terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Guerra Vem Aí? - José do Vale Pinheiro Feitosa


As interpretações geopolíticas do violento ataque de Israel à Faixa de Gaza dão conta de uma ação conjunta Americano-Israelense que interessam às eleições de Netanyahu, à futura campanha de Hillary Clinton para substituir Obama, a testes de mísseis Israelenses e a treinamento para um futuro ataque ao Irã. O ataque israelense começou com um chefe militar do Hamas, matando-o com uma ação pontual de um míssil enquanto este era um negociador da paz.

No meio da fumaça e do sangue palestino, inclusive de crianças, quem sumiu do noticiário foi a Síria. A Líbia já não existe mais do ponto de vista da mídia ocidental. Surge o Egito como protagonista num jogo de balanço que não tem um toque militar, mas serve de protagonismo para Israel cessar os ataques por algumas horas. Quando parecia haver uma coincidência entre Israel e a Turquia em relação a mísseis lançados em direção à fronteira da Síria, eis que Erdogan critica Netanyahu.

O que se tem disso tudo? É que uma zona rica em recursos estratégicos para as economias em crise está aparecendo continuamente em matéria de conflito e morte. Isso parece um ensaio para as portas de um “body-trip” como evocavam os viajantes psicodélicos. Estará o mundo a eviscerar o verdadeiro sentido da atual crise do capitalismo? Aquelas mesmas crises que redundaram numa grande guerra distribuída em dois estágios: primeiro e segundo.

Faltaria o elemento geográfico da guerra? Afinal os atuais atores para um grande conflitos são intercontinentais, não se configuram apenas no território de um continente como foi inicialmente a Europa e só depois o Japão com o Eixo. Mas aí é que vem a questão do Oriente Médio. É o ponto onde o enredo intercontinental tenebroso se desencadeará envolvendo todo o sudeste Asiático, novamente o Japão e aí os rugidos maiores: a China e os EUA.

Nós aqui na América Latina somos parte desse conflito que como deve ser ressaltado não é meramente militar. O aspecto militar e o terror das mortes é uma superestrutura daquilo que a crise da estrutura econômica do capitalismo passa. Num grande conflito, todas as operações financeiras e comerciais se desarranjam e isso significa desabastecimento, redução da produção, enorme impacto ambiental e uma depressão simultânea a grandes conflitos sociais até nos bairros onde vivemos. 

Haverá um dia seguinte ao conflito? É da natureza da esperança humana, mas isso é desconhecido: pela primeira vez o desespero pode andar junto com bombas atômicas e outras estratégias de destruição em massa, além de grandes desarranjos físicos nas estruturas de reservas de água, de fontes de energia e assim por diante. Basta recordarmos a primeira guerra do golfo com as imagens dos pássaros afogados em petróleo para termos um símbolo do impacto ambiental.

Um cenário desse é um desespero dado que recente relatório da ONU aponta com clareza o efeito do aquecimento global e já associa claramente as recentes tempestades na América Central e Norte a esse processo. Os relatórios já apontam as áreas costeiras sujeitas a impactos mais próximos no tempo do que se imaginou. Com uma guerra de grandes proporções isso tudo pode tornar o “lar humano” numa esquife à memória, mas sem testemunhas a relembrar. Restarão apenas as teias de aranha entre uma tumba e outra.

Nossos blogs andam tão desanimados em comentários que peço se você conseguiu ler até aqui, pelo menos manifeste que o leu.  

2 comentários:

  1. É interessante a linha de pensamento. Também penso de forma próxima.

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  2. Obrigado Adolfo pela sua manifestação. A verdade é que temos que discutir bastante esse momento. É das nossas diversas formas de pensar que mais poderemos entender o momento. E entender é o primeiro passo da vida. Abraços.

    José do Vale

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