terça-feira, 29 de maio de 2012

Gilmar Incendeia Sentimentos? - José do Vale Pinheiro Feitosa


Menos pessoal. Menos. Não precisa odiar o Lula só por ele ter levado pobres para as gôndolas dos supermercados. Por não ter mais aquela mão-de-obra por um prato de comida ou uma camisa de segunda. Não precisa achar que o PT é o último ato da política e que depois dele só uma nova ditadura.
A democracia é para todos e mesmo que coloquemos as opiniões individuais sobre o conjunto da sociedade, não precisa se tornar uma falange perseguindo quem pensa diferente. O vírus do golpe e da violência está aninhado em alguns corações. É a minoria, mas é preciso reconhecer que ela existe.

Por exemplo, hoje há um discurso hegemônico nos editorais das grandes corporações de comunicação, mas simultaneamente nas redes sociais e nos blogs o debate flui de modo plural. Alguns com muito desrespeito e mais virulência do que ideias, mas o conteúdo maior é a pluralidade.

Então vou dar uma opinião. Quem puder que leia a íntegra da entrevista dada ontem em Manaus pelo Ministro Gilmar Mendes do STF. Em momento algum ele afirma ter Lula o chantageado e pedido o adiamento do Mensalão como saiu na reportagem da Veja. Ao contar a ocorrência das conversas com Lula a versão dele é muito mais de conclusões próprias do teor das conversas do que propriamente um fala do ex-presidente.

Fica evidente na reportagem da revista Veja que Gilmar Mendes estava convicto que alguma ameaça recaia sobre ele por conta da sua proximidade com Cachoeira a partir da relação dele com Demóstenes. O teor da Veja é um surto persecutório do Ministro e a entrevista de ontem uma fabulação sobre a conversa que teve com Lula.

Ainda não dei opinião, mas agora vou. O Gilmar Mendes será um Ministro impedido no julgamento do Mensalão. Ele já anunciou o seu voto na matéria da Veja e na entrevista. Ele até editorou o julgamento que dará. Se existe alguém de bom senso entre os processados vai entrar com esta questão no STF.  
   
Por último sobre o Estado Policial que ele denuncia. Ele pode até citar procedimentos incorretos e pedir punição para quem os pratica. Não pode é negar a investigação para subsidiar o julgamento do Poder Judiciário quando apresenta ilações sem qualificar os eventos. Por exemplo, a magistratura não invalidou a Operação Sathiagraha que decorreu de uma investigação? Muitos brasileiros não gostaram desta decisão, mas continua valendo, comprovando que estamos num Estado de Direito Democrático.

Sem investigação policial estamos retornando ao Estado Monárquico em que o juiz é a mesmo tempo senhor do antes, do agora e do depois.   

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