sábado, 28 de julho de 2012

E o nosso Centro de Convenções, hein?

Já foram inauguradas obras do Governo do Estado nos municípios de Juazeiro do Norte (Hospital Regional) e a Ceasa Cariri (Barbalha). Por que não cobramos a conclusão daquele (horroroso projeto!) mondrongo na beira da pista que pode se transformar no nosso Centro de Convenções! Quais convenções?

Do Berro para o CaririCult, a História do Rock Cariri contada pelo Michel Macedo da Glory Fate e Hey Bulldogo´ria d

A História do Rock no Cariri (capítulo 'dos anos 80 a 2002')

Arquivo Cariri # 19 | Do papel # 10

Neste 13 de julho, Dia Mundial do Rock, resolvemos resgatar uma história escrita há 10 anos. Em 2002, a Revista Geral publicou um texto de Michel Macedo — atualmente professor do Curso de Letras da URCA e integrante das bandas Glory Fate e Rei Bulldog — contando a História do Rock no Cariri cearense. Na época, a Revista dividiu o texto em três partes, nas edições 09, 10 e 11.

Hoje, 10 anos após a impressão do relato, resolvemos (re)lançá-lo no nosso blog. Além de servir como um registro da história do movimento roqueiro na região, sua (re)publicação também serve para informar da volta da Revista Geral, que brevemente lançará nova edição impressa. E O Berro e o Geral neste momento reforçam uma parceria que remete ao início dos anos 2000, quando as equipes das duas publicações se juntavam na organização de eventos, como o Rock Pop Cariri (no Navegarte).

Este texto de Michel é o primeiro da Revista Geral que será reproduzido pelo Blog, mas em breve teremos outros conteúdos, tanto antigos como os que sairão na nova edição.

E sem mais delongas, vamos à História do Rock no Cariri. Apenas lembramos que a matéria foi escrita em 2002 e que, obviamente, de lá pra cá muita água já rolou (mas esses últimos 10 anos serão assunto pra outro momento). Clique nas imagens para ampliá-las.
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A História do Rock no Cariri
por Michel Macedo

Parte 1 (Geral, ano 3, n.9 - Fev/Mar de 2002)

A história do rock no Cariri é algo que não foi muito bem documentado. Talvez haja algumas lacunas que não serão exatamente explicadas neste texto, mas essa é, particularmente, a história que eu vivi e vi meus amigos viverem.

As primeiras grandes bandas que vieram ao Brasil foram o Van Halen e o Kiss, daí, em 1985 aconteceu o primeiro Rock in Rio (o de verdade). Em Juazeiro do Norte havia um calçadão na Rua Santa Luzia, entre a Padre Cícero e a São Pedro. Lá, nos fins de semana se reuniam os jovens mais enturmados cansados de dar voltas na Praça Padre Cícero.

Aos domingos bandas de baile animavam as noites com aquele hard rock dos anos 80. Havia também o Bar de Téo, cheio de pôsteres nas paredes, onde a juventude mais “maluca” se reunia para beber e ouvir rock. Naquela época o que havia de mais pesado era o Kiss, Van Halen, Europe e o guitarrista da vez era o Peter Frampton.

Uns dois anos depois o calçadão foi desfeito e todos ficaram órfãos. Nesta época surgiu a loja Et Cetera, uma verdadeira escola para os pretendentes a rockeiros da época (como eu), que nos fazia deixar de lanchar no colégio para comprar sonhos gravados em vinil.

Por volta de 1986/1987 surgiu a primeira banda de rock, pelo menos que eu tenha conhecimento, a Pombos Urbanos, formada por jovens de Juazeiro e Crato. Era também época de final de ditadura militar, o movimento estudantil ainda era muito forte, os universitários buscavam alguma razão de viver. E isso se manifestava nos shows promovidos no auditório da [Rádio] Educadora, em frente à URCA (Campus do Pimenta), onde a Pombos Urbanos enlouquecia a noite.

A Pombos Urbanos mudou de nome para Fator RH, nome que lhes deu fama, e depois para Lerfa Um (com o qual gravaram a primeira fita demo de rock do interior do Ceará). Apesar de cantarem em português, fizeram com que o movimento crescesse muito no Crato, que chegou a ter uma enorme tribo de headbangers (como eram conhecidos os adeptos do heavy metal, os batedores de cabeça: camisa preta, cabelo grande e as famosas botas Comander). Nesta época também aconteciam festas monumentais apenas com som mecânico, nas casas de alguém da turma que os pais viajassem.

Era um movimento jovem que crescia muito rápido na época. Uma época em que não havia ainda a MTV e os vídeos cassetes ainda eram escassos, todas as informações e discos novos eram trazidos por alguém que viajasse para alguma capital.

Com o passar do tempo, novos ex-meninos, agora rapazes, já começavam a sonhar com sua própria banda, influenciados pelos shows do Fator RH e também pela mídia, o hard rock americano e bandas como Legião Urbana, Barão Vermelho e Camisa de Vênus eram o som do momento.

Tudo isso seria revelado no primeiro grande festival de rock que aconteceu no Crato, organizado pelos estudantes de Letras da URCA, o URCASTOCK, que será dissecado na próxima edição.


Parte 2 (Geral, ano 3, n.10 - Jun/Jul de 2002)

O ano agora era 1990. Nova década. Naqueles tempos havia o Festival Estudantil da Canção, no Crato, e as então famosas “feiras de ciências” dos colégios em Juazeiro. Nesta época surgiu a banda Eutanásia, que tocava covers do que havia de melhor no rock pop nacional da época. Esta banda brilhou em várias “feiras de ciências”, em particular as do Colégio Salesiano, em seus tempos áureos.

A década de 90 foi muito boa em termos de divulgação do rock, já havia a MTV por aqui (nas parabólicas) e o mundo do rock ficou menor. Várias bandas iam surgindo e daí veio a ideia do primeiro festival unicamente de rock na região, encabeçado pelo então Centro Acadêmico de Letras da Universidade Regional do Cariri - URCA. Houve, na época, um certo temor se tudo daria certo, mas o I URCASTOCK FESTIVAL foi um sucesso absoluto, dois dias de shows, contando com 9 bandas, das quais vinagaram a Shadows (punk rock, covers do Ramones e Sex Pistols), Calliope (rock'n'roll & heavy metal ?!?!?!), Lynx (rock pop e baladas hard rock) e Náusea (hardcore).

Este festival abriu muitas portas para o movimento que tomava ares de profissionalismo. Houve ainda uma segunda versão deste festival, mas foi muito descaracterizada, em outro local e sem o glamour do primeiro. Estas quatro bandas ainda fizeram várias outras apresentações em Festas de Barbalha, Exposição do Crato, Arte na Praça em Juazeiro e barzinhos.

No segundo semestre de 1992 o heavy metal crescia muito em todo o Brasil, surgindo então a StormBringer (foto ao lado), a primeira banda realmente com intenções de rock pesado, com composições próprias e covers de bandas como Iron Maiden, Judas Priest, Helloween, Viper, etc. A StormBringer reinou absoluta até 1994, tocando em Exposições do Crato, Festas de Barbalha e até em outras cidades, como Iguatu e Milagres. Outro bom momento foi a comemoração dos 10 anos de Xá de Flor (tradicional bar no Crato que era encontro do pessoal cabeça e bicho-grilos de plantão), foram 3 dias de shows, com a participação do Fator RH, StormBringer, Leninha e muitos outros.

Também aparecia a primeira loja exclusivamente Rock da região, a Porão Discos, que muito contribuiu para o crescimento do cenário de bandas, fãs e shows na região. Nessa época, Juazeiro do Norte até entrou na lista dos grandes centros de heavy metal do Nordeste, e até do Brasil, aconteceram vários shows considerados grandes para o porte da cidade, várias bandas de Fortaleza tocaram aqui, como as finadas Beowulf, Darkside, G.S. Truds, Tribunos da Plebe, Hefestus e, as ainda na ativa, Insanity e Obskure. Também tocaram o Restless (de Brasília) e o Krisiun e Nervochaos (São Paulo) — lembrando que o Krisiun é hoje uma das grandes bandas do Brasil, fazendo bastante sucesso na Europa.

Era uma época animada, quando havia uma grande galera unida que não media esforços para ir aos shows e dar apoio às bandas, houvesse chuva ou sol, todos estavam lá para gritar e agitar durante todo o show, que acontecia em locais de fácil acesso — como a Iguatemi — ou mesmo lugares obscuros — como uma tal de Brasília Casa de Shows ou mesmo o antigo Jackson, bairro Pio XII [em Juazeiro].

Em 1994 a StormBringer praticamente acabou e virou duas bandas (a outra era a Rising Hammer), voltando em 1996 com nova formação. O movimento do rock, agora mais punk e heavy metal, era dos melhores ainda, com novas bandas, como Traumatismo Craniano (que foi a primeira banda pesada a gravar fita demo na região), Mesocrânio, Chemichal Death, Fuzor (eu espero não estar esquecendo ninguém, pelo menos ninguém que mereça destaque).

Já por volta de 1997 surgia por aqui uma febre importada dos Estados Unidos chamada Nirvana, que influenciou todo um movimento, as antigas bandas punk estilo Ramones e Sex Pistols cederam ao grunge vindo de Seattle. Vale destacar bandas como a Hidrophobia (que inclusive gravou uma fita demo que hoje é tida como raridade) e a Neurize, ainda na ativa.

No próximo e último capítulo falaremos da evolução das bandas, dos trabalhos gravados, da atual cena rocker da região e do que o futuro talvez nos espera.


Parte 3 - Última, mas não a final (Geral, ano 3, n.11 - Set/Out de 2002)

Antes de começar, gostaria de agradecer os e-mails que me refrescaram a memória, afinal errar é humano, ainda mais pra um já dinossauro do rock como eu, todo enrugado e com poucos neurônios devido a tantas Exposições do Crato mal dormidas.

