sexta-feira, 6 de maio de 2011

Um monstro devastador - Emerson Monteiro

Outra vez falar das drogas, da fera que tomou para refém a sociedade, inoculando seu veneno sobre a doce flor da melhor juventude dos nossos tempos. Recentes notícias falam de um filme documentário na fase de conclusão denominado “Quebrando o tabu”, do cineasta brasileiro Fernando Grostein Andrade, que trata do assunto de modo a repensar aquilo o que Estado pode oferecer como alternativas para o fracasso na guerra às drogas.
Numa sequência de entrevistas com personalidades importantes; políticos, intelectuais e cientistas; Bill Clinton, Jimmy Carter, Dráuzio Varella, Gael Garcia Bernal, Paulo Coelho, etc.; esse trabalho quer indicar maneiras novas de abordar o grave problema, considerado muito mais uma questão de saúde pública do que, apenas, fator e origem da criminalidade. A dependência das drogas ocasiona males inimagináveis à família e à sociedade, deixando cicatrizes profundas na história, desde as remotas eras.
O maior perigo das substâncias estupefacientes é que prendem pelo prazer físico imediato, motivando a ânsia da repetição e estabelecendo a sujeição química dos seus usuários.
No filme, no meio de outros depoimentos, o ex-presidente norte-americano Bill Clinton declara haver conhecido as drogas através da dependência de um seu irmão que se tornara dependente de cocaína, levando-o saber, na própria pele, os males da trágica matéria.
Flagelo avassalador, as drogas chegam inclusive às penitenciárias de segurança máxima, conforme analisa um dos entrevistados. Indiscriminadamente, vitimam todas as classes sociais, todas as idades, todos os países, raças e credos. Ninguém se dirá livre da infelicidade das drogas, que aparecem na gênese dos piores delitos e maldades humanas.
No filme, também o escritor Paulo Coelho observa os riscos a que incorrem pessoas quando assumem o ônus de conhecer as drogas, a partir de quando nada mais poderão decidir com liberdade. Uma viagem sinistra, as drogas impõem condições irreversíveis, da doença à morte, no confronto de situações extremas e destruidoras.
A fatalidade das perversas substâncias rasga os olhos desta civilização, limitando as providências dos governos, que ainda ignoram as proporções reais do terrível inimigo em termos de consequências atuais e futuras. Deste modo, sombras de medo percorrem ruas e palácios, numa escalada jamais vista admitida em tempo algum.
A ciência e os órgãos de segurança, só por si, enfrentam a crise na esperança dos meios ideais de, pelo menos, reduzir o prejuízo comum, enquanto a responsabilidade do problema pesa nas costas de gregos e troianos, pais, irmãos, filhos, amigos e desconhecidos, numa luta surda para conter os números da triste servidão.

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