Com uma diferença de 74.172 votos o candidato Roberto
Claudio do Governador Cid Gomes ganhou a eleição para a prefeitura de Fortaleza,
batendo o “poste” Elmano da atual prefeita. A vitória de Roberto Claudio aconteceu
em 7 das 13 zonas eleitorais da capital onde ele ganhou com mais de 85 mil votos.
As vitórias mais expressivas aconteceram
na Zona 1 e Zona 3 onde Roberto Claudio praticamente decidiu sua eleição com
uma vantagem de 38.688 votos. Estas são as zonas das classes mais abastadas da
cidade: Aldeota, Meirelles, Papicu, Varjota e mais o Centro e alguns bairros
que já foram da elite há muitos anos como Jacareacanga, Joaquim Távora e Praia
de Iracema. No entanto o candidato também ganhou com boa margem de votos em
zonas de voto popular como a 112, 116 e 117.
O candidato Elmano teve vitória mais expressivas em 2 zonas,
nas 114 e 82 que pegam a zona oeste da cidade, até a Barra do Ceará. A disputa
foi equilibrada, com menos de 3% de diferença em quatro zonas 118, 94, 115 e
83. A rigor o resultado não foge muito do empate técnico encontrado nas
pesquisas feitas próximas ao pleito. Com uma margem de erro de 3% a diferença
no resultado final foi de 6%.
Algumas constatações das eleições cearenses. A “neutralidade”
de Heitor Férrer ajudou ao candidato do Governador, uma vez que o peso de
Heitor foi marcante no primeiro turno. A prefeita Luiziane jogou, como se diz
no futebol, de salto alto. A história do “poste” que Lula soube explorar tão
bem na eleição de São Paulo e em resposta à mídia conservadora do sudeste,
parece não ter sido muito bem incorporada pelos cearenses, especialmente a
classe média. Sem contar aquele papo do Elmano do voto popular contra o voto de
rico: quando o Lula juntou os dois ele venceu, ao contrário sempre perdeu.
Os Gomes apontam uma sobrevivência política além do “migrante”
Tasso Jereissati. Mesmo que o velho Senador Jereissati explique um pouco o
Tasso, não foi por ele que o filho foi o que foi na política cearense, o
momento histórico era outro. Já os Gomes têm o pulso da velha oligarquia
cearense: sabem dominar os sertões e de vez em quando acertam na capital. A
capital cearense continua rebelde, mas é preciso saber somar a rebeldia e com o
estilo “gostosona” o foco se desviou. Nem sempre boas obras são suficientes
para vencer eleições. Podem ser boas para certas áreas de cidade, mas não serem
para o conjunto.
O futuro da família Gomes no Estado é promissor.
Especialmente em razão que nenhuma força política nova se inventa no estado.
Nenhuma região tem peso político para modificar nada, nem mesmo alguns municípios
da região metropolitana. É muito provável que a próxima eleição de Governador
se tenha um “poste” dos Gomes, maquiado como um bom gestor, para garantir o
poder da família.
Onde surgir uma força nova? Leva algum tempo, até os Gomes ao
vencerem várias prefeituras pelo interior representaram o novo. Uma indicação:
o velho PMDB cearense, incluindo Eunício Oliveira é o velho a ser superado e
não consegue ser uma alternativa a rigor.
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