terça-feira, 26 de julho de 2011

Lá, tal qual cá - José Nilton Mariano Saraiva

“Administrar é delegar poderes”.
Partindo de tal pressuposto (teoricamente incontestável), é difícil acreditar (e, no entanto, é vero) que no globalizado mundo atual ainda exista um determinado contingente de pessoas que por simples pirraça, má vontade ou diletantismo exacerbado, faça questão de não enxergar o óbvio mais que ululante: o quanto é difícil e problemático dirigir uma nação tão heterogênea, repleta de mazelas, contradições e de dimensões continentais, como o é o nosso Brasil.
E a dinâmica da “coisa” começa cedo, lá atrás, a partir da artesanal e penosa “costura” de uma aliança que, mesmo tendendo à multifaçatez e disformidade, revela-se necessária na tarefa maior de levar adiante a viabilização de um determinado projeto macro-socializante (ou de viés coletivista); assim, depois de referendado nas urnas pela maioria da população, o ungido ao trono há que exercitar a tal “delegação de poder”, que se materializará na forma de “repartição” (ou divisão) das responsabilidades (com seus ônus e bônus), através da alocação de “quadros aliados” em postos estratégicos do organograma oficial.
E aí é que mora o perigo (inevitável), porquanto, mesmo se tratando de uma cultura estabelecida, de um procedimento já estratificado ao longo dos anos, nunca deixará de representar um autentico “salto no escuro” ou “jogada de alto risco”, já que, sem conhecer na intimidade os indicados (pelos partidos aliados), só resta a quem nomeia torcer para que os “coroados” tenham a sensatez, o compromisso e a responsabilidade com um projeto maior, um projeto de nação.
A reflexão acima tem a ver com duas situações emblemáticas, dos dias atuais; aqui, na terrinha, a presidenta Dilma Roussef (assim como outros que a antecederam no cargo), para manter a tal “governabilidade” necessita, evidentemente, que os projetos encaminhados pelo Executivo (Governo) ao Legislativo (Câmara e Senado) obtenham maioria de votos; e aí se escancaram portas, frestas e janelas para os maus intencionados tentarem se apossar (ou “privatizar”) o espaço lhes disponibilizado, pondo por terra todo um trabalho que contemplaria o “coletivo”. A solução ??? Cortar na própria carne e extirpar o mal pela raiz, como o fez a presidenta brasileira ao intervir diretamente no Ministério dos Transportes, entregue à responsabilidade de um tal Partido da República (PR), que tem peso, sim, já que com 07 (sete) senadores e 40 (quarenta) deputados federais.
Pois bem, mostrando a seriedade e responsabilidade que a caracteriza e sem se importar com o possível abalo-desfalque em sua “base de sustentação”, a presidenta Dilma Rousseff já premiou nada menos que 17 (dezessete) integrantes do Partido da Republica com o famoso “bilhete azul” (demissão sumária), a começar pelo próprio Ministro de Estado; e a assepsia continua, até não mais restar pedra sobre pedra. Alguém tem dúvida ???
Enquanto isso, nos Estados Unidos o presidente Barack Obama também é “peitado” e se vê candidato a “refém” dos integrantes do Congresso Nacional, que se recusam a autorizar o aumento da capacidade de endividamento do Governo (a fim de que este possa honrar os compromissos assumidos, livrando a ex-toda poderosa nação mais rica do mundo da alcunha de “caloteira”), a não ser que este desista de implementar determinadas medidas de cunho sócio-moralizantes (tributar os mais ricos, por exemplo).
Como se vê - lá, tal qual cá - também existe os ”mafioso-pirracentos”.
Efeito da tal globalização ??? Será ???

Nenhum comentário:

Postar um comentário