Esqueci, no capítulo anterior, de mencionar 3 bandas que tiveram grande influência: a Prisma 777, que durou pouco mas viveu intensamente, participando de vários shows, inclusive abrindo shows importantes como o do Darkside (Fortaleza); a The Brothers, que tocava rock nacional, depois virou cover do (argh!) Legião Urbana e hoje toca jovem guarda com o nome de Banda Arquivo; e também a Fator X, que tocava músicas próprias e tinha Adriano como vocalista, com sua performance peculiar vestido de Edward Mãos de Tesoura misturado com Peter Gabriel, só vendo pra crer.

Agora era final da década de 90, a febre do Nirvana ainda dominava o mundo, a StormBringer mudava de nome para Glory Fate; os meninos do Dr. Raiz já começavam a ensaiar, com o nome de UTI, tocando covers do Ramones; o Death e o Black Metal também já chegavam ao Juazeiro; várias bandas surgiam a cada dia, outras acabavam, tudo fervia movido a rock. Dessa época só sobreviveram os mais teimosos. Também surgiam bandas de outras localidades, como o Sétimo Selo, de Mauriti, que chegou a gravar um CD. No Crato, um maluco de Curitiba montava um bar destinado ao rock, o Saint's, depois chamado Darkside, onde a galera se reunia nos fins de semana pra curtir a night. Foi lá que o Dr. Raiz fez seu primeiro show, num palco minúsculo, no quintalzinho do bar.

Também no Crato, tínhamos ótimas Exposições, com a consagração total da barraca Los Zetas — a única diferente —, e havia um espaço para os artistas da terra. Essa época marcou muito as bandas pela busca do profissionalismo, vendo que os shows estavam meio parados aqui, muitos gravaram demo tapes que tiveram boa aceitação em nível nacional e até internacional: a StormBringer gravou duas demo tapes, em seguida o CD, já com o nome Glory Fate e se mandou Nordeste afora, tocando em cidades como Recife, Fortaleza, São Luís e João Pessoa. Surgiram também grandes bandas como a Mesocrânio (death metal) que teve boa repercussão com seu CD demo, e a Malebouge (black metal), que também gravou uma demo, ambas também foram ver o mar e tiveram ótima aceitação em nossa capital. Outros deixaram a cidade em busca de novas oportunidades, como o famoso Junior Grunge, que foi para São Paulo e de lá trouxe sua banda Insânia para a cidade.

Já no ano 2000 surgiu o Navegarte, no Crato, marcando outra época mágica e efêmera. Lá, quinzenalmente, aos domingos, sob a responsabilidade do Geral e do Berro aconteciam verdadeiras tertúlias (encontros de amigos), ao som de bandas como a Glory Fate, Post Scriptum, Dona Persona, Maria Doida, Sétimo Selo e outras, a galera se divertia bastante.

Hoje podemos dizer que o rock veio para ficar em nossa(s) cidade(s), as bandas já estão mais estruturadas, já existem estúdios para ensaios, e os jovens se encontram nesta forma de linguagem tão peculiar que nunca vai envelhecer, sobrevivendo às raízes das ervas daninhas (nada a ver com o Dr. Raiz, e sim com essa moda do forró pé no saco) e aos modismos em geral, podemos gritar a uma só voz, duas frases eternas:

Long Live Rock'n'Roll!!!
& Heavy Metal is the Law!!!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Vestibular em Matozinho


Matozinho teve sua primeira escola regular sob a batuta, ou a palmatória,  de D. Filomena Garrido. Sistemática, rigorosa, D. Filó alfabetizou muitas gerações de matozenses,  com a indispensável ajuda de bolos e chulipas. Cabra aprendia o ABC ou largava  o couro das mãos. Até em Piaget ela daria pesqueiro. Só muitos anos depois,  surgiu o primeiro Grupo Escolar que  estendia os estudos  até o Exame de Admissão , o que já era de causar admiração. Já nos anos 70, fundou-se o Colégio Filomena Garrido, em homenagem à primeira educadora da cidade, naquelas alturas já ministrando aulas na corte celeste. O Colégio fez com que os primeiros matozenses conseguissem completar todo o Ensino Médio. Causou certa estranheza, pois, que a partir dos anos 90 começasse uma avalanche de Faculdades a se instalar na ainda pobre e provinciana vila de Matozinho. Primeiro foi uma Faculdade Pública estadual com um nome meio estrambótico : FAVAJU – Faculdades do Vale da Jurumenha. Oferecia alguns poucos cursos como Contabilidade, Pedagogia, Letras, Geografia.  Instalada por Sindé Bandeira, o prefeito, a FAVAJU era pública, mas cobrava uma ajuda de custo aos alunos, para manutenção. Logo depois, começaram a aparecer extensões de outras Faculdades do Estado, todas elas públicas, mas também pagas . E, por fim, instalaram-se mais três Faculdades particulares em Matozinho. Contavam-se, em poucos anos, mais de sete Faculdades oferecendo cursos superiores, numa região pobre e, mais, com altos índices de analfabetismo.
                                               Como era previsível, rápido se estabeleceu uma grande concorrência por alunos. Sindé Bandeira , preocupado com a sobrevivência dos cursos, encaminhou um Decreto-Lei para a Câmara de Vereadores, aprovado por unanimidade, em que tirava a exigência de qualquer histórico escolar para acesso ao Nível Superior. Basta passar no Vestibular, dizia Sindé! Justificava-se dizendo  não podia haver preconceito: a ordem é inclusão, meus amigos ! Mouco, Surdo, Cego, Doido não podem entrar na Faculdade? Por que analfabeto tem que ser discriminado? Que faça o vestibular! E mais, tem que ter uma pessoa para acompanhar e ler as questões e, também, dar uma ajudazinha. A Secretaria de Educação, também, reuniu-se com as diversas Faculdades no sentido de facilitarem um pouco as questões do exame seletivo. Aí apareceram quesitos mais fáceis como : “O Prefeito de Matozinho é Sinderval: a) Fâmula; b) Hino; c) Bandeira; d) Mastro. Abriram-se ainda cursos superiores em áreas mais apetitosas ao povão : “Chapéu, Arupemba, Balaio e Caçuá”; “Landuá Soca-Soca , Bodoque e Baladeira”; “Macramê, Fuxico, Bordado,  e Frivolitê”; “Rosário de Coco, Passa-Raiva, Filhós e Quebra-Queixo”; “Tabaqueiro, Tamanco, Palito e Chapéu de Couro”.
                                               Tomadas as devidas providências,  a vida universitária em Matozinho tem ido de vento em popa. Daqui a mais dois ou três anos vamos ter doutor de sobra na cidade, já vaticinou Zé Fubuia. O Matadouro Municipal está atrás de contratar um auxiliar de limpador de tripa , mas já veio com exigência : só aceita com nível superior e de anelão no dedo!
                                               Mês passado  aconteceu mais um Vestibular Integrado das Faculdades de Matozinho-- INFAME , nos últimos anos trazendo um grande afluxo de pessoas das cidades próximos que perfazem a Grande Matozinho. Em Serrinha dos Nicodemos, Gilberto da Topic fazia contratos com alguns alunos para levar e trazê-los após as provas . Naquele semestre transportou doze estudantes de Serrinha e mais cinco de Aparecida do Norte, um outro arruado, distrito de Matozinho. Conduzia-os pela manhã e trazia-os após as provas. Marcado o dia da publicação do resultado final  do INFAME, os alunos o contrataram novamente para ir até a  FAVAJU , verificar se tinham sido aprovados. O topiqueiro se dirigiu à Secretaria da Faculdade e lá explicou que se chamava Gilberto e tinha vindo de Serrinha dos Nicodemos e Aparecida do Norte a mando de alguns estudantes para saber se tinham passado no Vestibular. Entregou a relação dos alunos   a uma mocinha fardada, com crachá da Faculdade que a identificava como Secretária. A burocrata folheou uma extensa relação de nomes e foi pouco a pouco procedendo à checklist dos vestibulandos. Parou por um momento o caqueado  e voltou a perguntar o nome do motorista.
                               --  Gilberto de Serrinha do Nicodemos e Aparecida, minha senhora !
                               Passados alguns instantes, a mocinha voltou toda sorrisos e avisou:
                               -- Meus parabéns, por coincidência todos foram aprovados ! Aproveite e dê nossas mais profundas congratulações aos novos universitários, em especial ao Sr. Gilberto ,ao Sr. Nicodemos que obtiveram  médias ótimas  e, principalmente à Sra. Aparecida do Norte, ela é cobra : tirou o segundo lugar !

J. Flávio Vieira

AGENDE-SE!



SESC Juazeiro Convida - Mostra de Música Instrumental
Programação:

Dia 6/8

19h - Kaoll interpreta Pink Floyd 

Dia 7/8

19h - Projeto Sonora Brasil – Sotaques do Fole

Dia 8/8

19h - Jair Santos: Violão e Pandeiro na música instrumental brasileira

Dia 9/8 

19h - Ibbertson Nobre

20h30 Iremar Galvão e convidados

Dia 10/8

19h - Cariri Sax

20h30 - Welton Sax

Dia 11/8

19h - Synkrasis 

20h30 - Ranier Oliveira

Local: Teatro SESC Patativa do Assaré
Entrada Gratuita


Programa Cultura SESC Cariri
(88) 3587 1065 (SESC Juazeiro)
(88) 3523 4444 (SESC Crato)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

GUERRILHA DAS ARTES 2012



EDITAL DE SELEÇÃO 2012


APRESENTAÇÃO

Artigo 1º - A Guerrilha do Ato Dramático Caririense é um movimento de afirmação da identidade cultural brasileira, a partir da exposição de espetáculos de artes cênicas produzidos e realizados no Cariri cearense, cuja finalidade maior é promover e difundir o teatro, a dança e o circo, contribuindo para seu desenvolvimento, valorização, conquista de plateias e intercâmbio. 

Artigo 2º - A Guerrilha do Ato Dramático Caririense é uma realização da Sociedade Cariri das Artes, através da Cia. Cearense de Teatro Brincante, em sintonia com companhias e grupos em atividade na região, sendo esta sua 4ª edição.

