domingo, 23 de fevereiro de 2014

De "plantões" e "prendas" - José Nilton Mariano Saraiva

A notícia, inserta no jornal O POVO, de 23.02.14, apenas confirma publicamente aquilo que todo mundo sabe, mas tem medo de exteriorizar: no Poder Judiciário, que deveria constituir-se um poder acima de qualquer suspeita, a corrupção também se faz presente. E em seus escalões superiores, usando expedientes suspeitos.

É que determinadas bancas de renomados advogados de Fortaleza espertamente optam por impetrar “habeas corpus” junto ao Tribunal de Justiça do Estado, em favor de bandidos de alta periculosidade (já presos), só e exclusivamente só, quando dos plantões judiciários de finais de semana (no fim do ano passado, houve a tentativa de liberar pelo menos três criminosos de uma quadrilha especializada em assaltos, seqüestro e tráfico de drogas, reincidentes no mundo do crime e que já haviam sido condenados em pelo menos um processo).
E tem mais:  01) na busca para tentar evitar a liberação “legal”, os advogados dos bandidos apresentaram mais de um pedido de habeas corpus para o mesmo criminoso numa tentativa de confundir o sistema de distribuição eletrônica e chegar ao “desembargador do acerto”; 02) em um dos casos, três advogados diferentes (contratados pelo mesmo escritório) repetem a solicitação em datas distintas; 03) apurou-se também que alguns escritórios de advocacia esperam por plantões específicos de determinados desembargadores - a lista dos escalados para cada plantão passou a ser pública, por determinação do Conselho Nacional de Justiça.
Para tanto, sabem quanto era a “prenda” de Sua Excelência o Desembargador de plantão ??? De apenas e tão somente "irrisórios" R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais) por cada “habeas corpus” deferido (em um mesmo plantão do TJCE, nada menos que 64 recursos foram apresentados).
Descoberta a maracutaia,  pelo menos duas investigações estão em curso no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outras para serem encaminhadas. O desembargador Gerardo Brígido, presidente do TJCE não quis comentar o assunto. Limitou-se apenas a dizer que os fatos estão no CNJ.

Nenhum comentário:

Postar um comentário