Começou a produzir eventos no tempo em que
fazia tertúlias na sua casa, Kaika Luiz
desde cedo manteve contato com a diversidade da produção do Cariri e nos últimos
vintes anos vem se destacando pelo seu trabalho de produção cultural, tendo
sido responsável pela vinda para região de artistas como Moraes Moreira,
Fagner, Kid Abelha, Lobão, Luiz Gonzaga e Bandas
como Seu Chico (Recife), As Chicas (Rio de Janeiro), Black Dog (Rio de
Janeiro), Blues Power (Rio de Janeiro), Cabruêra (João Pessoa), Os
Transacionais (Fortaleza), Os Caetanos (Recife), Caco de Vidro (Fortaleza) e
muitos outros, além de quase todas as bandas do Cariri. Kaika também é um dos defensores da criação do percentual
de 2% receita municipal ara cultura.
Alexandre Lucas – Quem é
Kaika Luiz?
Kaika Luiz
- Existe uma música do
Nilton César, das antigas, chamada EU SOU EU que acho me identifica bem,
principalmente no trecho onde ele canta: “Eu sou eu, foi meu pai que me fez
assim, quem quiser que me faça outro, se achar que eu sou ruim.” Ouvia muito
essa música nos parques que vinham para o Crato fazer a festa da exposição e
padroeira, principalmente o Parque Maia. Sempre achei que essa música diz um
pouco de mim.
Alexandre Lucas – O que é o Cariri para você?
Kaika Luiz
- Uma lindeza que tive a
grande oportunidade de nascer. Certa vez ouvi da amiga Izaíra Silvino que “O
cariri tem um artista em cada esquina”. Isso é o que vejo também: por onde você
anda aqui no Cariri você esbarra com um artista. Então o Cariri é isso. Arte pura.
Alexandre Lucas – Como se deu seus primeiros contatos com a arte?
Kaika Luiz
- Dentro da minha própria
casa, desde cedo. Tive várias influências culturais. Inicialmente com meu irmão
mais velho Nacélio, conhecido por Veinho. Eu era criança e ele teve uma banda
aqui no Crato. Era o THE TOPS que já tocava muita música bacana. Outro irmão, o
Roncy, um pouco mais velho que eu, mas um grande apreciador de rock, eu curtia junto. A banda Ases do Ritmo, outro
grande ícone das décadas de 70/80 no Cariri. Tive o prazer de ver e ouvir
muitas vezes essa moçada sob a batuta de Hugo Linard. Aí vem Luiz Gonzaga,
Jackson do Pandeiro, Beatles, etc. Na literatura veio do Colégio Diocesano,
onde estudei todo o ensino básico. Lembro bem do meu primeiro livro que ganhei
de presente da professora Almerinda Madeira no meu aniversário. Foi “As
aventuras de Tom Sawer” de Mark Twain. Nunca esqueci esse presente. No cinema,
desde cedo nós convivíamos com a arte do cinema aqui no Crato, pois como todos
sabem, tínhamos três ótimas salas de exibição e eu garoto estava sempre
antenado com o cinema. Então, eu convivi com algumas vertentes das artes desde
cedo, música, teatro, cinema, literatura, pintura, tudo isso fez parte da minha
vida infantil e continua até hoje.
Alexandre Lucas – Fale da
sua trajetória:
Kaika Luiz
- Nasci na Rua Teófilo
Siqueira, esquina com a antiga Rua Pedro II (hoje é Rua Vicente Lemos). Ali
onde hoje tem um prédio e funciona uma xerox. Minha primeira escola foi o grupo
escolar Alexandre Arraes. Em seguida mudei para o Diocesano. Desde cedo já me
interessava em ajudar o meu pai no seu comércio na inesquecível Cantina do
Oliveira que, mais tarde, profissionalmente, comandei por 25 anos. Com o
falecimento do meu pai em novembro de 2000, resolvemos fechar a empresa e a
partir daí comecei a levar a minha profissão de produtor cultural com mais
afinco. Na realidade eu já o fazia antes, mas só a partir do ano 2000 é que me
voltei totalmente para a profissão. A minha produtora foi fundada desde 1996.
Neste cenário também trabalhei e ainda trabalho com publicidade e turismo. Sou
meio workaholic, sempre procurando me envolver com arte, cultura e turismo.
Alexandre Lucas – Você tem contribuído para a produção cultural
na região do Cariri. Fale desse trabalho:
Kaika Luiz
- Pois é, isso começou
também muito cedo. Acho que nos tempos que fazia as “tertúlias” em minha casa.
