sábado, 16 de abril de 2011

Desvio

Felizes os hospitais que tem pacíficos pacientes
E poucos poetas esperando em filas
O cotidiano repleto de leituras
Ser poeta inclui o ônus de estar dividido entre o poeta e o homem
Entre o louco e o controlado
E o conforto produz poesias confortáveis
Escrever pela colheita de pensamentos armazenados
Longos invernos, tempestades solares
Por estrada estreita beirada de canyons
Por madrugadas, lendo as páginas do próprio corpo errante
Escondendo idéias no fígado, no saco, na vulva, no olho que muda
Conforme a droga que a boca aprecia, que o paladar reprova
Que depois angustia, salva e afunda
Onde há palavra demais há liberdade de menos
As telas falam para adestramento global
Sofás de vítimas inertes!
Dancem nesse dia, rezem nesse, estuprem seus ouvidos...
Arrumar palavras é roupa escolhida depois de lavada e passada
Ou após vestir e suá-la, jogar numa trouxa fedida à espera de coragem
A boca da noite não tem escrúpulos, depois que beija cospe
Choveu espelho e sangue até chegar esse tempo sem pingos
Era hoje. Por conhecer o que não deseja.
Sumiu da presença do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário