As interpretações geopolíticas do violento ataque de Israel
à Faixa de Gaza dão conta de uma ação conjunta Americano-Israelense que
interessam às eleições de Netanyahu, à futura campanha de Hillary Clinton para
substituir Obama, a testes de mísseis Israelenses e a treinamento para um
futuro ataque ao Irã. O ataque israelense começou com um chefe militar do Hamas,
matando-o com uma ação pontual de um míssil enquanto este era um negociador da
paz.
No meio da fumaça e do sangue palestino, inclusive de
crianças, quem sumiu do noticiário foi a Síria. A Líbia já não existe mais do
ponto de vista da mídia ocidental. Surge o Egito como protagonista num jogo de
balanço que não tem um toque militar, mas serve de protagonismo para Israel
cessar os ataques por algumas horas. Quando parecia haver uma coincidência
entre Israel e a Turquia em relação a mísseis lançados em direção à fronteira
da Síria, eis que Erdogan critica Netanyahu.
O que se tem disso tudo? É que uma zona rica em recursos
estratégicos para as economias em crise está aparecendo continuamente em
matéria de conflito e morte. Isso parece um ensaio para as portas de um “body-trip”
como evocavam os viajantes psicodélicos. Estará o mundo a eviscerar o
verdadeiro sentido da atual crise do capitalismo? Aquelas mesmas crises que
redundaram numa grande guerra distribuída em dois estágios: primeiro e segundo.
Faltaria o elemento geográfico da guerra? Afinal os atuais
atores para um grande conflitos são intercontinentais, não se configuram apenas
no território de um continente como foi inicialmente a Europa e só depois o
Japão com o Eixo. Mas aí é que vem a questão do Oriente Médio. É o ponto onde o
enredo intercontinental tenebroso se desencadeará envolvendo todo o sudeste
Asiático, novamente o Japão e aí os rugidos maiores: a China e os EUA.
Nós aqui na América Latina somos parte desse conflito que
como deve ser ressaltado não é meramente militar. O aspecto militar e o terror
das mortes é uma superestrutura daquilo que a crise da estrutura econômica do
capitalismo passa. Num grande conflito, todas as operações financeiras e
comerciais se desarranjam e isso significa desabastecimento, redução da
produção, enorme impacto ambiental e uma depressão simultânea a grandes
conflitos sociais até nos bairros onde vivemos.
Haverá um dia seguinte ao conflito? É da natureza da
esperança humana, mas isso é desconhecido: pela primeira vez o desespero pode
andar junto com bombas atômicas e outras estratégias de destruição em massa,
além de grandes desarranjos físicos nas estruturas de reservas de água, de
fontes de energia e assim por diante. Basta recordarmos a primeira guerra do
golfo com as imagens dos pássaros afogados em petróleo para termos um símbolo
do impacto ambiental.
Um cenário desse é um desespero dado que recente relatório
da ONU aponta com clareza o efeito do aquecimento global e já associa claramente
as recentes tempestades na América Central e Norte a esse processo. Os
relatórios já apontam as áreas costeiras sujeitas a impactos mais próximos no
tempo do que se imaginou. Com uma guerra de grandes proporções isso tudo pode
tornar o “lar humano” numa esquife à memória, mas sem testemunhas a relembrar. Restarão
apenas as teias de aranha entre uma tumba e outra.
Nossos blogs andam tão desanimados em comentários que peço
se você conseguiu ler até aqui, pelo menos manifeste que o leu.
É interessante a linha de pensamento. Também penso de forma próxima.
ResponderExcluirObrigado Adolfo pela sua manifestação. A verdade é que temos que discutir bastante esse momento. É das nossas diversas formas de pensar que mais poderemos entender o momento. E entender é o primeiro passo da vida. Abraços.
ResponderExcluirJosé do Vale