Minhas festinhas já eram conhecidas. Depois, quando fui trabalhar no comércio,
fui convidado a integrar a diretoria do Crato Tênis Clube, o que fiz durante
oito anos. Nesse período as festa da “Exposição do Crato” aconteciam nos salões
do CTC. Minha profissão de produção se intensificou muito nesse período. Foi no
Crato Tênis Clube, principalmente com alguns componentes da diretoria,
principalmente o Ermano Américo, que a coisa detonou. Aí trouxemos pra tocar no
clube artistas como Moraes Moreira, Fagner, Kid Abelha, Lobão, Luiz Caldas,
Luiz Gonzaga, Beto Barbosa, e muitos outros. Em seguida fiz algumas produções
locais com o artista Nonato Luiz, e uma mini turnê estadual com o Didi Moraes.
Tenho conseguido ultimamente em parceria com a produtora Mônica Vitoriano, da
MC2 Produções, realizar bons eventos aqui na região, sempre procurando buscar
novas linguagens musicais em atividades em outras regiões, em sintonia com a
produção local. Bandas como Seu Chico (Recife), As Chicas (Rio de Janeiro),
Black Dog (Rio de Janeiro), Blues Power (Rio de Janeiro), Cabruêra (João
Pessoa), Os Transacionais (Fortaleza), Os Caetanos (Recife), Caco de Vidro
(Fortaleza) e muitos outros, além de quase todas as bandas do Cariri. Sempre
procuramos colocar uma banda local nessas apresentações no sentido de haver uma
interação entre os estilos e para o conhecimento entre artistas.
Alexandre Lucas – Como você ver a produção cultural na região?
Kaika Luiz
- Apesar das dificuldades,
sempre tem acontecido bons eventos na área cultural no nosso Cariri. Disso
podemos nos orgulhar, porque não é fácil realizar esses trabalhos por conta da
forte pressão que sofremos com a mídia de massa em eventos de gosto duvidoso,
mas que arrasta multidões, infelizmente. Mas graças a Deus temos feito a
diferença no Cariri e isso juntamente com outras produtoras, com o SESC, a
Secretaria de Cultura do Crato, que sempre tem nos apoiado e a nossa luta na
busca de patrocinadores que nos ajudam a viabilizar esse evento. O Centro
Cultural do Banco do Nordeste também tem feito um trabalho belíssimo aqui no
Cariri, o que nos dá ótimas oportunidades de ver trabalhos de grandes nomes do
cenário cultural brasileiro. Em relação aos artistas, fica impossível citar a todos,
mas o Cariri é destaque digo que até internacional, por conta de grandes nomes
que estão produzindo trabalhos cada vez mais belos e originais.
Alexandre Lucas – O que você propõe?
Kaika Luiz
- Além dos 2%, que a lei
deveria funcionar, proponho uma maior interação entre os produtores, os
artistas, o poder público e as empresas, seja comércio ou indústria, no sentido
de conseguirmos parcerias fortes para a viabilização de eventos bacanas.
Proponho melhor organização da cadeia
produtiva da produção cultural, a fundação de uma associação, sindicato, ou,
enfim, que todos, juntos, procuremos nos organizar melhor para o nosso
engrandecimento e maior participação de todos.
Alexandre Lucas – Você também é poeta. Fale da sua poesia:
Kaika Luiz
- Pois é, a poesia também
sempre fez parte da minha vida. Desde muito tempo que escrevo, mas como sou
muito tímido, nunca as publiquei. De repente me deu vontade de fazer isso
através das redes sociais, o que tem me dado um ótimo feedback das pessoas.
Achei muito bom isso. A minha poesia é super simples, mas utilizo sempre uma
linguagem bem direta e bastante forte. Às vezes utilizo da métrica, mas nem
sempre. São vários temas, muitos deles de ordem pessoal, mas tem também a
poesia absurda, fora de contexto e engraçada. Gosto de brincar com as palavras,
as vezes uso travas-línguas, e outros recursos para torna-la única. Por conta
disso algumas delas já viraram música: duas feitas pelo grande músico Pantico
Rocha e outro pelo baixista Gustavo Portela de Fortaleza. Estou feliz por isso
e pela repercussão do que tenho escrito.
Alexandre Lucas – Tem planos de publicar um livro com essas
poesias?
Kaika Luiz
- Tenho sim, inclusive já
recebi um convite para fazer isso através da amiga Eliza Mariano, uma cratense
que mora em Fortaleza, proprietária da livraria Lua Nova, um ótimo espaço
cultural da nossa capital. Estou organizando tudo isso, inclusive à procura de
patrocinadores para viabilizar a impressão.
Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos?
Kaika Luiz - Estou organizando
para este segundo semestre. Dia 5 de outubro estamos viabilizando a vinda do
artista Nigroover de Fortaleza e estamos procurando apoios pra fazer novamente
o Reveillo’n’roll, com bandas de rock. Tem também a realização do meu maior
sonho que é o FICA – Festival de Inverno do Cariri que estou na luta pra
realizar no próximo ano. O FICA já tem projeto há uns 4 anos, já está
registrado, só falta o principal: apoio, mas estou sempre procurando e nunca
vou me cansar disso.
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