Não sei em que medida os leitores do Blog interessaram-se
pelo caso do Wikileaks vis-à-vis o vazamento das informações dadas pelo recruta
do exército Norte-Americano Bradley Manning. O coordenador Assange do Wikileaks
encontra-se exilado na embaixada do Equador perseguido pela Justiça Inglesa
(numa ligação com um mandato da Justiça Sueca a serviço dos EUA) e o recruta
Manning sofre tortura numa prisão militar. Manning pode pegar prisão perpétua e
existem promotores que querem a pena de morte.
Por que chamo a atenção dos leitores para o assunto? O
assunto é o mais expresso manifesto da discussão sobre imprensa livre e
liberdade de comunicação. Como é moda nos MBA da vida é um verdadeiro “case”
sobre a célebre contradição no cerne do assunto de uma liberdade a serviço de
grandes corporações de mercado, normalmente de tendência monopolista, que se
move por interesses econômicos os mais variados e que faz um jogo simultâneo de
vassalagem e acusação aos poderes públicos e aos mandos privados.
Quando, por exemplo, o ruge-ruge do filho de Fernando
Henrique Cardoso com uma jornalista da Globo, por isso mesmo enviada para a
Espanha, borbulhou no azedume moralista do país, o mal estar de um lado e o
dedo acusatório do outro, não era a liberdade de imprensa que estava em questão
apenas. Ali era a expressão da contradição das empresas de comunicação com a
liberdade de informação: a mesma omissão da época é protagonismo de mídia na
Rosemary do Lula por agora.
Essa questão se encontra no debate Inglês, em torno de um
jornalismo “bandido” que invadiu a vida privada de pessoas para gerar
sensacionalismo e forjar vendas comerciais. Isso resultou num relatório em que
a questão da regulação (ou auto regulação) se mostra como necessária à defesa
das pessoas e instituições ameaçadas por empresas a serviço de lucros. Mas é
claro que a questão não é apenas essa: pois ainda assim persistiriam as
declarações seletivas, as omissões propositais, as manipulações de partes da
mensagem e assim por diante. Além de que a contradição entre empresas
prisioneiras do lucro, do enriquecimento de sócios e donos, e a liberdade de
informação sempre existirá. Sempre que os lucros forem ameaçados, a informação
se torna uma ficção a favor de interesses privados e não mais públicos como é a
natureza da informação nos termos em que tratamos aqui.
Na Argentina o caso do Grupo Clarin, virado potência durante
a ditadura Militar, do mesmo modo que a Globo, é um exemplo claro da questão
liberdade pública e interesse privado. A possibilidade é real, nos casos
citados anteriormente, de governos ou grupos partidários, ou grupos lobistas ou
que mais formas existam de organização, inclusive criminosas como Carlinhos
Cachoeira, que venham usar a contradição entre liberdade de informação e grupo
empresarial. Mas isso é parte da contradição entre lucro privado e liberdade
pública e isso é uma das grandes questões das democracias burguesas.
Uma coisa é líquida e certa: o monopólio empresarial e a
acumulação de renda é um grande problema para a democracia e para as liberdades
sociais. É necessária uma luta política permanente para dissolver monopólios,
oligopólios e acúmulos de riquezas até como forma de superarmos as contradições
do momento histórico que inclui a grande e luminar crise atual do capitalismo.
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