terça-feira, 28 de outubro de 2014

A CASA QUE CAIU NA VIDA DE AÉCIO NEVES - José do Vale Pinheiro Feitosa

Seja porque Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa baixaram na alma de mentes raivosas. Ou porque eles nunca suportaram os partidos de origem trabalhista (mais ainda se socialistas ou comunistas) e sempre tiveram esteatose hepática à simples menção de seus quadros. Quem sabe mais raiva tenham ainda de líderes populares que ousem afrontar as migalhas do banquete que pegam embaixo da mesa da elite nacional e internacional. Seja onde nasça este ódio é preciso considerar algumas coisas.

Quando Eduardo Campo surgiu e depois Marina, mesmo quem estava escaldado com o PSDB, veio com a tese que o Governo Dilma estava ultrapassado pelo próprio povo que ajudara. Eles agora estavam numa nova classe média e queriam muito mais do que o Estado poderia oferecer. O exemplo? As manifestações de junho de 2013.

Agora ponha na conta de Gilmar e Joaquim mas abra o olhar para uma megaestrutura sem a qual Barbosas e Mendes não são nada. Ao ponto pacífico: a análise sistemática das valias das manchetes e escolhas jornalísticas dos jornais Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Globo, das revistas Veja, Época e Isto É e Jornal Nacional foram contundentes para uma propaganda negativa e sistemática, criadora de ódio inclusive, contra o governo e o PT. Esta avalanche de matérias pode transformar um pensamento livre em mero “equipamento” de repetição acrítica de propaganda política.

Aí junta a briga de casal, o filho que não estuda, as despesas que não fecham a carestia que é ser de classe média nos bairros chiques e por aí vai e surge um ódio baseado nas tais manchetes. O mundo está em crise e aquela classe média tradicional do Brasil precisa dividir espaços e serviços que antes lhe eram quase que, socialmente dizendo, exclusivo. Avião, Shopping, consumo de linha branca, carro, restaurantes e por aí vai.

Muitos dos raivosos se originam de uma situação em que os avós e pais foram beneficiários do “progresso” do regime militar. Cresceram inclusive nas estatais e nos movimentos da bolsa. Fizeram patrimônio e aí os filhos e netos foram criados, acreditando que aquilo tudo era natural. Aquilo existia desde que o mundo era mundo e eles tinham direito de exclusividade.

Vivem numa sociedade menos exclusiva e mais inclusiva. E será daí por diante. A “meritocracia” de origem não ajuda em sistemas efetivamente democráticos. Os que babam com raiva de nordestino, os conservadores que temem o amanhã, os neoliberais que vêm “totalitarismo” em avanços sociais coordenados, se tornam o resíduo odiento da realidade política e social em transformação.

A campanha de Aécio Neves foi financiada e todas as jogadas maldosas dela tinham uma articulação essencialmente originária em grandes fundos financeiros. Foi uma campanha caríssima e que não se coaduna com as declarações que agora farão à justiça eleitoral.

Como explicar a quantidade imensa de robôs que operaram na Internet, SMS, Whatssap e mais o que aconteceu no Twitter e Facebook. Como em menos de hora foi para a rua milhões de cópias da capa da revista Veja entre sexta e sábado às vésperas das eleições em São Paulo, Brasília e no Rio. E olhem que eram os mesmos cabos eleitorais contratados para bandeiradas do PSDB nas ruas que distribuíam. E quem pagou toda esta logística?

E os robôs que ontem mesmo convocavam manifestações pró-impeachment da Presidenta nas ruas de São Paulo. E os mesmos instrumentos via celular que inundaram os cidadãos com pragas contra nordestinos. Isso tudo demonstra um forte e desleal aparato financiado para golpear o julgamento popular.

Mas e como tirar a história das pessoas?

Falo do porteiro de um prédio na Zona Sul do Rio de Janeiro, com todo o cuidado possível, sentado em sua mesa de trabalho e um morador com a camisa de cima a baixo com bottons do Aécio Neves. E claro agressivamente impondo a vontade dele. O porteiro rindo e sem dizer mais nada. O orgulhoso eleitor saiu para seu voto de “consciência” enquanto o porteiro abria a porta eletrônica para que se fosse.

Quantos anos tens? 48 anos. Desde quando trabalha? Desde os 8. Durante mais de 35 anos de tua vida de trabalho quanto de crédito recebesse para comprar tua casa? Agora. Pago direitinho. Só agora aos 44 anos que tive minha casa e não um barraco no meio da família lá na Rocinha. Agora pago Minha Casa Minha Vida.

Como votar no Aécio? Não pelo que FHC não fez. Mas pelo que Aécio prometia e aí o povo é esperto o suficiente para mesmo não entendendo a linguagem do Armínio Fraga saber quem ia pagar a fatura.

Bolsa família?

Isso é de menos meu senhor. Minha filha faz pós-graduação e todo mundo aqui estuda.  



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