segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A luta entre capital e trabalho - José do Vale Pinheiro Feitosa

Aviso aos navegantes: a crítica é da gestão política do Estado e compreende Municípios, Estados e a União. A visão comum é que as corporações econômicas, através da sua rede, com nós de concentração política, avançaram no domínio do Estado contra os trabalhadores. A emergência do neoliberalismo e o fim da social democracia seriam o efeito mais evidente deste domínio.

Os trabalhadores estão perdendo renda e direitos enquanto o capital se concentra e especula além da mais valia, criando um sistema mundial de exploração como uma reemergência da escravocrata. A tendência é que os trabalhadores tenham que “pagar” para viver com os recursos tecnológicos existentes, inclusive de saúde. Em outras palavras: trabalhar para pagar pedágio aos senhores do dinheiro.

A renda coletiva mais expressiva é aquela de impostos. O que a atual crise das dívidas dos Estados demonstra é que esta renda está sendo parasitada por bancos e seus fundos especulativos. Esta foi outra forma de domínio dos Estados pelo capital formando uma sinergia com o mecanismo político anterior e explica a velocidade com que o neoliberalismo funcionou para subjugar os trabalhadores e destruir-lhe os mecanismos de financiamento de direitos financiados por fundos mutuais e impostos.

Agora tomemos o princípio do capitalismo: a ambição humana. O desejo de melhorar de vida, de ter progresso material seria a matriz que justificaria todo o sucesso do sistema. Então ao vencedor tudo e aos perdedores nada. Adam Smith acreditava que o sistema seria equilibrado e na somatória geral todos seriam vencedores, mas nunca se viu isso desde a era do mercantilismo até hoje nesta crise. Os vencedores ultrapassam suas ambições e destroem as ambições dos outros.

Os americanos raciocinando com o comportamento social de pessoas que compram seguros descobriram uma “moral hazard”, ou seja, um risco moral. A ambição humana tenderia no processo de acumulação a descuidar-se dos mecanismos necessários e entrariam na zona de risco que destruiria sua própria segurança. Isso explicaria todas as bolhas do atual capitalismo. Assim como um dono de carro que após segurá-lo passa a descuidar-se com a segurança do mesmo.

Este é o estado de espírito do país mais bem sucedido e o vencedor da guerra contra o socialismo, inclusive quem inaugurou o neoliberalismo que atacou os direitos dos trabalhadores. Eles oscilam entre a ambição e o risco moral. Como antes entre vencedores e perdedores. Entre o fracasso e a segunda chance. Estes três pontos oscilantes resumem toda a cultura americana expressa nos meios mais atuais: cinema, música e artes plásticas.

As rebeliões populares a recordarem as revoluções entre o final do século XVIII e século XX parecem expressar o levante do pólo dos trabalhadores. Mesmo com todas as especulações sobre pós-fordismo ou pós-modernidade, o certo é que não se pode criar, inventar novas formas apenas repetindo as mesmas coisas. A luta de contrários entre capital e trabalho permanece no frontispício da história e esta certamente não acabou.

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