terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

E a mídia não discutiu a morte violenta de Gleisi

Completando a postagem abaixo faço uma colagem de uma postagem do Paulo Nogueira no seu Blog Diário do Centro do Mundo. Ele fala de uma atora de teatro, jovem que morreu num incêndio suspeito de ter sido criminoso. Ela se chamava Gleisi Nana e o Paulo cita esse trecho de poema feito por ela durante a sua militância nas manifestações de junho de 2013. 

Quando respiramos bomba de gás falta o ar como pétalas estranguladas.
O cheiro abafado é o desabafo sufocado, engasgado nas entranhas.
A pele arde e rasga por tudo aquilo que nos massacra e nos devora.”


As coisas ficaram realmente dramáticas para ela no dia 5 de outubro. Foi quando ela leu uma mensagem de um sargento da PM que dizia o seguinte: “Mais uma vagabunda, maconheira e anarquista que apoia a desordem no Rio. Quer falar mal da polícia fala na cara, sua piranha. Na net é mole.”

Disse ela no Facebook: “Foi um choque. Já não bastasse todo o gás de bombas que respirei, todas as corridas fugindo de balas que tive que dar, todas as ameaças de agressão, toda a tensão nos atos … agora o terrorismo pessoal.”

Ela fez sua opção.

“Escolhi não me calar. Uma frase é muito forte em minha mente. ‘Se você cala diante de situações de injustiça, escolhe o lado do opressor’.”

O jornal O Dia deu uma matéria sobre a ameaça, e Gleise pediu a seus amigos que compartilhassem, “por favor!!!”.

Dias depois, o incêndio, e no final de novembro a morte não cantada, não chorada, não investigada – e no entanto tão previsível.

Amigos continuam a deixar mensagens em seu Facebook. Muitas vezes são imagens lindas de flores, e palavras de amor e saudade.

Uma amiga postou uma poesia de Gleise:

O tempo põe-se tarde,
escurece.
Todavia o latejar apetece

Mas a cotovia não transborda seu cântico.
Amo.

E tal andorinha desgarro,
me aventuro,
sigo outros rumos.

E somente no fim digo:
Agora durmo.”

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