segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

NÃO APENAS AO BISPO - José do Vale Pinheiro Feitosa

A prontidão com que a Diocese do Crato divulgou a conclusão do inquérito policial contra o Bispo Dom Panico demonstra a necessidade do bom trato público com figuras igualmente públicas. E entre as figuras públicas algumas precisam de efetivo cuidado ao se tratar de eventuais evidências de desacertos com os valores públicos por parte destas.

Políticos, governantes, representantes dos três poderes, religiosos e personagens icônicos do movimento social e cultural. Vejam que não inclui aí os grandes capitalistas, donos de mídia, entre outros, pois estes têm o poder econômico e não representam o sentimento geral da sociedade como esses que citei. Mas mesmo assim esses se inserem como dignos de respeito.

Quando um personagem da lista citada é atacado em sua reputação pública é a própria sociedade que é atingida em seus valores e em seu apanhado da realidade e da verdade que em parte estes valores públicos lhes agregam. Por isso o debate público em torno deles precisa ser muito bem fundamentado.
A forma com que a grande mídia, as redes sociais e os blogs tratam personagens dos movimentos sociais, culturais, os políticos e governantes pode ser descuidada, pessoal e com uma linguagem agressiva e adjetivada. E normalmente vem acompanhada de uma alguma disputa ideológica e de formação política ou por interesse contrariado.

De certo modo o inquérito conclui que não houve crime de estelionato por parte dos membros da diocese contra os inquilinos pois estes não tomaram prejuízo. Isso não quer dizer que os inquilinos não tenham sofrido qualquer constrangimento de outra ordem que não de natureza econômica (pelo menos nos termos do inquérito). E também não quer dizer que os inquilinos não tivessem razão ao fazer a denúncia policial pois esse é o modo correto de agir. Mas a nota da diocese é real ao se queixar que foi no estelionato que a mídia tratou o caso.

Esse episódio é importante para que entendamos como são tratadas figuras como os condenados da ação penal 470 por parte de setores da mídia e da sociedade fazendo uso político. A respeito do assunto, mesmo não sabendo nada sobre o que se trata, agora é notícia regional um suposto “mensalinho” na Câmara de Vereadores do Crato e que poderia ser uma luz política em benefício do ex-prefeito do Crato.

Antes que se contrariem com o exemplo do “mensalinho” esclareço que vale para todo assunto dessa natureza o mesmo cuidado que se deve quando do episódio que atingiu o valor público do bispo diocesano, ao se considerar os termos da nota. Assim como vale para certas postagens que falam de pastores de igrejas protestantes. Por exemplo, quem não sabe que parte dos ataques do Sistema Globo contra o Bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus não tinha o dom da disputa comercial na rede de televisão?  

Mas prestem atenção que não se trata de nenhum acobertamento de danos públicos ou de tornar alguém acima de qualquer suspeita. Apenas se trata de criar um código de valor público para se tratar de questões de suspeição ou de efetiva condenação por decorrência de dano ao bem público ou a integridade individual ou privada.

E faço um adendo. A crítica ao comportamento geral de uma instituição pública como os políticos, os governantes, os representantes do povo ou o Poder Judiciário é necessária e fundamental pois aí estamos falando de sua função histórica para a sociedade. E especialmente para as sociedades que se baseiam em Constituições que dão os parâmetros de seus valores essenciais.


No caso da Constituição Brasileira ela institui um Estado Democrático de Direito e tem entre seus princípios fundamentais “a dignidade da pessoa humana”.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário