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Pois bem, confesso. É um amor mais longínquo que minha própria vida. Pode ser ouvida uma modinha, o casco dos cavalos nas pedras de tuas ruas curvas, tuas ladeiras, as montanhas que se espremem logo na borda para demarcar os limites da planície do mar. Pode acontecer entre o século XVIII e XXI que sempre sentirei saudades.
Quantas vezes, após alguns copos de cerveja, desci o morro cantando, atravessei o túnel da Rua Alice e tive a alegria de estar vivo com os olhos abertos para a Baia da Guanabara. O Corcovado feito manta entre outros morros, uma floresta que vem lá dos confins e se entranha bem aqui no meu peito.
O samba. É preciso ter vivido para compreendê-lo. Numa quadra de bloco, com um panelão de feijoada num sábado e no outro um mocotó com pimenta malagueta, para fazer fogo com a pinga que canta feito um tamborim, um reco-reco de ritmo ou um poema de cavaquinho.
E teus mitos. Paulinho da Viola, João do Vale (mesmo maranhense), João Nogueira, Monarco, tantos mitos que nenhuma quadra de Escola tem o dom de definir. Eles estão muito além do piso, mesmo quando ecoam na cobertura de zinco, é na abóbada do céu que os sons se entremeiam nos vales. Tantos e vários tamanhos que nem sei quantos.
O Angu do Gomes, um lenço na mão para tocar com veludo a palma da dama na Estudantina. Os tempos de arrebenta balão da lona do Circo Voador, a Lapa renascendo como a velha Itália compreendendo que era muito maior que suas ruínas imperiais.
As longas horas da música popular brasileira na Rádio JB. As meninas ousadas como Angêla Rorô, os encantos de novidades em tantas canções que nem Eduardo Dussek conseguiu domar toda a ironia. Mas não esqueça que por aqui passava a onda globalizada do Rock e a Rádio Fluminense, lá do outro lado da Baía, em Niterói dizia muito mais que muitos ouvidos para ouvi-la. E a Mundial, quem não lembra do precoce Big Boy falando do Bem, um restaurante de São Conrado onde um dia dançamos o Charleston com uma big band de primeira.
A praia, o Pier, Copacabana e as asas deltas de São Conrado. Os meninos nascendo, Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo e o Pontal do Atalaia para um Por de Sol tão panorâmico ao qual até o sol estava embaixo. Eu realmente amo esta terra.
Mesmo quando falo em alma, não a imagino no etéreo mundo dos espíritos. Sempre atravessando estas serras, estes montes, as ruas irregulares, este modo de amar maior que tudo que tem fim. Não se pode amar como finalidade. O amor é o meio pelo qual a vida se realiza como chama que acende por natureza.
O Rio de Janeiro, esta terra que não empresto, não dou e nem troco. Não é mercadoria e nem objeto. È um tudo de vida e andar. Um muito que conclui o quanto se pode amar tantas outras mais chamas diferentes. Inclusive meu vale de origem e as dunas brancas do Ceará.
Pois bem, confesso. É um amor mais longínquo que minha própria vida. Pode ser ouvida uma modinha, o casco dos cavalos nas pedras de tuas ruas curvas, tuas ladeiras, as montanhas que se espremem logo na borda para demarcar os limites da planície do mar. Pode acontecer entre o século XVIII e XXI que sempre sentirei saudades.
Quantas vezes, após alguns copos de cerveja, desci o morro cantando, atravessei o túnel da Rua Alice e tive a alegria de estar vivo com os olhos abertos para a Baia da Guanabara. O Corcovado feito manta entre outros morros, uma floresta que vem lá dos confins e se entranha bem aqui no meu peito.
O samba. É preciso ter vivido para compreendê-lo. Numa quadra de bloco, com um panelão de feijoada num sábado e no outro um mocotó com pimenta malagueta, para fazer fogo com a pinga que canta feito um tamborim, um reco-reco de ritmo ou um poema de cavaquinho.
E teus mitos. Paulinho da Viola, João do Vale (mesmo maranhense), João Nogueira, Monarco, tantos mitos que nenhuma quadra de Escola tem o dom de definir. Eles estão muito além do piso, mesmo quando ecoam na cobertura de zinco, é na abóbada do céu que os sons se entremeiam nos vales. Tantos e vários tamanhos que nem sei quantos.
O Angu do Gomes, um lenço na mão para tocar com veludo a palma da dama na Estudantina. Os tempos de arrebenta balão da lona do Circo Voador, a Lapa renascendo como a velha Itália compreendendo que era muito maior que suas ruínas imperiais.
As longas horas da música popular brasileira na Rádio JB. As meninas ousadas como Angêla Rorô, os encantos de novidades em tantas canções que nem Eduardo Dussek conseguiu domar toda a ironia. Mas não esqueça que por aqui passava a onda globalizada do Rock e a Rádio Fluminense, lá do outro lado da Baía, em Niterói dizia muito mais que muitos ouvidos para ouvi-la. E a Mundial, quem não lembra do precoce Big Boy falando do Bem, um restaurante de São Conrado onde um dia dançamos o Charleston com uma big band de primeira.
A praia, o Pier, Copacabana e as asas deltas de São Conrado. Os meninos nascendo, Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo e o Pontal do Atalaia para um Por de Sol tão panorâmico ao qual até o sol estava embaixo. Eu realmente amo esta terra.
Mesmo quando falo em alma, não a imagino no etéreo mundo dos espíritos. Sempre atravessando estas serras, estes montes, as ruas irregulares, este modo de amar maior que tudo que tem fim. Não se pode amar como finalidade. O amor é o meio pelo qual a vida se realiza como chama que acende por natureza.
O Rio de Janeiro, esta terra que não empresto, não dou e nem troco. Não é mercadoria e nem objeto. È um tudo de vida e andar. Um muito que conclui o quanto se pode amar tantas outras mais chamas diferentes. Inclusive meu vale de origem e as dunas brancas do Ceará.
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