quarta-feira, 28 de setembro de 2011

arroubo

Aquela noite eu parecia um doido,
os cabelos de Ezra Pound
os olhos de Baudelaire
o sorriso de Neruda

entrando em bares
e correndo nas praças

berrando versos,
bebendo todas,
colhendo flores.

Aquela noite assombração alguma me vencia
nem Cérbero nem Anderson Silva,

estava mesmo um doido varrido
um anjo de porta em porta

abraçando pessoas,
cães e gatos.

Aquela noite eu era uma coisa do outro mundo,
filho de D. Quixote com Dulcineia Del Toboso.

Os óculos embaçados,
as faces vermelhas,
os lábios trincados

cuspindo versos,
bebendo todas,
colhendo flores.

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