segunda-feira, 31 de outubro de 2011

NARRADIRES DE JAVÉ


    O filme Narradores de Javé, de Eliana Caffé, conta a história de um povoado fictício denominado Javé, que está prestes a ser inundado por via da construção de uma hidrelétrica. Nestas circunstâncias os moradores do pequeno lugarejo, ameaçados pela hipótese, de perder tudo o que ali se havia construído no decorrer de toda uma vida, de suplantar todas as suas reminiscências e deixar para trás a sua própria identidade quanto ao seu lugar de origem, entram em “parafusos”.
       Neste dado momento, um senhor já de idade dá uma idéia. “Não inunda se virar coisa importante, patrimônio”. Como assim patrimônio? Todos queriam saber como e de que forma isto poderiam ser feito. Estavam todos curiosos e fariam de tudo pra que não pudessem abandonar o pequeno lugarejo. Mas pra que Javé pudesse se transformar em patrimônio histórico, fazia-se necessário que houvesse documentado toda a história da cidade, principalmente o histórico da sua fundação. Mas como se faria isto se Javé era um lugar tão pequeno, que nem existia no mapa?
        O Próprio mentor da idéia sugere que seja escrito em um livro a historia do lugar. Mas, como se faria isto se em Javé todos eram analfabetos? Eis uma preocupação! Mas, havia alguém que poderia ajudar. Antônio Biá era o carteiro da acanhada cidadezinha, e este havia sido degredado de exercer o seu ofício diário – pois consta num dos episódios do filme que Biá escrevia cartas em nome dos moradores de Javé por sua própria conta, para manter a sua profissão e continuar trabalhando. Porém a atitude incorreta de Biá é descoberta e este definitivamente é impedido de exercer o seu trabalho.
        Os habitantes de Javé vêem que esta é uma forma de Biá se redimir. E é incumbida a ele a missão de escrever o referido livro que futuramente seria o documento oficial usado para tombar e salvaguardar o pacato lugarejo como patrimônio histórico e cultural da humanidade.
        Tendo como base a história de vida dos moradores de Javé e principalmente o relato oral de memória dos mais velhos, pra que estes, possam contar como se deu a gênese do lugar, o que na história é chamado de “mito de origem” entra o papel de quatro personagens principais que de acordo com os seus relatos, foram os seus antepassados que fundaram a cidade. Cada qual conta a história a sua maneira, de forma que sejam reconhecidos como sendo parte da casta do fundador da cidade de Javé. De acordo com as personagens, cada qual defende a sua narrativa como sendo veredita.
       O primeiro entrevistado relata que o fundador foi Idaléssio que veio se fixar no lugar com a sua gente na época do ouro que sendo este vencido numa disputa pela conquista de território sai fugindo com a sua família e seu povo e vem habitar em Javé. A segunda, é Maria Dina diz que a instituidora do lugar foi uma mulher. Javé, segundo a entrevistada era uma comunidade matriarcal e que supostamente a fundadora fazia parte dos antepassados da personagem.
      O terceiro entrevistado é Firmino. Este faz um relato similar ao do primeiro entrevistado, só que discorda no momento em que Idaléssio saiu fugindo com o seu povo. Ele diz que saiu em retirada. O quarto entrevistado é Pai Cariá um personagem de origem africano. Ele diz foram os seus antepassados que fundaram Javé e faz o relato de toda a história sendo cantada no idioma de seu povo. Dessa forma o nome do fundador se assemelha aos nomes cognominados pelos outros personagens. Idaleco este é o nome e a narrativa prossegue até que este se cala, pois se vê impedido pelas idéias e palpites que propõe Biá durante todo o contexto da história.
`           O filme ainda prossegue com outras entrevistas, outras histórias, super engraçadas e termina com Biá entregando o livro em branco ao povo de Javé, e a cidade acaba inundada pelas águas da represa.



2 comentários:

  1. Através da bem elaborada sinopse apresentada pela Ana Cássia, dá pra notar que se trata de um grande filme (Narradores de Javé), digno de ser visto.
    Assim sendo, vamos tentar obte-lo pra compor o nosso acervo.

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  2. Obrigada, caro colega José Nilton!
    Não redijo tão elegantemente quanto a ti, mas os teus textos me deram iniciativa.
    Abraços!!!

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