terça-feira, 18 de dezembro de 2012

SUPREMO CASSA CONGRESSO QUE CASSA SUPREMO - José do Vale Pinheiro Feitosa


Toda a minha adulta vida social, econômica e profissional é fruto do Rio de Janeiro. Bem verdade que pela estrutura do Governo Federal. Isso posto me coloca numa esquina em relação ao assunto dos Royalties do Petróleo. Mas numa esquina ventilada, onde os ruídos das ruas que a formam chegam simultaneamente.

Muita gente confunde o assunto como mero imposto, mas os royalties são mais arcaicos ainda em relação às sociedades modernas. A palavra deriva de “royal” que se refere aquilo que pertence ao rei: por exemplo as pessoas para transitavam nas estradas reais ou nos cursos de água dos reis haviam de pagar um pedágio de circulação. Por isso o termo se adequa tão bem ao direito autoral: em tese só posso usar este programa para escrever estas palavras se pagar direitos de royalties à Microsoft.

Por isso os royalties são pagos ao governo e a particulares. A exploração de recursos naturais como minérios e a água redundam em pagamento de royalties aos governos federais, estaduais e municipais, a depender de quem seja o recurso. As patentes e o franchising, por exemplo, são royalties pagos ao setor privado.

Portanto estamos vendo que a partilha dos royalties do Petróleo por todos os estados e municípios como esta MP em debate no Congresso Nacional tem a natureza da inerente da discordância, além da manutenção de privilégios. O petróleo e seus derivados são bens de consumo universal, mas seus estoques não se disseminam em todo o território. O Petróleo se localiza em alguns estados e neste em alguns municípios onde é extraído e depois transportado para o exterior para ser refinado ou trocado por um petróleo de cadeia mais fina ou para outros estados que possuam refinarias.   

Todo o imbróglio se origina em duas questões que têm a ver com o futuro imediato e com o futuro mediato. O futuro imediato é restabelecer a posse pública das reservas do Pré-sal, a maior reserve de petróleo já descoberta no país. O futuro mediato é retirar dos ganhos deste capital mineral, riquezas que podem ser aplicadas em políticas universais como o caso da educação.

Em outras análises os royalties com a questão do pré-sal, de algum modo, deram um pulo Federalizante: deixaram de se circunscrever meramente a municípios e estados produtores e passaram a serem partes justas de todos os entes da federação. E como partes de todos, isso implica em partilha segundo as regras de toda a partilha das verbas federais (mesmo que tenha regras específicas de partilha, a estrutura partilhada é semelhante).

A outra ponta, até para se evitar o mero acúmulo de riqueza privada em empresas, famílias e indivíduos, como acontece nos grandes produtores de petróleo deu-se a esta cobrança o caráter redistributivo: o dinheiro seria aplicado na Educação universal (esse aspecto está a perigo tendo sido vetado pela Presidenta).

O Rio de Janeiro briga no congresso e no Supremo Tribunal Federal contra a imediata aplicação da redistribuição dos royalties por todos os estados. O Rio é privilegiado neste aspecto por ser um grande produtor agora e no futuro. Mas no meu entender, a Judicialização militante que emergiu no julgamento do Mesalão indo em contramão às prerrogativas do Congresso Nacional vai dar problema com o Supremo.

A recente medida cautelar do Ministro Luiz Fux, carioca da gema, proibindo o Congresso de votar os vetos da Presidenta Dilma pode andar no fio da navalha da crise ontem estabelecida por cinco dos nove ministros que querem atropelar a Câmara de Deputados com a Cassação do Mandato de Deputados Federais condenados no Mensalão.

Resultado: hoje o Senado prepara a pronta resposta ao STF e esse embate democrático é ponta de uma doença de conflito institucional que o supremo teimou em bancar.   

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