sexta-feira, 29 de julho de 2011

Bolinha de papel.

Tantos são os apelos ao consumo e tantas as formas de divulgar seus produtos que a criatividade nas propagandas não tem limites. Dos “out doors” gigantescos aos pequenos folhetos distribuídos de mão em mão nas calçadas; dos anúncios em radio e TV aos carros de som e até bicicletas sonorizadas, nunca estamos isentos desses apelos. “É bem verdade que a economia precisa se desenvolver e que quanto mais produtos no mercado e mais consumidores, melhor para o sistema econômico, maior a arrecadação de impostos, geração de empregos...” vinha pensando enquanto caminhava pela rua Bárbara de Alencar e me desviava dos transeuntes, dos buracos na calçada e do lixo jogado pelo chão. Reparei que aumentou bastante o numero de transeuntes, buracos e lixo. Parece que existe uma relação entre o aumento da população e a produção de lixo. Gosto de caminhar pela cidade, observar e pensar sobre o que vejo. “Será que o crescimento da população tem alguma relação com o número de buracos na via pública?” Fiquei a pensar enquanto caminhava amassando entre os dedos o folheto de propaganda que recebera numa esquina. Andei algumas quadras segurando o tal papel amassado, que nem me lembro o que anunciava, em busca de um cesto de lixo para jogá-lo. Encontrei restos de embalagens, de caixas de papelão, uma cartela de remédios, e muito mais... Apertava a bolinha de papel em minha mão e sentia um pouco ridículo meu pudor em jogá-lo ao chão. Com tanto lixo na rua parece que não faria diferença. Foi então que vi um garoto, em idade escolar, receber um panfleto de anúncio, ler, amassar e... fui seguindo o garoto pela rua que, depois de caminhar um pouco, jogou o papel no cesto de um vendedor de picolé que passava por ali. Fiz o mesmo e senti uma ponta de esperança na humanidade.

João Nicodemos.

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