sexta-feira, 8 de julho de 2011

Somos folhas em branco - Emerson Monteiro


Quem dá significado aos objetos e acontecimentos, e às outras pessoas, é a cabeça da gente, a mente da gente. Por isso, preocupações sujeitam atrapalhar o compasso de esperar os minutos seguintes. Todo penso é torto, no que diz a experiência. E peru é quem morre de véspera, noutra cogitação. Fôssemos viver de pensar, renderia quase nada, vez que significados inexistem na realidade, quando eles só representam o produto do que se pensa. A gente importa as visões e as trabalha na oficina da cabeça, ferreiro insistente, quando já se tem tanta coisa para cuidar; e ainda saímos juntando troços e fazendo fogueiras no juízo, cipoal do desassossego.

Enquanto isto, o mecanismo das pessoas possui um dispositivo interno que solucionará o drama de tais preocupações. Lá bem no centro, no meio da ciranda apressada dessas coisas em atividade, mora a paz.

A fim de chegar a esse lugar importante carece, no entanto, concentrar o esforço gasto com o pensamento, a energia gasta nos movimentos que criam os sentidos na tela da imaginação. Manusear com gosto este procedimento produzirá resultados jamais vistos. No mínimo evitar-se-á as chamadas depressões mentais, os buracos sem fundo que constrangem e reduzem o peso da alegria que temos e poucos usam com rotina. Durante os quadros escuros da caminhada, precisa esquecer o que desafina o instrumento individual. Aqui ao lado de você reside a outra possibilidade de viver com satisfação cada minuto, independente da ânsia dos resultados. Limpar as leiras da responsabilidade e germinar plantas boas.

Plantar bons frutos hoje, no momento presente, e aguardar resultados favoráveis. Catar as sementes das histórias vividas, selecionar as melhores e fincar com gosto nas terras infinitas do coração. Todo tempo é tempo de felicidade. Evitar o mal e fazer o bem, aos outros, à natureza, a cada ser, inclusive a si próprio. Encher a própria bola servirá de motivo de viver bem e com sabedoria. Certos das leis da Natureza, tratemos de corrigir o rumo da viagem e conduzir o barco às águas tranquilas das estações seguras, livres dos traumas e contradições que sumiram na fumaça dos vícios de antigamente.

Essa modalidade valiosa de aplainar estradas no horizonte iluminado de sol sempre funcionará. Largar hábitos que diminuem a satisfação de crescer representa oportunidades positivas. Expulsar os insetos do território e dormir melhor, no exercício de olhar acima das perturbações desnecessárias; quanta coerência em agir desta maneira.

Ouço dizer que o olho do furacão é de pura calma. A agitação fica no entorno em que os ventos sacolejam o espaço. Mas no miolo as correntes de ar impacientes guardam inteira harmonia. A lição desse fenômeno explica como controlar a máquina do pensamento e evitar as desordens em volta. Buscar de tal modo o ponto do equilíbrio, que ocasionará surpresas agradáveis e dias abençoados.

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