Artigo 3º - A 4ª Guerrilha do Ato Dramático Caririense acontecerá no período de 3 a 17 de novembro de 2012, no Cariri, Estado do Ceará, e sua organização e funcionamento são regidos pelo presente edital.


PARTICIPAÇÃO

Artigo 4º - Poderão participar companhias e grupos de teatro, dança e circo em atividade na região do Cariri cearense, com espetáculo de duração mínima de 40 minutos, nas modalidades palco à italiana, arena e rua.

Parágrafo Primeiro - Os espetáculos submetidos à seleção terão, obrigatoriamente, que já ter estreado até o ato de sua inscrição, não sendo vedada a participação de espetáculos que tenham sido apresentados em edições anteriores da Guerrilha. 

Parágrafo Segundo - A convite da organização, companhias e grupos de outras regiões do estado, do restante do país e estrangeiras poderão integrar a programação, como forma de incremento do intercâmbio e compartilhamento de processos criativos.


INSCRIÇÃO

Artigo 5º - A inscrição na 4ª Guerrilha do Ato Dramático Caririense poderá ser feita no período de 22 de julho a 22 de agosto de 2012, mediante o preenchimento da ficha constante do Anexo Único deste edital e apresentação dos documentos indicados no Parágrafo Primeiro deste artigo.

Parágrafo Primeiro - É obrigatória a apresentação dos seguintes itens:

a. Ficha técnica básica com elenco, corpo técnico e necessidades técnico-operacionais;
b. Sinopse;
c. Mapa e planilha de iluminação;
d. Vídeo completo do espetáculo (ou link de acesso na internet);
e. Até 3 fotos em boa resolução;
f. Relação nominal dos integrantes com nome completo, número de RG, CPF e Registro Profissional (caso tenha para o endereço,);
g. Termo de cessão de direitos/autorização de montagem emitida pelo autor, SBAT ou outro órgão de representação legal;
h. Currículo da companhia/grupo. 

Parágrafo Segundo - A ficha de inscrição de que trata o presente artigo, assim como as informações nele solicitadas poderão ser enviadas para o e-mail (PDF, JPG ou DOC): 

ciacearensedeteatrobrincante@gmail.com 

ou pelos correios, com Aviso de Recebimento (AR), para o endereço abaixo:

SOCIEDADE CARIRI DAS ARTES 
4ª Guerrilha do Ato Dramático Caririense 2012 
Rua Monsenhor Fco. de Assis Feitosa, 504 
Centro, Crato-CE, CEP: 63.100-360 


CACHÊS

Artigo 6º - O cachê referente à apresentação de cada espetáculo será definido posteriormente, em negociação com a companhia/grupo, caso seja esta a modalidade de pagamento.

Artigo 7º - Na hipótese do cachê ser vinculado à bilheteria da apresentação, proceder-se-á da seguinte forma: 

a. Companhias/Grupos com espetáculo cujos atores e diretor/a tenham registro profissional: 70% (setenta porcento) da arrecadação bruta da bilheteria de sua apresentação;
b. Companhias/Grupos com espetáculo com diretor/a e ou elenco, mesmo que parcialmente, sejam compostos integrantes sem registro profissional: 50% (cinquenta porcento) da arrecadação bruta da bilheteria de sua apresentação.

Parágrafo Único - Para efeito de comprovação ao que trata a alínea “a” deste artigo, a companhia/grupo deve apresentar o nº do registro profissional de seus integrantes no ato da inscrição.


DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 7º - A 4ª Guerrilha do Ato Dramático Caririense será composta de 15 (quinze) espetáculos, entre selecionados por este edital e convidados.

Artigo 8º - Cada companhia/grupo será responsável por suas despesas referentes a deslocamento e estadia.

Artigo 9º - Caberá à organização do evento o custeio de material de divulgação impressa da programação, bem como garantir as condições técnicas para a realização dos espetáculos.

Artigo 10 - Cada companhia/grupo/espetáculo deverá, para efetivar sua participação, assinar contrato com a entidade promotora, com o visto do SATED-CE. 

Artigo 11 - Caberá às companhias/grupos divulgar seu espetáculo, utilizando-se dos meios que lhes forem possíveis.

Artigo 12 - A Curadoria dos espetáculos selecionados e convidados caberá à Comissão Organizadora designada pela Sociedade Cariri das Artes / Cia. Cearense de Teatro Brincante, podendo esta solicitar o apoio técnico e consultoria de pessoas com notório conhecimento na área.

Artigo 13 - A data de cada espetáculo será definida logo após a seleção, mediante entendimento entre as partes.

Artigo 14 - Os casos omissos serão resolvidos pela Comissão Organizadora da 4ª Guerrilha do Ato Dramático Caririense.


Crato-Cariri-Ceará, 22 de julho de 2012.


Cacá Araújo
Coordenador Geral 

A ficha de inscrição poderá ser solicitada através do e-mail: ciacearensedeteatrobrincante@gmail.com

