sobre a ave e atuar no processo de preservação. O terceiro estudo, desde o lançamento do primeiro plano de conservação, em 2007, aponta o tamanho populacional do Soldadinho. A nova pesquisa foi realizada nas fontes de água onde o pássaro se concentra.
De acordo com o pesquisador e descobridor da espécie, que atualmente reside no Cariri, Weber Girão, houve uma ampliação no número de fontes pesquisadas na Área de Proteção Ambiental (APA). A elevação no número de fontes foi de 60% para 93%. Dessas áreas foram enumerados apenas 177 casais reprodutivos, sem incluir os filhotes. Isso, segundo ele, torna o resultado mais robusto. Dentro da sua análise, 500 exemplares da espécie, em condições reprodutivas, poderiam garantir a preservação da ave, sem o risco de extinção global. Mas essa garantia se tornaria mais efetiva com a inserção da Unidade de Preservação Integral. Consequentemente seriam preservados os mananciais aquíferos da região.
Segundo Weber, outro resultado alarmante é a estimativa de que um, em cada seis pássaros, se extinguiu devido ao encanamento irregular de nascentes, sem que os 50 metros de área de preservação permanente fossem respeitados, segundo o Código Florestal. om essa realidade, cerca de 36% dos exemplares do Soldadinho-do-Araripe já desapareceram, devido aos encanamentos irregulares, associados ao desmatamento. Mas ele afirma que a boa notícia é que esta situação poderá ser revertida com a simples adequação das nascentes à legislação ambiental.
De acordo com o biólogo, as estimativas de declínio da espécie são moderadas. Para se ter uma ideia mais acertada dessa realidade, será necessário calcular o valor da perda associada à diminuição da floresta úmida, habitat do Soldadinho. Na melhor das hipóteses, essa área já foi reduzida para 23% de seu tamanho original. A pesquisa também mapeou os setores onde o pássaro encontra-se hoje mais ameaçado.
O início das pesquisas foi a partir da dissertação de mestrado de Weber, integrante da Aquasis. Foi a partir daí que se pensou no plano de conservação da espécie. Essas aves vivem no ambiente de encosta da Chapada do Araripe.
A degradação desse pedaço de natureza da Chapada do Araripe, com os mananciais de água necessários à sobrevivência humana, também indicam o desaparecimento do Soldadinho. A ave se torna um símbolo da preservação da natureza regional. Desde que avistado pela primeira vez, com o seu canto e beleza diferenciados, o passarinho passou a ser alvo de um trabalho na luta pela sua preservação.
As atividades de avaliação, um dos passos decisivos na conservação da espécie, contaram com a contribuição das técnicas do Instituto Chico Mendes. Elas vieram de Brasília representar a Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral (Direp). Gabriela Leonhardt e Eliana Maria Corbucci puderam conhecer a espécie e seu habitat. Outro aspecto importante foi manter contato com os moradores das comunidades do entorno, que são, nesse momento, essenciais dentro do projeto de construção da nova unidade.
Gabriela destaca a importância de conservação da espécie e de todo o ecossistema associado, com os recursos hídricos e que só existem na região. Eliana afirma que está sendo realizado estudo para se verificar a forma mais adequada, onde se possa conciliar a preservação da ave com as demandas humanas.
Nova consciência
A ave é a única naturalmente endêmica do Ceará. A conservação da espécie, diz Weber, já seria um símbolo para a proteção da natureza no Estado. “A relação íntima com a água faz desta ave uma bandeira para uma nova consciência sobre a forma como nos relacionamos com a paisagem, da qual dependemos totalmente para sobreviver. Além destes motivos lógicos, a espécie é deslumbrante, o que facilita sua adoção como um ícone do Cariri pela sociedade”, explica o pesquisador.
No Brasil, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, 10% de todas as aves do mundo estão ameaçadas de extinção. Na pesquisa se inclui o Ceará, com o Soldadinho. O risco iminente de sua extinção é uma realidade. No Cariri, o fenômeno vem ocorrendo há muito tempo.
