quinta-feira, 16 de junho de 2011

Uma juventude otimista e militante - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma empresa de pesquisa de opinião especializada na faixa etária de 18 a 24 anos, a Box1824 acaba de publicar o resultado de uma pesquisa bastante reveladora. A pesquisa se compôs de duas fases: uma qualitativa (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre) e outra quantitativa numa amostra de 1784 jovens (em 173 cidades de 23 estados).

Qual a novidade revelada? Os jovens brasileiros desta faixa etária (que atingiram a adolescência nos últimos 10 anos) acreditam em transformações da sociedade e “que estas ocorram aos poucos e que a soma das pequenas ações do dia-a-dia pode mudar a sociedade, e resultar em macro-transformações”. Portanto não têm mais o ímpeto demolidor da juventude dos anos 60 e 70, mas não são aqueles alienados, acreditando que nada pode mudar como tantos imaginavam.

Mais ainda, os jovens mais ativos dentro do seu grupo, têm uma consciência coletiva bem formada, atuam em projetos comunitários, são otimistas por que enxergam os resultados da própria ação e disseminam as questões coletivas. Nada daquela visão de adolescentes de Shopping Center ao estilo mauricinho e patricinha.

Se a militância comunitária é verdadeira para os jovens mais ativos, também o é para o conjunto dos jovens. 70% afirmaram ter vontade de participar de projetos comunitários (ou de participar de mais algum, nos casos dos que já participam). Os interesses se deram principalmente em projetos voltados para cultura e arte, seguidos por programas pró-meio ambiente e da área da educação.

Surpreende outro dado por vezes em linha contrária à decepção de muita gente com os governos. Mais de 60% dos jovens acreditam que os governantes são responsáveis por mudanças na sociedade. Isso contrária a decepção sentida e propagandeada nos anos 90 da falência do Estado.

Não vou nem esticar a corda com ilações das origens políticas desta novidade. O importante disso tudo é que tal consciência da juventude renasce num momento otimista do ponto de vista da economia nacional e pelo aumento de oportunidades de crescimento inclusive entre os jovens mais pobres. A mais forte evidência que as políticas públicas estão na raiz deste comportamento é a referência ao poder de mudança na sociedade sob responsabilidade dos governos.

Outra coisa é para se compreender que a estrutura do pensamento social está sujeita a grandes mudanças e se espelha na realidade histórica de sua sociedade. Isso nos afasta das especulações fundamentadas num psicologismo desarticulado da base econômica e social ou em mitos como a maldade ou bondade metafísica.


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