sábado, 21 de julho de 2012

1912 é ano centenário do anjo pornográfico NELSON RODRIGUES



Nelson Rodrigues

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues nasceu da cidade do Recife - PE, em 23 de agosto de 1912, quinto filho dos catorze que o casal Maria Esther Falcão e o jornalista Mário Rodrigues puseram no mundo. Os nascidos no Recife, além do biografado, foram Milton, Roberto, Mário Filho, Stella e Joffre. No Rio de Janeiro nasceram os outros oito: Maria Clara, Augustinho, Irene, Paulo, Helena, Dorinha, Elsinha e Dulcinha.
Seu pai, deputado e jornalista do Jornal do Recife, por problemas políticos resolve se  mudar para o Rio de Janeiro, onde vem trabalhar como redator parlamentar do jornal Correio da Manhã. Em julho de 1916, d. Maria Esther e filhos chegam ao Rio de Janeiro num vapor do Lloyd.
Haviam vendido tudo no Recife para cobrir as despesas de viagem, e tiveram que ficar hospedados na casa de Olegário Mariano por algum tempo. Em agosto de 1916 alugaram uma casa na Aldeia Campista, bairro da Zona Norte da cidade, na rua Alegre, 135, onde a família Rodrigues teve seu primeiro teto na cidade.
Nelson ia sendo criado dentro do clima da época: as vizinhas gordas na janela, fiscalizando os outros moradores, solteironas ressentidas, viúvas tristes, com as pernas amarradas com gazes por causa das varizes. Naquela época os nascimentos eram assistidos por parteiras de confiança e eram feitos em casa. Os velórios também eram feitos em casa, usava-se escarradeira e o banho era de bacia. Nelson registrava em sua memória esse cenário. Daí sairiam os personagens de sua obra literária.
Com o autor vivendo seu quarto ano de vida, um fato pitoresco: uma vizinha, d. Caridade, invade a sua casa e diz para sua mãe: "Todos os seus filhos podem freqüentar a minha casa, dona Esther. Menos o Nelson." Como ninguém entendesse a razão de tal proibição, ela afirmou: vira Nelson aos beijos com sua filha Odélia, de três anos, com ele sobre ela, numa atitude assim, assim. Tarado!
Aos sete anos, em 1919, pediu a sua mãe para ir à escola.  Foi matriculado na escola pública Prudente de Morais, a dois quarteirões de sua casa.  Aprendeu a ler rapidamente e era por isso elogiado por sua professora, d. Amália Cristófaro.  Infelizmente não era muito asseado e vivia sendo repreendido por ela.  O que, no entanto, causava espécie, era sua cabeça — desproporcional em relação ao tronco — e suas pernas cabeludas.
Em 1920 ocorreu um fato que, depois, se transformou num dos favoritos do escritor: o do concurso de redação na classe. D. Amália passou a lição: cada aluno deveria escrever sobre um tema livre. A melhor redação seria lida em voz alta na classe. Finda a aula, as composições foram entregues. A professora quase foi ao chão com o trabalho de Nelson: era uma história de adultério. O marido chega em casa, entra no quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e sumindo na madrugada. O marido pega uma faca e liquida a mulher. Depois ajoelha-se e pede perdão. A redação, apesar do espanto que causou em todo o corpo docente, não tinha como não ser premiada, muito embora não pudesse ser lida na classe. A professora inventou um empate e leu a outra composição.
Nesse período, Nelson presenciou grandes discussões entre seus pais, causadas por ciúmes que seu genitor tinha de sua mãe. Influenciado por seus irmão mais velhos, passou a ter a leitura como passatempo, saindo rapidamente do Tico Tico para romances mais "pesados" como Rocambole, de Ponson du Terrail, Epopéia do Amor, Os Amantes de Veneza e Os Amores de Nanico, de Michel Zevaco, O Conde de Monte Cristo e as Memórias de um Médico, de Alexandre Dumas, os fascículos de Elzira, a Morta-Virgem, de Hugo de América, e outros mais. Mudavam os autores, mas no fundo era uma coisa só: a morte punindo o sexo ou o sexo punindo a morte.
Foi em 1919 que o autor descobriu o Fluminense. Foi o primeiro ano do tricampeonato do tricolor, muito embora nem ele nem seu irmão Mário Filho, posteriormente famoso como jornalista esportivo e que teve seu nome escolhido para ser o nome oficial do estádio do Maracanã, tivessem dinheiro para sair da rua Alegria e se deslocarem até Laranjeiras para ver o seu time jogar.
Consolidado seu prestígio junto a Edmundo Bittencourt, do Correio da Manhã, Mário Rodrigues junta sua família e muda-se para a Tijuca, fato que, na época, era mostra de nítida melhora de padrão de vida. Estávamos em 1922.
O autor seguia sua vida, sentindo a ausência do pai, sempre envolvido com a política e o jornalismo. No ano de 1926 foi expulso do Colégio Batista, na Tijuca, na segunda série do ginásio, por rebeldia. Nelson vivia contestando seus professores, em especial dos de Português e História. Foi, então, matriculado no Curso Normal de Preparatórios, na rua do Ouvidor, pois seu pai esperava que ele futuramente prestasse exames no famoso Colégio Pedro II. 
Para compensar a falta de contato com os filhos, Mário Rodrigues permitia sua ida ao Correio da Manhã para visitá-lo. Dizem que jamais sonhou em ter seus filhos jornalistas: as meninas seriam médicas, os meninos advogados. Afinal, a vida que levava não era nada fácil: nomeado diretor do jornal, meteu-se numa batalha entre Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, o que lhe custou um ano de cadeia, em 1924. O motivo: denunciou que usineiros pernambucanos (eles já existiam!) haviam dado um colar no valor de 120 contos de réis à esposa do então presidente Epitácio Pessoa, d. Mary. Negando-se a fugir do país, ficou preso no Quartel dos Barbonos, na rua Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro. A partir da data de sua prisão o jornal que dirigia — Correio da Manhã —  foi silenciado pelo governo por oito meses.
Antes de seu pai ser preso, Nelson e família haviam  mudado para uma casa na rua Inhangá e eram vizinhos do hotel Copacabana Palace. Ali, aos doze anos, o autor aprendeu a nadar. Mas, aos poucos, à medida em que entrava na adolescência, foi sendo possuído por uma indolência melancólica, ficando depressivo, suspirando pelos cantos e dizendo: "Eu sou um triste!".
Durante o tempo em que esteve preso, Edmundo Bittencourt cortou o salário de Mário Rodrigues, dando à mãe de Nelson apenas o suficiente para pagar o aluguel da casa. Mário foi ajudado financeiramente, nessa época, por Geraldo Rocha (proprietário do jornal A Noite, concorrente do Correio da Manhã), sem o que sua esposa e a penca de filhos por certo teriam passado fome. Ao ser libertado, volta ao jornal e é surpreendido com a notícia de que não haveria mais um diretor permanente, cargo esse que detinha. Seria feito um rodízio de diretores. Mas pior do que isso foi o fato de tomar conhecimento de que Edmundo estava tentando se aproximar de seu desafeto Epitácio Pessoa. Mário, em carta desaforada, pediu demissão a Edmundo, dizendo que em breve voltaria para esmagá-lo. Daí surgiu seu próprio jornal, A Manhã.
Nelson inicia sua carreira jornalística em 29 de dezembro de 1925, como repórter de polícia, ganhando trinta mil réis por mês. Tinha treze anos e meio, era alto, magro e seus cabelos eram indomáveis. Embora fosse filho do patrão, teve que comprar calças compridas para impor respeito aos colegas de redação.
Ali reuniam-se colaboradores ilustres: Antônio Torres, Medeiros e Albuquerque, Agripino Grieco, Ronald de Carvalho e Maurício de Lacerda. Além desses, havia a turma da casa: Danton Jobim, Orestes Barbosa, Renato Viana, Joracy Camargo, Odilon Azevedo e Henrique Pongetti. Outra figura de A Manhã era Apparício Torelly — Apporely — que mais tarde se autodenominaria "Barão de Itararé" e fundaria seu próprio jornal, A Manha.
O autor impressiona os colegas com sua capacidade de dramatizar pequenos acontecimentos. Especializou-se em descrever pactos de morte entre jovens namorados, tão constantes naquela época.
Na zona preta do Mangue, na rua Pinto de Azevedo, estavam concentradas as prostitutas mais pobre e esculhambadas, negras na maioria, a dois mil réis por alguns minutos. Mas o autor preferiu as da rua Benedito Hipólito, mais asseadas e que ficavam em ambientes melhores, embora o preço subisse para cinco mil réis. Ali, aos catorze anos, Nelson foi pela primeira vez com uma mulher para dentro de um quarto. Ficou freguês.
O indomável escritor cria um tablóide de quatro páginas intitulado Alma Infantil,nascido da troca de cartas com seu primo Augusto Rodrigues Filho, que não conhecia pessoalmente e que morava no Recife. Ele queria ser como seu pai, um espadachim verbal. Depois de cinco números e muitos ataques a políticos pernambucanos e a cariocas, Nelson desiste do tablóide.
A irmã Dorinha morre em setembro de 1927, aos nove meses, de gastrenterite. Em 1928 a família se transfere para uma nova e luxuosa casa na rua Joaquim Nabuco, 62, em Copacabana. Viviam um momento de muito dinheiro e muita fartura.
Nessa época, o autor e seus irmãos mais velhos trabalhavam no jornal A Manhã: Milton era o secretário, Roberto ilustrava algumas reportagens, Mário Filho começou como gerente, indo depois para a página literária e depois a de esportes. Nelson havia abandonado desde 1927 a terceira série do ginásio no Curso Normal de Preparatórios. Nunca mais voltou à escola, apesar do esforço desenvolvido por seu pai.
Tendo garantido uma coluna assinada na página três do jornal — a página principal — o escritor publica seu primeiro artigo, em 07 de fevereiro de 1928. Tinha o título de "A tragédia de pedra...", com as solenes reticências. Depois vieram "Gritos Bárbaros", "O elogio do silêncio", "A felicidade", e "Palavras ao mar", todos de grande sensibilidade poética. Seu lado monstro só apareceu na crônica de 16 de março, "O rato..." (com as famosas reticências), em que ele conta como viu um rato morto, achatado por um carro, defronte à Biblioteca Nacional. Para desespero de seu pai, começa a "bater" em Ruy Barbosa. No segundo artigo em que esculhambava o "Águia de Haia", antevendo o que aconteceria, Nelson achou que se safaria de seu pai se saísse bem cedo de casa, antes que o "velho" lesse o jornal. Enganou-se. O castigo foi mais duro do que ele imaginava: foi rebaixado, saindo da página três e retornando à seção de polícia, onde trabalhou nos cinco meses seguintes.
Mal teve tempo de voltar à terceira página e o pior acontece. O jornal, mal administrado, está cheio de dívidas. O sócio de seu pai, Antônio Faustino Porto, que há tempos vinha arcando com os pagamentos urgentes, torna-se sócio majoritário e oferece o emprego de diretor a Mário. Este aceita, mas fica só um dia. A intervenção do novo dono em seus artigos faz com que ele e a família deixem o jornal.
Amigo de Melo Viana, vice-presidente da República, no dia em completava 43 anos, 21 de novembro de 1928, e apenas 49 dias depois de perder A Manhã, Mário Rodrigues lançou seu novo jornal de grande sucesso: Crítica, que chegou a ter uma circulação de 130.000 exemplares.
O tenente-coronel Carlos Reis manda a polícia prender todos os Rodrigues que encontrasse, sob a alegação de que um deles era o mandante do assassinato do argentino Carlos Pinto, repórter de A Democracia. Foram, pai e irmãos, todos presos. Nelson escapou por não se encontrar no Rio, em viagem para o Recife, única forma encontrada pela família para tentar livrá-lo da depressão em que se encontrava. Cheio de paixões, ora por Lilia, ora por Carolina e ora por Marisa Torá, estrela da companhia teatral de Alda Garrido.
