A ideia da exploração
do homem pelo homem remonta à antiguidade. Melhor dizendo: às civilizações
clássicas. E tem por base a produção agropastoril e a exploração de minérios.
Quer dizer a necessidade de tirar a liberdade de ir e vir e tornar o escravo
aprisionado ao sistema de produção de natureza continuada.
A diferença da
exploração que começa com o Renascimento, as grandes navegações, o
mercantilismo, a reforma protestante e a contrarreforma, que desembocou no
capitalismo e na sociedade industrial é o fim da terra como valor e a
urbanização como estratégia. A urbanização não é o mote da mudança, mas a
empresa capitalista e o sistema financeiro que acompanhou para precificar e
garantir a posse dos excedentes.
A exploração do homem
pelo homem não se encontra numa maldade ontológica humana e nem na sua
degeneração moral. A natureza do capital é a exploração e, portanto, o
patrimônio moral é esse, como dizem os americanos tudo em nome do business.
Aliás, como John Houston bem mostrou em seu filme Prizzi´s Honor
“legitimamente” seguido pela Máfia americana.
A colonização europeia
dos outros continentes aconteceu movida pela empresa mercantil e assim acelerou
a transformação mundial global de modo que o fenômeno começa há quinhentos
anos. A tomada das terras indígenas, africanas, australianas e asiáticas não
foi um processo clássico de ocupação de terras por outros povos como no
feudalismo. Foi ela, a tomada, feita sobre a plataforma da empresa mercantil
que sustentava grandes plantações, minerações, caçadas e coletas para abastecer
os navios de porto em porto.
Aqui no Brasil mais do que
tomar violentamente as terras indígenas, a mercantilização e o capitalismo destruíram
a cultura medieval portuguesa e a cultura original indígena e as substituiu
pela fazenda não mais feudal, embora guardasse muitos aspectos daquele tempo. A
exploração do homem pelo homem continua a grande questão filosófica, se
entendemos a filosofia como a organização da ideia para entender o seu mundo e
assim transformá-lo.
Entender que o
capitalismo e suas contradições estão no desemprego em massa, nas guerras, na
fome, no desespero do indivíduo, nas cloacas urbanas, na violência
interpessoal, na prostituição feminina, no consumo de estimulantes e
substâncias inebriantes e de modo geral na cultura do consumismo conspícuo.
Mais do que repetir os
mantras de nossas revistas e jornais conservadores os nossos intelectuais, os
professores e os formadores de opinião têm que ampliar os horizontes do local
da discussão. Não podemos sair pela tangente e nem por ideias escapistas que o
problema do mundo se deve à Venezuela e aos irmãos Fidel de 86 anos e Raul de
82 anos de idade. Osama Bin Laden tem sua execução comemorada hoje. Foi há dois
anos.
O capitalismo continua
o local da discussão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário