quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O novo nordeste e a reação a ele - José do Vale Pinheiro Feitosa

Fora o turismo religioso, alguém vê, ouve ou sente algo diferente no Cariri do Ceará? Claro que sempre haverá alguém que sabe disso, é fonte para que escreva. Qual o fato?

A transformação econômica do nordeste brasileiro. Por isso o eixo Crato/Juazeiro/Barbalha aparecem na relevância do fato. Este eixo teve um aumento no PIB local de 28% entre 2003 e 2008. E vários pólos nordestinos cresceram acima da média nacional: Vitória da Conquista na Bahia, Picos, regiões metropolitanas, áreas especializadas em certos tipos de produção como o pólo de roupas em Santa Cruz do Capibaribe.

E qual o fato econômico? O mais óbvio do crescimento capitalista: as empresas crescem por que empregam e os empregados com renda consomem. E aí vem o que os liberais não suportam saber: os impostos arrecadados pelo poder público estão alavancando o capitalismo brasileiro.

Outro dia em viagem sentimental fui aos Inhamuns. Especificamente fiquei na Aiuaba que foi a terra que fez meu pai crescer. A última vez na região fora na primeira metade dos anos 80. Tudo mudou: não se vêm animais circulando pelas ruas, são motos circulando, automóveis, ônibus escolares, antenas, eletricidade e águas fartas. Médicos, dentistas, enfermeiros, engenheiros e inúmeros técnicos que não aconteciam na região. A cidade é outra da que conhecera.

Além do empreendedorismo local, como o exemplo de Santa Cruz e muitos mais em nossa região do Cariri, a região passou por mudanças agrícolas essenciais como plantio de frutas e outros produtos de alto valor agregado. As instituições se descentralizaram e se multiplicaram na região. Claro que certa industrialização fruto do esforço de instituições como governos, bancos estatais e a Sudene fez nascer na região um conjunto de parques produtivos.

Agora uma coisa que deixa atônito certo conservadorismo raivoso localizado na velha classe média da região. O que mais fez o nordeste crescer foi a geração de renda oriunda de aumento do salário mínimo em relação a patamares anteriores, a previdência social e os programas de transferência de renda como o bolsa família.

Aliás, o que os Afifs Domingues júniors da nossa região não gostarão é outro fato pior em interpretação. Os impostos são um saco sem fundo para os políticos corruptos roubarem. Eles deixam a sensação que nada fica tudo é apenas despesa para dar votos aos mesmos políticos corruptos.

De um bilhão em políticas sociais para o nordeste, 350 milhões (35%) vão para o sul e sudeste sobre a forma de impostos. Ou seja, o crescimento do nordeste é bom para todo mundo. E aí os ideólogos do nosso liberalismo seletivo, não vêm nisso uma virtude do capitalismo.

Baseando-me no que leio vindo de alguns nordestinos existem dois tipos novos de radicais surgindo: o coronelato liberal, que gosta do dinheiro só para seu bolso e o furibundo infanto-juvenil que embarca em qualquer canoa do vozeirão dos coronéis.

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