Ao lado dos primos Augusto e Netinha (com quem mantinha há algum tempo namoro epistolar), conheceu Recife e Olinda, a praia da Boa Viagem e, com Augusto, a zona de mulheres do Cais do Porto, considerada a maior da América do Sul. Sua prima, não se sabe como, tirou-o da depressão, fazendo-o voltar a todo vapor para a redação da Crítica.
Em 26 de dezembro de 1929 o jornal estampa matéria, na primeira página, sobre o desquite de Sylvia e José Thibau Jr. Foi a fórmula encontrada para o diário não sair sem assunto, já que era o primeiro dia após o natal. No dia 27, pela manhã, Sylvia entra na redação da Crítica procurando por Mário Rodrigues. Não o encontrando, pede para falar com seu filho Roberto e dá-lhe um tiro no estômago. Nelson viu e ouviu aquilo tudo. Com dezessete anos e quatro meses, era a primeira cena de violência brutal que presenciava. Seu irmão faleceu no dia 29.
Ninguém conseguirá penetrar no teatro de Nelson Rodrigues sem entender a tragédia provocada pela morte de Roberto. No mesmo dia do enterro, toda a família pôs luto. Os homens ainda podiam sair à rua de terno escuro ou com o fumo na lapela, mas suas irmãs se cobriram de preto da cabeça aos pés. Milton, o irmão mais velho, ia para o porão do palacete, antigo território de Roberto, apagava as luzes e ficava horas no escuro — à espera de um milagre que o fizesse vê-lo e ouvi-lo. Nelson apenas chorava. Joffre, de catorze anos, ganhou um revólver de Mário Rodrigues e passou a andar armado pela cidade à noite. Sabia que Sylvia tivera sua prisão relaxada. Se a encontrasse, a mataria.
Apenas 67 dias após a morte do filho, Mário Rodrigues sofre, aos 44 anos, uma trombose cerebral. Faleceu dias depois de encefalite aguda e hemorragia. Diante de tão sentidas perdas a família não encontra mais condições de morar na mesma casa. Mudam-se para outra casa na rua Sousa Lima, também em Copacabana. Um bafo de sorte surge: Júlio Prestes, que fora elogiado e defendido pela Crítica, vence Getúlio Vargas nas eleições para a presidência da República. Mas o que eles queriam era destruir quem matara Roberto e, por conseqüência, Mário. Sylvia foi absolvida por 5 a 2. O julgamento foi encerrado no dia 23 de agosto, exatamente quando Nelson completava 18 anos.
Estoura a revolução, em 3 de outubro, no Rio Grande do Sul, Minas e quase todo o Nordeste. Crítica, num erro de avaliação, continua a atacar os rebeldes. Em 24 de outubro Washington Luís é deposto e a turba saiu cedo para acertar as contas com os jornais do velho regime. As redações e oficinas de diversos jornais são invadidas e empasteladas. Dentre elas, a do jornal dos Rodrigues. De todos eles só um não voltaria a circular: Crítica. Isso sem contar que Milton e Mário Filho foram novamente presos, porém logo libertados.
Os irmãos começam a procurar emprego, coisa que para eles não estava nada fácil. Foram meses batendo em portas fechadas. Começaram a vender tudo o que tinham para poder sobreviver e, devido ao aluguel sempre atrasado, eram obrigados a mudar de casa a cada três meses. Até que um dia uma porta se abriu para Mário Filho e os outros irmãos penetraram por ela.
Irineu Marinho havia fundado o jornal O Globo em 1925, mas, apenas 21 dias após o jornal circular pela primeira vez, morreu de enfarte. Roberto Marinho, filho de Irineu, era o sucessor natural mas achou-se muito inexperiente para comandar um jornal. Chamou um velho companheiro de seu pai, Euricles de Matos, para tocar o negócio. Mas, em maio de 1931 Euricles também faleceu e Roberto Marinho convida Mário Filho para assumir a página de esportes de O Globo. Mário aceitou, desde que pudesse levar seus irmãos Nelson e Joffre. Roberto Marinho deu seu "de acordo" com a condição de só pagar o ordenado a Mário Filho.
Nelson trabalhou alguns meses no jornal O Tempo. Joffre foi para A Nota, onde já trabalhava o outro irmão, Milton. O escritor era chamado de "filósofo" pelos colegas de O Globo, tinha um aspecto desleixado, um só terno e não vestia meias por não tê-las. Com a ajuda de Mário Martins e o beneplácito de Roberto Marinho, Mário Filho lança seu jornal, Mundo Esportivo, justo no fim do campeonato de futebol. Sem ter assunto, inventaram algo que seria uma mina de dinheiro anos depois: o concurso das escolas de samba.
Em 1932 o autor teve sua carteira assinada em O Globo, um ano após começar a trabalhar naquele diário, com um ordenado de quinhentos mil réis por mês. Entregava todo o dinheiro para sua mãe e recebia uns trocados de volta para comprar seus cigarros (média de quatro carteiras por dia). Em compensação, economizava pois voltava de carona com o "Dr. Roberto" para casa. Para arranjar mais algum dinheiro, trabalhou como redator da firma Ponce & Irmão, distribuidora no Rio dos filmes da RKO Radio Pictures. Criava textos para os anúncios dos filmes nos jornais.
Nesse meio tempo, tinha suas paixões: por Loreto Carbonell, argentina de olhos azuis, bailarina do Municipal; por Eros Volúsia, filha da poetisa Gilka Machado, também bailarina, linda e jovem morena. Dividia com seu irmão Joffre a paixão por ela. Depois vieram Clélia, uma estudante de Copacabana e Alice, professora de Ipanema.
A tosse seca e uma febre baixa, porém persistente, ao por do sol, foram os avisos dados a Nelson, além de sua magreza. Sua irmã Stella, já médica, arranjou uma consulta. O médico pediu que ele dissesse "33" e verificou sintomas de tuberculose pulmonar, o grande fantasma do ano de 1934. Por falta de um diagnóstico precoce, o autor já havia, com apenas 21 anos, arrancado todos os dentes e posto dentadura, numa tentativa de debelar a febre que insistia em não ir embora.
Vai, então, para Campos do Jordão - SP, local recomendado para tratamento, sozinho, sem saber se voltaria. Foi a primeira de uma série de seis internações. Roberto Marinho, sabendo das dificuldades da família, continuou pagando seu ordenado normalmente. Nelson passou 14 meses no Sanatórinho, de abril de 1934 a junho de 1935. Durante esse período só os irmãos Milton e Augustinho foram visitá-lo uma única vez. Compensava a ausência de parentes e amigos com cartas, muitas delas para Alice, a professorinha.
Contam que, em 1935, um doente propôs encenarem um teatrinho. O biografado foi encarregado de escrever a comédia, um "sketch" cômico sobre eles mesmos. Logo nas primeiras cenas a platéia começou a gargalhar e, com isso, surgiram os ataques de tosse que quase fizeram vítimas. Foi a primeira experiência "dramática" de Nelson.
O autor pede ao secretário do jornal O Globo que o transfira da página de esportes para a de cultura. Queria escrever sobre ópera. Com a ajuda de Roberto Marinho consegue a transferência e começa arrasando a "Esmeralda", ópera brasileira do compositor Carlos de Mesquita. Foi sua única incursão nessa área.
Em abril de 1936, a terrível doença atacou seu irmão Joffre, com 21 anos, que foi levado para o Sanatório em Correias - RJ. Nelson ficou a seu lado durante sete meses. No dia 16 de dezembro de 1936 Joffre faleceu.
Em 1937 a redação do jornal só tinha homens. Após muita conversa Roberto Marinho concordou em contratar Elza Bretanha, apadrinhada do diretor administrativo, como secretária de Henrique Tavares, gerente de O Globo Juvenil. Voltando de sua segunda estada em Campos de Jordão, Nelson foi informado da presença de Elza, "dezenove anos, moradora do Estácio e dura na queda." Ele, então, sentenciou: "Está no papo." Errou.
Nelson se aproxima de Elza, expõe sua situação de penúria de saúde e financeira, e fala em casamento. Consultada sua família, não encontrou objeção. Afinal, já tinha 25 anos. A mãe de Elza, d. Concetta, siciliana das boas, quase teve um ataque, tendo a honra de ter sido acompanhada nisso por Roberto Marinho.  Ele disse a Elza: "Está sabendo que vai se casar com um rapaz muito inteligente e de grande talento, mas pobre, absolutamente preguiçoso e doente? Sua mãe está coberta de razão!" Mesmo assim marcaram para se casar no dia do aniversário de Elza: 08 de maio de 1939. Se fosse preciso, fugiriam. Porém, em 13 de maio, mandou para a noiva um recado que dizia: "Amor, estou com a alma cheia de pressentimentos tristes". Era a tuberculose que o atacava novamente.
Nos quatro meses em que ficou internado, Nelson mostrou seu lado ciumento. Vivia atormentado com isso e, na volta, acabou desfazendo o noivado. Mas o coração falou mais forte do que o infundado ciúme e marcaram novamente o casamento, contrariando a mãe da noiva e o patrão de ambos.
No dia 29 de abril de 1940, sem externar qualquer anormalidade, Elza saiu para trabalhar, foi para a casa de uma amiga onde trocou de roupa e casou-se no civil, diante do juiz. Depois, foram comemorar tomando uma média com torrada na leiteria "Palmira". Voltaram para O Globo Juvenil e trabalharam normalmente. Haviam acertado, por vontade de ambos, que a noite de núpcias só aconteceria após o casamento religioso.
Os irmãos de Elza ficaram sabendo e falaram até em matá-lo. Nelson, com a alma leve, alugou uma casinha no Engenho Novo. Era sua volta ao subúrbio. Compraram móveis de segunda mão e Mário, o irmão, lhe deu de presente a cama de casal e a penteadeira. Finalmente d. Concetta dá o "de acordo" e o casamento religioso se realiza, em 17 de maio, após o autor, com quase 28 anos, ter sido batizado, fazer a primeira comunhão e estudado o catecismo, como manda a santa madre Igreja.
Após seis meses de casamento, certa manhã Nelson acorda e comunica a Elza que estava cego. Não enxergava nada. Descobriu, indo ao médico, que se tratava de uma seqüela da tuberculose. Tomou muito antiinflamatório, melhorou, mas 30 por cento de sua visão estava perdida para sempre, nos dois olhos. Apesar do estado de penúria em que se encontravam, o focalizado pediu a Elza que deixasse o emprego quando se casassem. Logo que pode comprou um telefone e ligava para ela de hora em hora. Saudades ou ciúme? Nelson procurava uma saída para seu aperto financeiro. Elza estava grávida e seu salário estava estagnado nos 500 mil réis mensais. Um dia, ao passar em frente ao Teatro Rival, viu uma enorme fila que se formava para assistir "A família Lerolero", de R. Magalhães Júnior. Alguém comentou: "Esta chanchada está rendendo os tubos!" Uma luz se acendeu na cabeça do autor: por que não escrever teatro?
No meio do ano de 1941 escreveu sua primeira peça, A mulher sem pecado. Nessa época as peças ficavam, no máximo, duas semanas em cartaz. Nelson oferece sua peça para dois grandes artistas de então: Dulcina e Jaime Costa, mas eles a recusam. O autor, necessitando de dinheiro, começou a se mexer: submeteu a peça a Henrique Pongetti, Carlos Drummond de Andrade e ao crítico Álvaro Lins. Mas não conseguiu encená-la.
Nasce Joffre, seu primeiro filho. O autor, por ordens médicas, não podia ficar perto do filho. Descobre que foi premiado com uma úlcera do duodeno. O médico lhe prescreve regime alimentar e manda que ele pare de tomar café e de fumar, coisa que nunca fez. Depois de muita luta, em 09 de dezembro de 1942, A mulher sem pecado foi levada à cena pela "Comédia Brasileira", com direção de Rodolfo Mayer, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Lá ficou por duas semanas e não teve repercussão nenhuma perante o público. Alguns críticos e amigos elogiaram, e isso bastava ao autor.
