terça-feira, 13 de setembro de 2011

porcelana

S'eu te chamar de meu amor
tu juras que acordas desse
sono profundo?

Os meus cílios deram pra cair
de hora para outra

e tu não estás ao meu lado,
assoprá-los e fazer um pedido.

S'eu te chamar de bailarina graciosa
tu te levantas da cama, lavas o rosto,
molhas os cabelos e vais pra calçada?

Talvez não saibas mas o sol
vive sob uma melancolia
entre pôr o pescoço de fora
ou ficar enrolado dentro
das nuvens: um sol
sem graça.

Meu amor,
minha bailarina graciosa,

sai do quarto, dá um pulinho
à esquina, toma um sorvete.

Sabe aqueles pombos?
Andam cabisbaixos.

Rejeitam de quem passa
migalhas de pão e arroz.

Um dia chegaram aos meus ombros
e perguntaram-me por ti "a menina
de tranças e de olhar triste"

Respondi-lhes
que não és
triste.

Apenas
santinha.

E que as tranças
é imaginação deles.

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