terça-feira, 30 de setembro de 2014

Sem "substância" - José Nilton Mariano Saraiva

Sem “substância” - José Nilton Mariano Saraiva
Não é de todo verdade a versão de que, com a proximidade da eleição presidencial, os adversário-concorrentes estejam tentando “desconstruir” a candidata Marina Silva. Ela, sim, é que, por despreparo, por falta de firmeza e consistência político-ideológica e por recorrentemente desdizer o que houvera afirmado lá atrás, a cada debate mete os pés pelas mãos, a cada intervenção “ao vivo” se enrola nas próprias artimanhas e contradições, a cada desculpa apresentada mostra sua verdadeira face.
Já vimos, por exemplo, que mudou de posição da noite pro dia no tocante à questão da homofobia (constante do seu programa de governo), após o pastor Silas Malafaia dar-lhe um ultimato (puxão de orelhas) e ameaçar abandonar seu barco se não se retratasse e se não mudasse a versão original imediatamente (o que foi feito, de pronto).
Mais à frente, descobriu-se que nas diretrizes constantes do seu programa de governo (sempre ele), no tocante à questão tecnológica parte do texto fora simplesmente “copiada” de uma revista da USP e “colada” àquele documento, sem que sequer os verdadeiros autores tenham sido consultados e/ou creditados (e isso findou por causar um generalizado mau estar entre os integrantes da “academia”).    
Depois, Marina Silva chegou a “descredenciar” o mentor da sua política econômica, que houvera afirmado de forma contundente que o ajuste das contas do governo teria que necessariamente passar por um corte profundo das verbas destinadas aos programas sociais do governo. E aí, como o discurso não guardava um mínimo de conformidade com o contido no seu programa de governo, Marina Silva preferiu sair pela tangente, ao afirmar que “não era bem isso” o que o seu mentor econômico escrevera (só não traduziu o que ali constava).
Já no tocante à atuação dos bancos públicos, o programa de governo da candidata prega a necessidade de uma profunda diminuição ou encolhimento da sua atuação. Questionada sobre se os bancos privados estariam dispostos a praticar uma taxa de juros subsidiada e no longo prazo nos grandes projetos estruturantes (como o fazem os bancos públicos), de novo tratou de negar o contido no seu programa de governo (onde consta, sim, que os bancos públicos terão sua atuação diminuída). Afirmou que a sua fala houvera sido desvirtuada (de novo, não explicou).
Alfim, no mais recente debate na TV (Rede Record), foi questionada pela atual presidente Dilma Rousseff com relação ao seu voto quando da votação da CPMF. É que afirmara lá atrás ter votado favoravelmente à criação da mesma. E bastou uma “consulta” protocolar à documentação pertinente (ata da sessão) onde consta a posição de cada um dos parlamentares votantes - favorável (SIM) ou desfavorável (NÃO) - para restar constatado que o voto da parlamentar Marina Silva, registrado para a posteridade, é por demais claro e cristalino: em votações distintas, optou pelo NÃO (pega na mentira, tentou, sem sucesso, enrolar mais uma vez).
Fato é que Marina Silva “desconstrói” a si própria, ao mostrar que entre a teoria (seu plano de governo) e a prática (seu discurso, sua fala) existe uma oceânica distância,  absolutamente conflitante e dispare.

A pergunta é: não seria por demais arriscado levar alguém tão “sem substância” ao cargo maior da nação ???

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