Em janeiro de 1943 Nelson escreve sua segunda peça teatral: Vestido de Noiva. Elza, sua mulher, fez mais de vinte cópias datilografadas para serem entregues a jornalistas, críticos e amigos. O primeiro a receber foi Manuel Bandeira. Ele gostou. Como outros, escreveu sobre ela e elogiou. Os jornais e suplementos falavam sobre Vestido de Noiva mas o autor não conseguia encená-la. Todos diziam que era uma peça que exigia cenário complexo e teria custo muito alto. Só Thomaz Santa Rosa, um pernambucano ex-funcionário do Banco do Brasil, cantor lírico, desenhista, músico e poeta, achou que era possível. Falou então com um polonês recém-chegado ao Brasil: Zbigniew Ziembinski.
O grande ator e diretor leu a peça e disse: "Não conheço nada no teatro mundial que se pareça com isso". O autor conhece o diretor e tem início a epopéia do grupo "Os Comediantes": oito meses de ensaios, oito horas por dia. Às 20h30 do dia 28 de dezembro de 1943, os portões foram abertos e 2.205 espectadores viram a peça. Duas horas depois a peça chegou ao fim. O silêncio foi total na platéia. Nos bastidores ninguém sabia o que fazer. Ziembinski, entre palavrões em polonês, manda subir o pano. Os artistas surgem e o aplauso é ensurdecedor. O diretor aparece e o teatro delira. Alguém grita na platéia: "O autor, o autor". Nelson estava escondido em um camarote, lutando contra a dor de sua úlcera, e não foi visto por ninguém. Disse, depois, que sofreu naquele momento, sentindo-se "um marginal da própria glória". Quando o autor, após as comemorações com a família na leiteria "Palmira", pegou o bonde de volta para casa já eram quase duas da manhã de 29 de dezembro de 1943. Naquele momento completavam-se catorze anos da morte de seu irmão Roberto.
Apesar da fama que a peça lhe deu — o ano de 1944 foi cheio de acontecimentos — ele continuava sendo mal pago pelo O Globo Juvenil. Em fevereiro de 1945 é convidado por David Nasser, de O Cruzeiro, para uma conversa com Freddy Chateaubriand. Foram almoçar, além do autor, Freddy Chateaubriand, Millôr Fernandes e David Nasser. A oferta era inacreditável: cinco contos de réis (já nessa época cinco mil cruzeiros) — mais de sete vezes o que lhe pagava Roberto Marinho.
Para ele estava fechado, mas pediu para falar com o dr. Roberto, a quem devia favores. Esse não só não se opôs como desejou-lhe boa sorte e deu-lhe dez mil cruzeiros. Nelson foi para seu novo emprego: diretor de redação das revistas Detetive e de O Guri. Como a função lhe tomava pouco tempo, o autor ficava perambulando pela redação da revista O Cruzeiro, que era no mesmo andar. Sempre procurando fazer "bicos" que permitissem um ganho extra — continuava a ajudar sua mãe financeiramente — soube que Freddy Chateaubriand estava querendo comprar um folhetim francês ou americano para O Jornal, que estava com uma tiragem de apenas 3.000 exemplares por dia e sem anúncios. Nelson ofereceu-se para escrever o folhetim. Daí nasceu Suzana Flag e Meu destino é pecar.
Cada episódio tomava uma página inteira de O Jornal e tinha uma ilustração de Enrico Bianco. Foram 38 capítulos que elevaram a tiragem do jornal para quase trinta mil exemplares. Apesar de estar ganhando um extra por capítulo, o autor não gostava que soubessem que escrevia com pseudônimo feminino. Quando a história terminou, o sucesso foi tão grande que foi lançado um livro pelas Edições O Cruzeiro. Calcula-se que a venda tenha ultrapassado a trezentos mil livros. Isso provocou o começo de outro folhetim, Escravas do amor, cujo sucesso foi também retumbante.
Em março de 1945 é atacado, novamente, pela tuberculose. O ano anterior havia sido ótimo: além do lançamento em livro do Vestido de noiva, ele via seu filho crescer com saúde e Elza esperava um novo filho. Resolveram ir todos para Campos de Jordão, inclusive a sogra, d. Concetta. Depois de uma semana viram que aquilo não fazia sentido e a família retornou. Em junho teve alta e, face à proximidade do parto de sua mulher, voltou correndo para o Rio. Nasceu, então, Nelsinho. Vale dizer que os Associados arcaram com todas as despesas de seu empregado no Sanatórinho.
Nos dois últimos meses de 1945 e nos dois primeiros meses de 1946 o grupo "Os Comediantes" encenou Vestido de noiva e A mulher sem pecado no Teatro Phoenix, com lotação esgotada. Começa a escrever, então, Álbum de família. Em fevereiro de 1946 o texto é submetido à censura federal e os censores ficam de cabelos em pé. A peça foi proibida de ser encenada. As opiniões se dividiam entre os intelectuais, os críticos e os jornalistas da época, uns a favor da liberação outros contra. Venceram os contra, pois a peça só foi liberada em 1965 e levada pela primeira vez em julho de 1967.
Outro sucesso de 1946 foi a publicação de Minha Vida, uma "autobiografia" de Suzana Flag. Como das vezes anteriores, além de publicada em O Jornal, virou livro e vendeu horrores.
Anjo negro, estréia em abril de 1948. Como sempre, gerou comentários polêmicos. Os ganhos com a peça permitiram que o autor comprasse uma casa no Andaraí, que teve parte financiada no IAPC (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários). Nelson tinha 36 anos e ficara livre do aluguel. Senhora dos afogados é proibida em janeiro de 1948. Com duas peças interditadas, o autor luta como um mouro para tentar liberá-las. Não conseguindo, escreve Dorotéia, em 1949, que muitos consideram seu melhor trabalho teatral.
Ainda em 1948 é publicado mais um folhetim, Núpcias de fogo, ainda como Suzana Flag.
Uma mulher chama a atenção do autor nas coxias do Teatro Phoenix, quando da encenação de Anjo negro: era Eleonor Bruno, conhecida como Nonoca, linda "mingnonne", tímida, recatada e soprano lírico, que estava ali para tomar conta de sua filha de apenas 13 anos, Nicete, que estreava como atriz. Embora nunca reclamasse, seu casamento não ia bem, e ele foi aceito por Nonoca e por toda sua família. Alugou um apartamento pequeno em Copacabana, em sociedade com o amigo Pompeu de Souza, para servir-lhes de "garçonnière", até que num dia de 1950 sua esposa Elza bateu na porta, fez um escândalo e ele voltou com o rabo entre as pernas para casa. Seu romance com Nonoca terminou ali.
Em 1949 Freddy Chateaubriand vai comandar o jornal "Diário da Noite" e leva Nelson consigo. Para trás fica Suzana Flag, que o autor não agüentava mais. Em seu lugar surgiu Myrna, a nova máscara feminina do biografado. A diferença é que Myrna respondia a cartas de leitoras.
Nelson escreveu a comédia Dorotéia para Nonoca. Foram duas as estréias como atrizes: de Nonoca e da irmã do autor, Dulcinha, aos 21 anos, no papel de Das Dores. Com medo de que a censura o atingisse novamente, o autor submeteu-lhe o texto como sendo um "original de Walter Paíno" — cunhado de Nonoca. A peça foi aprovada e estreou no dia 07 de março de 1950. Ao fim da apresentação, metade da platéia (onde estavam os convidados) aplaudiu e a outra saiu calada. Ficou 13 dias em  cartaz.
Em 1950 o autor dá adeus a Freddy Chateaubriand e aos "Diários Associados" e fica esperando convites de outros jornais. Ficou um ano esperando... Nesse período, salvam a família as economias de Elza e um "bico" no Jornal dos Sportes de seu irmão Mário Filho. No ano seguinte sai do buraco e vai para a Última Hora e "A vida como ela é...".  Começou com um salário de dez mil cruzeiros, considerado não tão ruim, tendo em vista seu baixíssimo prestígio naquela época.
Em junho Nelson estréia uma nova peça, "Valsa nº. 6", um monólogo estrelado por sua irmã Dulcinha. Ficou quatro meses em cartaz e foi outra desilusão para seu autor.
Samuel Wainer, dono do jornal Última Hora tinha algo em comum com o biografado: a tuberculose. Propõe ao autor que escreva, com pagamento extra, uma coluna diária sobre um fato real. Poderia se chamar "Atire a primeira pedra". Nelson sugeriu "A vida como ela é..." e, sugestão aceita, foi para a máquina escrever a primeira coluna. O sucesso foi estrondoso. Em 1951 relançou Suzana Flag em "O homem proibido".
Um dia, na rua Agostinho Menezes, onde então Nelson morava, um marido banana que era chutado como um cão pela esposa e ainda a bajulava, cansou-se do tratamento que vinha recebendo e, no meio da rua, deu uma sova de cinto na cara-metade. É claro que a vizinhança correu para ver o fato, sendo que as mulheres gritavam: "Bate mais, bate mais". O marido bateu até se cansar, parou, e então o inesperado aconteceu: a mulher atirou-se aos seus pés, aos beijos. E, desde aquele dia, passou a desfilar com o ex-banana, de braço dado e nariz empinado, toda orgulhosa. Ao ouvir os comentários das vizinhas que tinham apoiado maciçamente a surra, Nelson concluiu: "Toda mulher gosta de apanhar".
Em 08 de junho de 1953 estréia no Teatro Municipal do Rio a peça "A falecida". Chamada de "tragédia carioca" era, na verdade, uma comédia. Foi escrita em 26 dias. Nessa época Nelson mantinha um romance com Yolanda, secretária de um radialista da rádio Mayrink Veiga. Esse caso durou cinco anos e rendeu três filhos: Maria Lúcia, Sônia e Paulo César, que ele não reconheceu como seus. Com tudo isso acontecendo, o autor produziu o último folhetim de "Suzana Flag", que chamou-se "A mentira" e foi publicado no semanário "Flan", lançado por S. Wainer.
Carlos Lacerda queria derrubar o presidente Getúlio e, para tanto, batia firme em Samuel Wainer e no jornal Última HoraNelson não escapava da pancadaria e era chamado de "tarado" por ele. Outro que também o atacava era o católico Gustavo Corção, da Tribuna da Imprensa.
"Senhora dos Afogados" é encenada no Rio, em 1954, com direção de Bibi Ferreira. A platéia, ao final, dividiu-se e uma parte gritava "GÊNIO" e a outra "TARADO". O autor não agüentou e reagiu à platéia, gritando do palco: "BURROS! BURROS!".
Em março de 1955 a família Rodrigues ganha uma ação contra o governo de indenização pela destruição do jornal "Crítica". Em 1956 recebem o equivalente a US$1.800.000,00. A parte que coube ao autor foi utilizada na compra de um apartamento em Teresópolis em nome dos filhos e de um carro para Elza. O que sobrou, investiu no teatro.
"Perdoa-me por me traíres" teve, também, problemas de liberação com a censura, em 1957 — sofreu cortes. Outra surpresa ocorreu na estréia: Nelson interpretava o personagem Raul. Mais uma vez as vaias e os que aplaudiam pediam para o autor falar. Ele não se fez de rogado: "BURROS! ZEBUS!". Ninguém esperava, mas aconteceu: um tiro! Na discussão entre prós e contras, o vereador Wilson Leite Passos sacou de seu revolver e deu um tiro para amedrontar alguém que o havia chamado de "palhaço". Tumulto geral. No dia seguinte a censura proibiria a peça.
"Viúva, porém honesta" estreou em 13 de setembro do mesmo ano. Dizem que nela o autor procurava atingir aos críticos que atacaram "Perdoa-me por me traíres". Um dos atores era Jece Valadão, cunhado do autor.
Dercy Gonçalves estréia "Dorotéia" em São Paulo. Ficou um mês em cartaz. Nelson não gostava dos "cacos" que a atriz introduzia no texto.
Em 1958 estréia "Os sete gatinhos", também com Jece Valadão no elenco. Apesar de malhar o presidente da República da época, Juscelino Kubitschek, Nelson vai até ele pedir um emprego. Consegue um cargo de tesoureiro em um instituto de aposentadoria e pensões (IAPETEC), mas é reprovado no exame de vista. Pede, então, a vaga para Elza. Juscelino queria agradar Mário Filho e a nomeia.
O autor teve sério problema de vesícula e, após a operação de alto risco, ficou três meses sem publicar sua coluna no jornal de Wainer. Sua coluna em "A Manchete Esportiva" deixa de ser publicada de novembro de 1958 a março de 1959.
De agosto de 1959 a fevereiro de 1960, centenas de milhares de leitores acompanharam a história de Engraçadinha e sua família em "Asfalto Selvagem". Foram publicados dois livros, intitulados "Engraçadinha — seus amores e seus pecados dos doze aos dezoito" e "Engraçadinha — depois dos trinta".
O autor almoçava com sua mãe quase todo dia. Tomava o ônibus na Central do Brasil e ia até o Parque Guinle. Um dos motoristas gostava de exibir-se: tinha vinte e sete dentes na boca, mas eram todos de ouro. Nelson juntou esse fato ao bicheiro do submundo carioca, Arlindo Pimenta, e dai surgiu o "Boca de Ouro"
A peça, como todas as demais, teve problemas com a censura. Foi levada para estrear em São Paulo e foi um retumbante fracasso. Ziembinski insistiu em viver o papel principal e não deu certo. Em janeiro de 1961, com Milton Morais no papel do "Boca de Ouro", estréia no Rio com grande sucesso.
Ainda no final de 1960 o autor entrega a Fernanda Montenegro e a seu marido Fernando Tôrres a peça "Beijo no asfalto". O espetáculo estava a um mês e meio em cartaz quando Jânio Quadros renunciou à presidência da República. Ficou sete meses em cartaz, pelo Brasil. Ela provocou a saída de Nelson da "Ultima Hora", pois nela fazia referências pouco positivas à imagem do jornal. Voltou ao "Diário da Noite" com "A vida como ela é" e, após dez meses, em julho de 1962, foi para "O Globo", com a coluna de futebol, "À sombra das chuteiras imortais".
Apresentado por sua irmã Helena, Nelson conhece Lúcia Cruz Lima, que logo passa a ser sua namorada. Só que desta vez a coisa era séria. Casada e bem casada, mãe de três filhos, ela logo se apaixona, deixa o marido e volta a viver com os pais. Ele demora dois anos para se separar de Elza. Seus amigos Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Cláudio Mello e Souza ficam chocados. Nos primeiros meses de 1963 nada impedia a separação do autor. Já havia alugado um pequeno apartamento e Lúcia estava grávida. Após um almoço de despedida, após o qual Elza tentou suicidar-se, ele partiu de malas e bagagens para o apartamento de sua mãe. Ia ficar lá uns tempos até acertar tudo.
Na marquise do Teatro Maison de France, no Rio, piscava o título da nova peça de Nelson: "Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária". Otto quase morreu de susto e ficou profundamente irritado. Ela ficou por cinco meses em cartaz. O autor só não se conformou de Otto não ter ido assistir ao espetáculo. Ele adorava essas brincadeiras e fez o mesmo com Fernando Sabino e com Cláudio Mello e Souza.
Lúcia deu um trato na aparência do escritor, já que ele participava desde 1960 do programa esportivo "Grande resenha Facit" na TV Rio, por obra e graça de Walter Clark, e era, portanto, um artista! Ela teve uma gravidez nada normal e um parto difícil. Daniela, a filha, nasceu com 1,5 quilo, e não conseguia respirar. Perdeu minutos de oxigenação no cérebro até que conseguissem fazer seus pulmões funcionarem.  Daniela passaria o primeiro ano de sua vida numa tenda de oxigênio, tinha má circulação nas pernas, chorava sem parar em virtude das dores que sentia. Devido à paralisia cerebral nunca conseguiu andar ou articular um movimento e era irreversivelmente cega.
Nelson escreveu para Walter Clark a primeira novela brasileira de todos os tempos: "A morte sem espelho". Apesar do grande elenco — Fernanda Montenegro, Fernando Tôrres, Sérgio Brito (que também respondida pela direção), Ítalo Rossi, Paulo Gracindo (que estreava na TV), música de Vinícius de Moraes — não foi autorizada a sua apresentação às oito e meia da noite. Foi empurrada para o horário das vinte e três e trinta. Walter Clark apelou, sem sucesso, até para D. Helder Câmara. Conseguiu, finalmente, autorização para o horário das dez horas, que não compensava financeiramente. Nelson foi convidado a encerrá-la rapidamente.
Ficou claro nesse episódio que o problema era o nome do autor. Na sua novela seguinte, "Sonho de Amor", em 1964, seu nome apareceu mas ela foi anunciada como 'uma adaptação de "O Tronco do Ipê"', de José de Alencar". Sua última novela para a TV foi "O Desconhecido", com direção de Fernando Tôrres e Jece Valadão, Nathalia Timberg, Carlos Alberto, Joana Fomm e outros mais, que só foi liberada graças ao poder de convencimento de Walter Clark.
Depois de ser renegada por muitas atrizes, "Toda nudez será castigada" estréia no dia 21 de junho de 1965 e é um sucesso. Os artistas são aplaudidos em cena aberta, os ingressos são avidamente disputados e  fica em cartaz por seis meses no Teatro Serrador e em excursão pelo Brasil. Após três anos de apresentações no Rio, São Paulo, Porto Alegre e Salvador, a peça é proibida em Natal - RN.
Em 1966 o autor muda-se, a convite de Walter Clark, para a TV Globo. Em situação financeira apertada — como sempre — aceitou até aparecer como "tradutor" dos romances de Harold Robins, publicados pela Editora Guanabara. Foi uma forma de receber mais algum dinheiro. A TV Globo era a "lanterna" na preferência dos telespectadores naquela época. No programa "Noite de gala" o autor apresentava o quadro "A cabra vadia", onde entrevistava pessoas. O primeiro foi João Havelange, presidente da CBD - Confederação Brasileira de Desportos.
Nessa época é chamado por Carlos Lacerda, ocasião em que é informado da criação da Editora Nova Fronteira. Lacerda, que o malhou por tanto tempo, pediu-lhe um romance e deu-lhe um cheque de dois milhões de cruzeiros. Era algo em torno de novecentos dólares, mas para quem estava pendurado, foi ótimo. Ele escreveu "O Casamento".  Quando Lacerda leu o livro, ficou assustadíssimo  Era um carnaval de incestos e perversões às vésperas de um casamento. Vendeu-o para Alfredo Machado, da Editora Eldorado. O livro vendeu 8.000 exemplares nas primeiras duas semanas de setembro de 1966, empatando com as vendas do novo romance de Jorge Amado, "Dona Flor e seus dois maridos". A morte de seu irmão, Mário Filho, impediu por algum tempo que ele fizesse a divulgação da obra. Quando reanimou, o livro teve sua venda proibida pelo ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva. Sua venda foi liberada novamente em fevereiro de 1967.
Indignado com o apoio dado pelo jornal "O Globo" à proibição da venda de seu romance, Nelson começa a estudar sua mudança para o "Correio da Manhã". Avisa que não pode deixar a TV Globo e, para sua alegria, é informado que não precisaria deixar nem o jornal "O Globo". O que o "Correio" queria dele eram as suas "Memórias". A estréia ocorreu em 18 de fevereiro de 1967 em grande estilo. Fez um sucesso enorme.
Paulinho Rodrigues, irmão do autor, morava com a família num prédio em Laranjeiras. Chovia a cântaros, dias antes,  e Nelson disse a Cláudio Mello e Souza no Maracanã, assistindo o time do Santos ganhar do Milan: "Esse é um mau tempo de quinto ato do "Rigoletto'". Cláudio sabia que o "Rigoletto" não tinha quinto ato e que acabava no terceiro ato, como a maioria das óperas. Mas entendeu o que o autor queria dizer. No dia 21 de fevereiro de 1967 o prédio onde seu irmão morava desabou devido às chuvas. Morreram Paulinho, a esposa, filhos e mais alguns parentes que lá se encontravam para festejar o aniversário da cunhada do escritor. Em dezembro desse mesmo ano a viúva de seu irmão Mário se suicida.
Raphael de Almeida Magalhães, que já atuara como advogado de Nelson, é eleito governador do Estado da Guanabara. A pedido de Otto, e por insistência do biografado, finalmente libera "Álbum de Família", que estava interditada desde 1946. Só em julho de 1967 foi levada à cena e, apesar do carrossel de incestos, foi aplaudida no final. Já não tinha o impacto de tempos atrás.
Ele volta ao jornal "O Globo" passa a publicar "À sombra das chuteiras imortais" e "As confissões" (já que não podia usar "Memórias"), cada uma patrocinada por um banco. Como recebia uma comissão por esses patrocínios (mais que o dobro de seu salário), estabilizou sua situação financeira. A primeira "Confissão" foi publicada em 04 de dezembro de 1967.
Uma de suas manias era implicar com os pessoas conhecidas e com amigos. Era do seu estilo alimentar-se periodicamente de certas obsessões. Como dizia Cláudio Mello e Souza, Nelson era a "flor de obsessão". Ora Otto, ora Alceu de Amoroso Lima, ora D. Helder, ora Hélio Pellegrino, ora Cláudio Mello e Souza e quem mais estivesse por perto.
1970 marca o início dos anos duros da ditadura militar no Brasil. Nelson, conhecido e admirado pelos militares, luta para tirar da prisão Hélio Pellegrino e Zuenir Ventura. Com mais de 57 anos, ele se sentia desgastado, sem espaço — seu apartamento vivia lotado de enfermeiras por causa de sua filha, enfim, era chegada a hora de se separar de Lúcia, o que ocorreu sem traumas.
Logo em seguida vai morar com Helena Maria, que era 35 anos mais nova que ele, e que trabalhava com ele no jornal. Em 1972 começa nova luta: seu filho, Nelsinho é um dos terroristas mais procurados pelas forças armadas. "Prancha" (seu codinome) foi apanhado em 30 de março de 1972. Dois anos antes, quando seu filho já vivia na clandestinidade, Nelson consegue com o presidente da República, Gal. Medici, que ele saísse do país. Nelsinho não aceita o privilégio. O drama de Nelsinho se desenrolava longe dos olhos do autor. Apesar disso, face a seu prestígio e contatos com os militares, era muito procurado para ajudar pessoas em apuros com o regime militar. De 1969 a 1973 ele teve participação ativa na localização, libertação ou fuga de diversos suspeitos de crimes políticos. Após a prisão de Nelsinho, começa a luta para localizá-lo e procurar mantê-lo vivo, pois a tortura corria solta.
Nelson escreve "Anti-Nelson Rodrigues" no final de 1973. Em 1974, a peça fazia bela carreira no teatro do Serviço Nacional do Teatro. O autor faz alguns exames e é levado de imediato para São Paulo para ser operado de um aneurisma da aorta. Passou por duas operações, quase morreu, retornou ao Rio e, apesar de terminantemente proibido pelo médico, voltou a fumar. Em abril de 1977 é internado com uma arritmia ventricular grave e nova insuficiência respiratória. Elza volta para casa e voltam a viver juntos. Na verdade, já se encontravam há tempos quase todas as noites no restaurante "O bigode do meu tio", em Vila Isabel, de propriedade de Joffre.
O autor escreveu sua grande e última peça — "A Serpente" — em meados de 1979, pouco antes de seu filho Nelsinho iniciar greve de fome com treze companheiros, os últimos presos políticos cariocas, com a finalidade de transformar a anistia ampla em anistia total e irrestrita. Finalmente, no dia 23 de agosto, dia do aniversário do autor, Nelsinho é autorizado a deixar a prisão e assistir ao nascimento da filha Cristiana. No dia 16 de outubro Nelsinho recebeu a liberdade condicional mas não pode ver seu pai: estava inconsciente no hospital Pró-Cardiaco.
Nelson Rodrigues faleceu na manhã do dia 21 de dezembro de 1980, um domingo. No fim da tarde daquele dia ele faria treze pontos na loteria esportiva, num "bolo" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo". Dois meses depois, Elza cumpriu o seu pedido — de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. É só".
Livros:
Romances:
- Meu destino é pecar,"O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1944 (como "Suzana Flag")

