domingo, 23 de junho de 2013

Somos mesmos os desprezíveis das manifestações de rua? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Caro leitor estamos aqui apenas eu e você. Somos, segundo os infográficos da internet, desprezíveis 0,2% de quem fala nas manifestações que desde há pouco mais de uma semana incendeiam as ruas brasileiras. Os twitters e facebooks da vida arrebanharam 93,3% dos que publicaram, fizeram menções e, claro, leram sobre aproximadamente 1% da população brasileira que foi à rua.

Mas espere aí? Apenas 1% dos brasileiros foram às ruas? Mas pode ser mais, muito mais. Tudo bem que seja 3% da população isso ainda corresponderia a 6 milhões de brasileiros que passaram pelas ruas de todas as cidades do Brasil. Isso é a conta das ruas, na rede o número é imenso, além dos jornais, televisões e rádios.

Mas agora o que temos diante de nós? Em primeiro lugar uma disputa política ampliada ao máximo. Entre quem? Entre progressistas e conservadores; esquerdistas e direitistas; institucionalistas e anarquistas; democratas e fascistas; ordeiros e desordeiros; propriedade e saque (depredações inclusive). Pode inverter a ordem dos contendores e incluir mais algumas disputas que correspondem aos fatos.

Em síntese é este o momento da disputa das ruas e da ação política. Todo aquele papo de apolítico, anti-político é pura enganação. O movimento das ruas é político e cada um quer um resultado político que lhe caiba nos objetivos. A direita paulista quer o impedimento de Dilma, a prisão dos esquerdistas, a volta dos militares e o golpe inicialmente com Joaquim Barbosa do Supremo (lembrar do Paraguai e Honduras). Esse pessoal da direita paulista até imagina outra quartelada igual a 1932 resultando na separação de São Paulo do território nacional.

Haveria alguma disputa internacional neste jogo? Existem muitas evidências que parecem mostrar algo externo. Muitos vídeos do Youtube que serviram para ampliar a disputa nas ruas pelo Brasil foram feitos nos EUA, com falas em inglês e legendas em Português. O Premier da Turquia denunciou um complô internacional contra seu país e o Brasil. Tomemos por base a mesma dinâmica das “redes sociais” que tem levado a mudanças conservadores no mundo Árabe e noutros lugares. Ou seja, a mudanças em torno do mesmo eixo.

Existe algo a se construir com estas manifestações? Claro, falo além do golpe. Falo em ampliação da democracia, do controle social sobre as políticas públicas, reforma eleitoral e política, democratização dos serviços públicos de informação; desenvolvimento social, ampliação de recursos e práticas que ampliem o direito à educação, saúde, segurança pública, mobilidade social e no espaço urbano.

Por qual motivo o povo brasileiro que chegou até aqui iria seguir o caminho do fascismo e do golpe? Quando alguém repete frases de efeito do tipo o SUS e a Educação não existem onde quer chegar? Além da farsa? Quais são os números do atendimento público e privado nestas duas políticas? O Planos de Saúde atendem diretamente a menos de um quarto da população. O SUS atende a 75% além de financiar a segurança sanitária e epidemiológica do país (todo mundo toma vacina). Na Educação os números na educação básica são até maiores no setor público.

Então estamos falando de um país que tem uma estrutura pública municipalizada que mobiliza bilhões de reais, emprega milhões e cobre todos os municípios. Por qual razão digo que não existe? Em síntese a luta não é do fascismo. A luta é outra: se tenho isso tudo então posso ampliar sua eficiência inclusive controlando os excessos de consumismos e fetiches dos meios que geram muitos negócios vantajosos para grandes corporações e empresas.

É a mesma coisa por qual razão precisamos de golpe? Mais um golpe? Mais uma ditadura, mais uma manipulação das forças armadas para resolver as demandas de alguns privilegiados deste sistema ainda perverso? Para o ano esta disputa vai para as eleições e que democraticamente se resolva com todos os brasileiros com direito a voto. O isolamento dos fascistas é o principal caminho para se voltar a pensar na segurança dos brasileiros. De todos os brasileiros, principalmente dos mais pobres e à margem da mobilidade social.


Antes que nós dois voltemos a ser indivíduos só uma ressalva para que não me entenda por outro meio. Não disse que as manifestações eram de fascistas ou golpistas. Apenas afirmo que se trata de uma disputa na rua por ação política. E os fascistas mostraram sua face com toda a nitidez mesmo quando usando máscaras ou tocas ninjas. 

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