sábado, 13 de abril de 2013

mama mia!



Lançado no Brasil semana passada, o filme "Mama" é mais uma idiotice, digamos, onstruosa, usando um adjetivo adequado. A mídia deu páginas inteiras na divulgação, alardeando como "um novo estilo de suspense", "forte carga de sustos", "clima de terror psicológico", "tenebroso", e outras fraudes publicitárias.
Digirido pelo argentino Andrés Muschietti, coproduzido pela Espanha e Canadá, "Mama" é tipicamente uma mesmice dos filmes hollywoodianos do gênero. Nada de novo debaixo das trevas da falta de criatividade desses roteiristas, no caso, o britânico Neil Cross, que escreveu uma série de thriller na BBC - o que para mim não credencia excepcionalidade nenhuma. E dizem que a concepção desse enredo tolo e vazio, teve inspiração em obras do artista plástico Chet Zar, um californiano de 46 anos, que tem seu trabalho inspirado em filmes de terror, e já enveredou na indústria cinematográfica criando efeitos especiais para "O Chamado", as continuações de "O Planeta dos Macacos" e "Darkman". Não é meu tipo de pintura, não colocaria um quadro de Zar na minha parede, mas as suas criações a óleo em enormes telas são perfeitas, assustadoras, demonstram engenho e técnica de um grande artista. Ao contrário do filme. E para credenciar mais "qualidade" a "Mama", o diretor, numa entrevista, disse que o personagem título, a coisa esquisita lá, uma mãe "angustiada" no além sem o filho no colo, é uma "espécie de pintura de Modigliani deixada para apodrecer..." Mama mia! É muito engodo. Realmente, a figura "assustadora" do filme esboça as características de rostos e pescoços alongados do grande pintor italiano, mas comparar com essa bela criação e deixá-la putrefazer, é uma analogia infeliz, de muito mau gosto.
"Mama" é um mosaico, ou mais apropriadamente, um caleidoscópio de clichês de todos os sustos que já se viu no cinema. E não incluo os arrepios Hitchcock, para não vulgarizar a obra do mestre do suspense. É outra coisa. Incluo os sustos explícitos, os que não sugerem, que precisam de tradução, que não exigem mobilização de raciocínio, que não estimulam os neurônios. São bem feitos, sim. Principalmente depois da tecnologia de ponta. A produção industrial cinematográfica americana e derivadas de outros estúdios, precisam desse público para abastecer os milhões investidos. O cinema com seu poderio torna-se uma máquina alienante. Mas cinema não é somente diversão. É uma arte de reflexão, também. E não falo aqui de “filme-cabeça” , necessariamente. Hitchcock – ele de novo, claro – soube muito bem aliar os sustos com os dramas humanos em entretenimento de qualidade. O que fica para história, “Cortina rasgada” ou “Mama”? 

Que o efêmero e descartável existam como significados desses filmes, mas que não se aspire como inovação e se pretendam obras-primas.
Há quem goste. E gosto não se discute, se lamenta.

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