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Escravas do amor, "O Jornal" - 1944 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")

-
Minha vida, "O Jornal" - 1946 / "Edições O Cruzeiro" - 1946 (como "Suzana Flag")

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Núpcias de fogo, "O Jornal" - 1948. Inédito em livro. (como "Suzana Flag")

-
A mulher que amou demais, "Diário da Noite" - 1949. Inédito em livro. (Como Myrna)

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O homem proibido, "Última Hora" - 1951.  "Editora Nova Fronteira", Rio, 1981 (como Suzana Flag).

-
A mentira, "Flan" - 1953. Inédito em livro. (Como Suzana Flag).

- Asfalto selvagem, "Ultima Hora" - 1959-60. J.Ozon Editor, Rio, 1960. Dois volumes. (Como Nelson Rodrigues)

- O casamento, Editora Guanabara, Rio, 1966 (como Nelson Rodrigues).

-
Asfalto selvagem - Engraçadinha: seus amores e pecados, "Companhia das Letras", São Paulo.

- Núpcias de fogo, "Companhia das Letras", São Paulo. (como Suzana Flag).
Contos:
- Cem contos escolhidos - A vida como ela é..., J. Ozon Editor, Rio, 1961. Dois volumes.

- Elas gostam de apanhar, "Bloch Editores", Rio, 1974.

-
A vida como ela é — O homem fiel e outros contos, "Companhia das Letras", São Paulo, 1992. Seleção: Ruy Castro.

-
A dama do lotação e outros contos e crônicas, "Companhia das Letras", São Paulo.

- A coroa de orquídeas, "Companhia das Letras", São Paulo.
Crônicas:
- Memórias de Nelson Rodrigues, "Correio da Manhã" / "Edições Correio da Manhã", Rio, 1967.

-
O óbvio ululante, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1968.

-
A cabra vadia, "O Globo" / "Editora Eldorado", Rio, 1970.

- O reacionário, "Correio da Manhã" e "O Globo" / "Editora Record", Rio, 1977.

-
O óbvio ululante — Primeiras confissões, "Companhia das Letras", São Paulo, 1993. Seleção: Ruy Castro.

-
O remador de Ben-Hur - Confissões culturais, "Companhia das Letras", São Paulo.

-
A cabra vadia - Novas confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.

-
O reacionário - Memórias e Confissões, "Companhia das Letras", São Paulo.

- A pátria sem chuteiras - Novas crônicas de futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.

- A menina sem estrela - Memórias, "Companhia das Letras", São Paulo.

- À sombra das chuteiras imortais - Crônicas de Futebol, "Companhia das Letras", São Paulo.

- A mulher do próximo, "Companhia das Letras", São Paulo.
FRASES:
- Flor de obsessão: as 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues, "Companhia das Letras", São Paulo, 1997, seleção e organização: Ruy Castro.
Teatro:
- Teatro completo, "Editora Nova Fronteira", Rio, 1981-89. Quatro volumes. Organização e prefácios de Sábato Magaldi.
Peças:
- A mulher sem pecado, 1941 - Direção Rodolfo Mayer

- Vestido de noiva, 1943 - Direção: Ziembinski

- Álbum de família, 1946 - Direção: Kleber Santos

- Anjo negro, 1947 - Direção: Ziembinski

- Senhora dos afogados, 1947 - Direção: Bibi Ferreira

- Dorotéia, 1949 - Direção: Ziembinski

- Valsa nº.6, 1951 - Direção: Henriette Morineau

- A falecida, 1953 - Direção: José Maria Monteiro

- Perdoa-me por me traíres, 1957 - Direção: Léo Júsi.

- Viúva, porém honesta, 1957 - Direção: Willy Keller

- Os sete gatinhos, 1958 - Direção: Willy Keller

- Boca de Ouro, 1959 - Direção: José Renato.

- Beijo no asfalto, 1960 - Direção: Fernando Tôrres.

- Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária, 1962 - Direção Martim Gonçalves.

- Toda nudez será castigada, 1965 - Direção: Ziembinski

- Anti-Nelson Rodrigues, 1973 - Direção: Paulo César Pereio

- A serpente, 1978 - Direção: Marcos Flaksman
Obs.- as peças de Nelson Rodrigues vêm sendo encenadas por diversas companhias teatrais em todo o Brasil até esta data. 
Novelas de TV:
- A morta no espelho, TV Rio, 1963
- Sonho de amor, TV Rio, 1964
- O desconhecido, TV Rio, 1964
FILMES:
- Somos dois, 1950
- Meu destino é pecar, 1952
- Mulheres e milhões, 1961
- Boca de Ouro, 1962
- Meu nome é Pelé, 1963
- Bonitinha, mas ordinária, 1963
- Asfalto selvagem, 1964
- A falecida, 1965
- O beijo, 1966
- Engraçadinha depois dos trinta, 1966
- Toda nudez será castigada, 1973
- O casamento, 1975
- A dama do lotação, 1978
- Os sete gatinhos, 1980
- O beijo no asfalto, 1980
- Bonitinha, mas ordinária, 1980
- Álbum de família, 1981
- Engraçadinha, 1981
- Perdoa-me por me traíres, 1983
- Boca de Ouro, 1990.
Sobre o Autor:
- O teatro de Nelson Rodrigues: uma realidade em agonia, Ronaldo Lima Lins, Editora Francisco Alves/MEC, Rio, 1979.

- O teatro brasileiro moderno, Décio de Almeida Prado, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1988.

- Nelson Rodrigues - Dramaturgia e Encenações, Sabato Magaldi, Editora Perspectiva/USP, São Paulo, 1987.

- Nelson Rodrigues - Expressionista, Eudinir Fraga, Ed. Atelier, S.Paulo.

-
Nelson Rodrigues, meu irmão, Stella Rodrigues, José Olympio Editora, Rio, 1986.

-
Nelson Rodrigues: Flor de Obsessão, Carlos Vogt e Berta Waldman, Editora Brasiliense, São Paulo, 1985.

-
Amor em segredo - As histórias infiéis que vivi com meu pai, Nelson Rodrigues, Sônia Rodrigues, Editora Agir, Rio de Janeiro, 2005.

Os dados acima foram extraídos de sites na internet, livros do autor e, em especial, do livro "Anjo Pornográfico", escrito por Ruy Castro para a Companhia das Letras, São Paulo, 1992, cuja leitura recomendamos.