quinta-feira, 19 de maio de 2011

A semana do ditoso Alexandre Garcia - José do Vale Pinheiro Feitosa

Alexandre Garcia, comentarista da Rede Globo, é um homem visível. Eu posso não gostar do conteúdo dos comentários dele até os quarks da minha matéria, mas ele continuará mais visível do que eu. Aqui neste quarto solitário, querendo vestir a roupa de otário, apenas por que ele criticou a gramática dos operários.

Dom Garcia partiu para cima do MEC por causa de uma frase escrita num livro aprovado pelo ministério em que se dizia que não existem falares errados, apenas padrões diferenciados. Eu achei um exagero a verve alexandrina, mas é típico da minha invejosa insignificância frente aos homens visíveis. O Alex acha que tem razão: a rapaziada de baixo está destruindo o país.

Como me disse um dia um professor ao defender um pensamento de Cícero - só em citar um romano da era latina já me humilha - o qual criticou o ensino universal por que só trazia a técnica do saber, mas não a sabedoria. Isso me dizia o professor como a própria experiência viva da frase de Cícero: aos setenta anos com um cigarro aceso e chupando para os seus pulmões toda aquela fumaça enquanto fazia seu relato.

O grande Alexandre, muito mais poderoso que o da antiguidade, é uma Garcia de pessoa. Não se pode acusar o rapaz de ter qualquer vício. De linguagem, diga-se bem. Parece que é gaucho e não tem qualquer dificuldade em fazer muxoxo com as diferenciadas flexões verbais, especialmente aquelas da segunda pessoa tão comuns lá na terrinha.

E isso tudo aconteceu meio num clima Bolsonaro. O deputado brigão. Aqui do Rio de Janeiro. O furibundo, ou faz o tipo, abriu uma razia conta os homossexuais com tanta violência que expôs toda a sua fobia. Resultado: estimulou os valentões a partir para uma linguagem tão violenta no tal do twitter (mais que passarinho mais escroto este) que provocou ondas explícitas de ódio na rede mundial dos computadores complacentes. Teve gente que prometeu a própria morte a ter que dar o que tem medo de dar e gostar.

Tão logo o Garcia, com a primazia de um Alexandre, esteve no palco avantajado da família Marinho, as classes médias brasileiras letradas se açularam iguais aos homofóbicos do Bolsonaro. Mas onde está o problema destes dois ícones? É que não faltam obtusos que pretendem passar uma borracha na realidade. Eliminar a realidade.

Alexandre, Bolsonaro e a turma do repete repete, devia mesmo é seguir a lição de Cícero (aquela que busca a sabedoria). A sabedoria pode saber tirar proveito da realidade, jamais excluir a realidade. Pois então moçada pedrigee, cheia de frases em inglês, com um caminhão de entrecortadas frases e pensamentos, tome a cicuta da realidade: vocês já não estão mais a sós.

Existe um bando de nós no salão de vocês. Um estridente de risos a estimar suas gaiolas de ouro. O Alexandre e o Bolsonaro apenas foram pego se escondendo enquanto estavam visíveis.

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