sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sonhos de liberdade - Emerson Monteiro


Sob o signo de uma dessas reflexões que afloram o espaço misterioso entre a memória e o cotidiano, quando a gente pára o tempo e fica só visando o nada a nossa frente, qual quem quer fugir para lá do mais adiante, senti de perto esse intervalo gigantesco que nos espera, pois sentir a dor representa o que de diferente existe do eu atual ao Eu que, certo dia, perto ou distante, a ele chegará, ao Ser definitivo.

Com isso, viajei nas asas frondosas dos sonhos de liberdade. Esse desejo transcendental do ser feliz nos braços macios da leveza eterna, de que tanto falam sábios e místicos. Pisei suave a lã do coração pelos bastidores, buscando melhor o lugar de sonhar confortável. Viver comigo em paz, paz com o mundo. Persistir na imaginação das coisas boas habitando tetos longe da contradição que, por vezes, quer modificar o sabor de framboesa das saudades inesquecíveis.

Andei que andei, e olho as variantes do comboio de humanidade que transportamos em nós próprios, o tanto que somos cada um de nós. Nos compassos de música das inspirações momentâneas, essa vontade avassaladora de crescer para os céus fincou raízes impacientes, que fustigam as correntes escondidas do solo de carne onde ainda habitamos.

As histórias dos filmes falam disso, os filmes bons que tocam as cifras do lado interno, os livros deliciosos, as músicas... Flutuar nas doces avenidas das obras da ficção bem conduzida aos endereços agradáveis, para o destino de finais positivos. Jamais entregar o esforço dessas realizações a qualquer diretor, porquanto o custo das produções da vida reclama tremendas responsabilidades.

Andei que andei, que andei, e revejo lugares das grandes emoções, que testemunham as possibilidades infinitas para concretizar os tais sonhos. Alimentar acordes na harmonia dos fortes traços de autores geniais, sobreviver ao vasto continente da felicidade, sem abrir mão do direito natural de gerar seres andarilhos do amor pelos percursos das noites ricas de revelações, agentes da transformação construtiva e decente.

Deixo, pois, deslizar plumas de pensamentos na forma de imagens coerentes, lindos painéis de calma nas florestas do Paraíso. Acreditar no Si das notas musicais. Há luzes que clareiam conquanto marcas de relacionamentos ajustados, paridos nos pastos da mãe tranquilidade. Construções coordenadas em blocos justos, ao vigor das leis permanentes, no permanentemente.

Os velhos sonhos são aqueles que seguem transportando os humanos, mantendo-os nessa incansável jornada de retorno às estrelas, fulgor do carinho na força dos amores para sempre. E sonhar por isso com alegria de continuar.

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