MAIS INFORMAÇÕES
Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), Praia de Iparana, S/N
Caucaia
Tel.: 85. 3318-4911
Elizângela Santos
Repórter
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia (Caderno Regional, 27.12.2010)
Cultura cearense como aquelas letras sobre raparigas do forró eletrônico? - José do Vale Pinheiro Feitosa
A rigor o Cariri é um encontro entre uma classe média globalizada (ou semi) e uma média cultural popular do interior nordestino. Não apenas a cultura de classe média recebe pressões externas, a cultura popular, mesmo a religiosa, pertence ao universo em transformação do interior brasileiro.
O dado pessimista é que em países continentais bem sucedidos como os EUA, a cultura permaneceu poderosa nos extremos do leste e do oeste e o interior estagnou-se num plasma ressentido. O Brasil da face dinâmica do litoral repete o mesmo, igual ocorre no Ceará: Fortaleza galvaniza os meios, mas tem um dom de banalizar o que recebe do interior. Igual não ocorre em Recife. Talvez a cidade nordestina mais importante em termos de cultura.
Se pegarmos uma referência em música, por exemplo, é melhor o Mangue Beat de Recife do que o Forró Eletrônico de Fortaleza. Enquanto o primeiro atrai a cultura popular para o caldo do encontro de classes e constrói a personalidade de uma sociedade, a segunda é apenas a criatividade apelativa para o prazer turístico da dança.
Pelo que leio nos blogs da região, o Salatiel, José Flávio, Cacá, Pachelly, Abidoral, José Nilton, entre tantos para não cometer esquecimento de nomes importantes, buscam esse encontro. Por vezes com certa ingenuidade de volta às raízes, em busca de um encantado que se revelará. Por certo se revelará, pois entremeia cada segundo da região. A verdade é que precisam mesmo fazer o que fazem e cada vez com mais ousadias: praticar a “antropofagia” das raízes da cultura popular.
Praticar o coletivismo, expressar-se muitas e várias vezes ao ano. Fazer isso que fazem: buscar financiamento, ocupar os espaços culturais da classe média tradicional e como o Cacá ir para os espaços da periferia das cidades médias e para as praças centrais das cidades interioranas.
Na região tem blog, televisão, rádio, jornais, editoras e gravadoras. Este coletivo cultural além de atrair nomes representativos da cultura popular, tem de pensar sobre a existência destes meios e construírem um plano estratégico para a ocupação dos mesmos. Não existem (ainda) condições de apropriá-los, mas de ocupá-los com uma expressão tão necessária da qual este meios não possam se desprender.
Uma nota coletiva, por exemplo, para o jornal O Povo é necessária a respeito daquele artigo que apenas enxerga o umbigo cultural do litoral. Que tal um manifesto de intenções deste coletivo se já não fizeram? Que tal tornar conhecido alguns pontos de promessa para a sociedade?
As eleições municipais se aproximam: construam políticas e estratégias de ocupação junto com candidatos progressistas. Nunca esqueçam que a cultura não é meramente para lazer e para artistas: ela está nos programas de saúde pública, na educação básica, na universidade, nos meios de comunicação social, no lazer e, claro, no modo de se comportar da sociedade em face da enorme pressão externa por transformação.
domingo, 26 de dezembro de 2010
ESTADO DO CARIRI
Foto de Cacá Araújo |
Atenciosamente,
Prof. Cacá Araújo
cacaraujo66@yahoo.com.br
(88) 8801.0897
Citações:
¹Emenda oferecida à Comissão da Organização do Estado, Assembleia Nacional Constituinte, 1897, pelo Deputado Federal Furtado Leite.
²Idem
³Idem
Veja a íntegra da emenda no "linque": www.camara.gov.br/internet/constituicao20anos/.../vol-82.pdf