Por Alexandre Lucas*
Redescobrir o Brasil. Mergulhar nas suas histórias e desbravar as suas vielas recheadas de contornos e de lutas me parece ser indispensável para os andarilhos que desejam refletir sobre a vida e a sua representação simbólica, num país que se caracteriza pela mistura de uma diversidade étnica e contrastes sociais.
Redescobrir o Brasil reconectando e hibridando laços humanos. Redesenhando novas possibilidades de autoconstrução e de combinados coletivos, criando teias entre os saberes ancestrais e as efervescências discursivas e ações da contemporaneidade.
É preciso imergir nos solos e nas almas da humanidade para fazer brotar uma sociedade de novo tipo, fraterna e socialmente justa. Essa talvez seja a tarefa imperativa para os artistas, que só podem encontrar na vida o alimento para a sua produção.
Nos últimos anos venho me banhando no tripé do estudo, vivência e experimento, através de percursos pelo Brasil e contatos com os mais diversos provocadores e antagônicos pensadores/refletidores da vida que tem a arte (reflexão sobre a vida) como sua vertente dialogo com as pessoas.
Em cada pouso temporário, em ponto vivo do Brasil me oxigeno de recortes imaginéticos e de narrativas do povo Brasileiro que vão se fazendo parte e se constituindo num tecido multicolor de identidade e de pertence.
Creio que o artista precisa circular para estourar o seu olhar umbilical. Dentre tantas viagens, destaco o digoreste que foi imergir em Cuiabá – MT ( 2012), o que serviu para me reafirmar que o fazer estético, artístico, pedagógico e político acontece e reverbera dentre das mediações reais que acontecem nas relações sociais.
Como cada pouso em um ponto brasileiro se internaliza de forma particular, em Cuiabá não foi diferente. Pude trocar ideias, me envolver e perceber a cidade, através de ações interventivas e performáticas, o que já é bastante significativo, do ponto de vista, da construção de inquietude artística.
Mas foi na forma acolhedora e no tratamento de igual para igual que puder ver no povo cuiabano o sentimento humanitário que nos colocar numa perspectiva se fazer parte e de querer aprender as suas histórias, os seus saberes e fazeres. Ir para Cuiabá me fez despertar para conhecer as peculiaridades das suas culturas, a diversidade de suas etnias nativas e o bravo povo da Bolívia, mas fez ainda reconhecer que no mundo globalizado não existem mais ilhas, estamos conectados de alguma forma com os acontecimentos e a vivencias planetárias.
No convívio apaixonante e minúsculo de quatro dias, levo da minha família comunal de Cuiabá ( aqueles com os quais me aproximei por laços de ideias e proposições de construção de uma sociedade infinitamente emancipadora e fraterna) duas expressões que ficaram marcadas nas nossas relações: “Mim respeita”, “num sou nem obrigado”. Vou levar na minha bagagem e para outros pousos o significado dessas duas expressões libertárias.
*Pedagogo, artista/educador e integrante do Programa Nacional de Interferência Ambiental –PIA e do Instituto CUCA.
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Intervenção/performance "Enfiados " Foto: Flavianny Tiemi |
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Intervenção/performance "Enfiados " Foto: Flavianny Tiemi |
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Intervenção/performance "Enfiados " Foto: Flavianny Tiemi |
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Intervenção/performance "Enfiados " Foto: Flavianny Tiemi
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Intervenção/performance "Encaixotada" Foto Patrícia Nogueira |
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Intervenção/performance "Encaixotada" Foto Patrícia Nogueira |
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Intervenção/performance "Encaixotada" Foto Patrícia Nogueira |
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Intervenção/performance "Encaixotada" Foto Patrícia Nogueira
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Performance "Sou parte de você" Foto João Ninguém |
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Performance "Sou parte de você" Foto João Ninguém |
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Roda de Conversa na UFMT sobre Arte e Política Foto João Ninguém |
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Roda de Conversa na UFMT sobre Arte e Política Foto João Ninguém |
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Intervenção Jornais de sangue de João Ninguém Foto Alexandre Lucas |
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Intervenção Jornais de sangue de João Ninguém Foto Alexandre Lucas
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Performance "Espetáculo" Foto Flavianny Tiemi |
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Performance "Espetáculo" Foto Flavianny Tiemi |
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Performance "Espetáculo" Foto Flavianny Tiemi
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Rio Cuiabá - MT Foto Alexandre Lucas |
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Estudos sobre etnicidade dos povos nativos Funai MT |
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