Nesta hora faz falta, aqui no blog Cariricult, o Maurício
Tavares, professor de comunicação. Ele que tem um espírito crítico sobre o
pensamento e a expressão deste, nos falta em razão do ao meu ver foi a grande
síntese das novas comunicações e do sistema em rede tão estudados pelo Manuel Castels
e outros.
Estou me referindo a um dos programas de televisão mais
fortes dos últimos tempos que ontem incendiou a rede e que nos vários contatos
pessoais que tive com intelectuais aqui no Rio também se tornou assunto. Falo
do Programa Roda Viva com um dos líderes dos Coletivos Fora do Eixo, o Pablo
Capilé e uma liderança da Mídia Ninja Bruno Torturra. Quem tiver um tempo vale
a pena procurar pelo programa e tirar as próprias conclusões.
Ao lembrar o Maurício Tavares não pretendo resumir tudo a
mera formulação de comunicação, pois os dois jovens entrevistados ruíram
paradigmas da cultura ao trazer com clareza a quebra do paradigma do sistema
produtivo industrial e o novo processo em rede. O coletivo, por exemplo, que é
o renascimento de uma utopia marcante deste o iluminismo.
E mais ainda um coletivo que produz pelo trabalho em rede,
colaborativo e não compartimentalizado ou departamentalizado e hierarquizado. E
essencialmente corrente. Os dois entrevistados trouxeram fortes exemplos de
áreas distintas que pertenciam ao universo clássico da produção industrial, a
indústria cultural e a mídia corporativa e demonstraram como outras formas de
produção são possíveis.
Claro que a possibilidade não nasce de apenas se opor um
modelo ao que tão bem funciona, pelo menos como força econômica. Na verdade
estas duas experiências surgem da próprias crises das duas áreas abordadas, o
desaparecimento da indústria fonográfica e de toda a estrutura produtiva
decorrente dela, como lojas, casas de show, espetáculos etc. E no outro exemplo
o próprio ocaso da mídia tradicional em todo mundo em razão das novas mídias
surgidas das telecomunicações e da computação eletrônica.
O interessante que é este novo ambiente surge na cabeça
destes novos atores como que seria uma “nova narrativa”. E esta questão é
central, pois na verdade ao tratarmos de mídias o elemento central é a
narrativa (coleta, edição etc.) e a narrativa num ambiente intermediado pelas
empresas é capturada por quem o intermedia. A nova narrativa seria muito mais a
evidenciação de múltiplas parcialidades e a exposição delas num mosaico cuja
dinâmica não é apenas entre um emissor e um receptor, mas ao contrário, ela é
um vai e vem, como diz o Capílé ela é P2P.
Enfim nesse ponto as manifestações de rua, onde estes
coletivos foram pinçados como evidências, começam a ser compreendidas como a evidência
de um largo movimento na cultura que vem se formado há muitos anos.
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