terça-feira, 8 de maio de 2012

Correia de Transmissão - José do Vale PInheiro Feitosa

Não sei se acontece com vocês: receber e-mails furibundos contra Fidel, Chávez, Kirchner, Morales e, claro, Lula e seus derivados. De vez em quando ao sabor do mais evidente na mídia: Kadhafi, Assad, Putin, a China e o Irã. Fechamos a lista? Não existem outras coisas como as FARCs, os Sandinistas, e eventuais movimentos de mesmo naipe que desagradam os emissores de tais e-mails. Algum tempo passado alguém me cobrou uma posição sobre Ingrid Bettencourt naquele tempo uma prisioneira vítima de sequestro das FARCs. Parecia querer-me colocar em contradição talvez pensando que defenderia sequestros odientos e de impacto político negativo. Acontece que Ingrid foi solta e logo depois se envolveu em notícias extremamente negativas para ela, entre as quais o fato de ser herdeira milionária e ter financiado de modo fraudulento a campanha presidencial de Sarkozy. Nem um murmúrio daquela provocação surgiu sobre a evolução dos fatos. 

Associo esta prática como a um motor que já tem uma estrutura pré-definida e que existe meramente para servir de correia de transmissão ideológica de um tipo de escolha da história. Estes motores simplesmente passam adiante aquilo que chega pronto e mesmo quando existem resíduos sólidos no combustível que os movem, não são capazes de reclamar nem a pureza necessária ao seu bom funcionamento. Existe a mesma prática e a mesma natureza no campo oposto da ideologia exposta. Funcionam do mesmo modo e com o mesmo comportamento mecânico. O que de nós temos conta é que os motores são invenções nossas, somos críticos, aceitamos a pluralidade da realidade e buscamos caminhos que universalize o bem estar geral da humanidade. Mas considerando suas contradições, inclusive com a natureza. 

Hoje mais de um milhar de palestinos prisioneiros de Israel faz uma greve de fome e não se ler ou se ouve a repercussão do fato. Pelo menos nas dimensões que refletem, por exemplo, se for algum dissidente cubano ou chinês manchetes estampariam – alguém duvida que a história do dissidente cego fosse uma narrativa para juntar “emoções” às negociações de Hillary Clinton em visita à China? 

 O Governador da Flórida deixou furibundo os anticastristas do estado: após promulgar uma lei que punia empresas que operassem na Flórida e em Cuba (atingia a Odebrecht), escreveu uma carta pedindo à União que referendasse sua lei. Acontece que o estado não pode legislar sobre questão exterior, mas a ação da dissidência cubana queria impor a lei com base na decisão federal de manter o boicote a Cuba. 

E o caso Valladares? Armando Valladares praticou atos de sabotagem no interior de Cuba, foi preso por isso e virou um herói paraplégico a “sofrer numa cadeira de rodas”. A pressão foi tanta que o governo cubano resolveu liberá-lo num avião que o levaria à França. Os policiais que transportavam Valladares, empurrando a cadeira de rodas disseram: "explicamos-lhe que ou se levantava sem ajuda e subia ao avião para ir a França, ou seguia fingindo e o devolvíamos ao cárcere. Ele saltou disparado da cadeira de rodas como um gato e subiu correndo ao avião." Isso não lembra o caso Cachoeira e a Veja? Fraude e farsa e o pessoal transmitindo.

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