quarta-feira, 30 de maio de 2012

Gilmar Mendes: O CANDIDATO? - José do Vale Pinheiro Feitosa


Se alguém pensa cobras e lagartos do Prefeito, do Governador, do ex-candidato à Presidência José Serra, de Fernando Henrique Cardoso, Dilma e Lula, como dizia Millor: livre pensar é só pensar. Quando um de nós se encontra na roda de amigos e correligionários e expressa suas cobras e lagartos, pode até alguém censurar as expressões, mas o comum é que se acrescentem mais alguns adjetivos.

Assim caminha a humanidade e até pode ser que as cobras e lagartos contribuam para o avanço das liberdades e da democracia. Mas certo é que promove reação e se não expressa em igual força pelo menos pensada. E pensar, como dito, pode ser apenas pensar, mas tem a natureza da acumulação para ações futuras.

Ir para as praças públicas e para os meios de comunicação e destilar veneno sobre alguém ou sobre instituições culturais, religiosas e políticas é a matriz do atrito e dos conflitos. Isso ocorre o tempo todo e daí surgem, a depender de certos fatores acumulados, as manifestações coletivas de luta e ódio.

Agora transportemos essa questão para o caso Gilmar Mendes ontem agredindo Lula com denúncias que são nitidamente fabulações suas sobre insinuações que correm na internet a comprometer-lhe com Cachoeira e Demóstenes. Mas as denúncias contra ele não aparecem na grande imprensa que é sua porta voz.

Mesmo que Gilmar Mendes, que pertence ao colegiado que preside o Poder Judiciário, dissesse o mesmo que disse ontem na imprensa a respeito do punguista que lhe arrancou vistoso cordão de ouro enquanto passeava pela beira mar de Fortaleza, estaria exorbitando e destruindo o equilíbrio do poder que lhe cabe. Gilmar Mendes, espera-se, seja processado por Lula ao investir contra a dignidade e o decoro do ex-presidente.

Agora vem a questão principal. E por que Gilmar Mendes diz cobras e lagartas de Lula? Um dos melhores presidentes* do país e um personagem de repercussão mundial? É simples como a oposição é esta lerdeza, as famílias que controlam a mídia nacional ocuparam a oposição e acharam o candidato de oposição dos seus sonhos: audacioso, boquirroto e sem medidas para o que diz.

Collor de Mello hoje aliado do governo desempenhou o mesmo papel. Jovem, arrogante e inexperiente não viu que do mesmo modo como criaram o personagem, bastava outro enredo para destruí-lo. O golpe militar de 64 e a partir daí no restante da América do Sul foi consolidado no encontro da OEA em 62 em Punta del Leste no Uruguai, mas ali era apenas uma senha do Governo Americana para que a elite civil desse o golpe. O golpe teve como instrumento os militares, mas a alma da ditadura foi civil e neste civil teve o papel fundamental dessas mesmas famílias e mais personagens como Chateaubriand.

Agora começam a construir a alternativa furibunda da oposição. A mídia não considera mais convenientes personagens elegantes como Fernando Henrique e nem meio barro e meio tijolo como Serra. Ela agora quer o troglodita, de porrete na mão e jogando pedras na trincheira dos adversários da mídia. Gilmar Mendes neste episódio desempenha este personagem.

Ele daqui a pouco irá se aposentar no STF, já tem o argumento e só falta o roteiro para assumir o papel. Vai radicalizar a política, não tem o menor respeito pelas instituições e nem pelo cidadão. Vem de uma família patriarcal de Mato Grosso que imagina o povo como o estrato sobre o qual pisa com suas botas de fazendeiro.

Se o roteiro atende aos objetivos da mídia ele tenta ser Presidente da República, se eleito for, ele não será um presidente diferente do que foi como Ministro do STF: jogando para a plateia seleta dos seus pares enquanto acusa o povo de se fartar demais e trabalhar de menos.

Caso a crise econômica mundial evolua, o personagem é ele ou alguém assemelhado. Se não acontecer isso e a elite tentar de qualquer modo o perfil será fragorosamente rejeitado pelo eleitor. Do mesmo modo como nas condições normais de temperatura e pressão a França jamais elegerá Jean Marie Le Pen. 

Agora vem o teste de sabedoria de Lula e do seu partido. Deixar Gilmar cavalgar nas costas do bem avaliado ex-presidente a assim conquistar a notoriedade popular que não lhe é presente? Sinceramente ao contrário do que muitos analistas dizem: Gilmar não é apenas um destemperado, ele queria lançar a bomba próxima às eleições, mas a Veja, acossada por denúncia detonou antes.   
  
De resto é tudo política num ano eleitoral.   

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