As eleições deixaram perplexos os lados mais contundentes da
disputa. E com tal perplexidade permanecem em campanha. Dilma anunciou uma
união como tese. Como prova, pouco provável.
O PSDB que representa a maior unidade opositora não vai
querer, o PMDB vai aumentar os custos da “união”, o “mercado” vai querer mais
juros.
Isso sem contar que o povo quer mais emprego, maior poder de
compra, melhorar a saúde, a educação, o transporte, a moradia e a segurança
pública.
E tem o mundo. Vivemos num Estado Nação, que se destaca de
todos os outros, assim como os outros fazem entre si.
Por isso a política também é uma questão de soberania, que
envolve conflitos e alianças. Igualzinho aqui entre nós. Aí, diante de um
comércio mundial que não compra, todo mundo quer vender, ser o único fornecer e
o principal ganhador. E nós temos que fazer o nosso. Não é verdade?
Desde que o PT assumiu que as manifestações de rua sofreram
um resfriamento. Retornaram em julho de 2013, despertando o centro, a esquerda,
a direita, a extrema esquerda, a extrema direita, anarquistas, desesperados e
predadores. Agora, sabemos, como sempre soubemos, manifestar é um instrumento
da democracia.
Como também é democrático manifestar-se com outras
bandeiras, contrapondo-se inclusive contra a violência. Mas não esqueçamos, por
mais equivocada que seja, a manifestação uma vez que junte mais de uma pessoa,
já é uma unidade de ação. Minoritária. Mas é.
Agora vamos dar um passo adiante. Diante de cada posição,
vamos seguir em frente sem nenhuma contradição? Não falo nem da contradição de
bandeiras opostas, mas da contradição interna à nossa própria (ou do outro)
posição.
A Presidenta Dilma tem um papel como Chefe do Executivo. O
Presidente da Câmara também, assim como o Senado e o Presidente do Supremo
apenas para falar dos poderes federais. Mas inclua o fato que nosso país é uma
República Federativa e temos os poderes dos Estados em igual desdobramentos.
Soma a isso tudo: que representantes de nove partidos
diferentes foram eleitos governadores. Só o PMDB elegeu sete governadores, o PT
cinco governadores, o PSDB outros cinco, o PSB três (o DF é como um estado), o
PDT dois governadores, o PSD dois, o PP um, o PC do B um e o PROS um
governador.
Isso significa o quê? Uma responsabilidade compartilhada
muito ampla e politicamente contrabalançada de modo a isolar propostas de
rupturas como essas que aconteceram com alguns gatos pingados em algumas
cidades. A manifestação do deputado Xico Graziano (PSDB) no Face representa bem
a repulsa a esta coisa.
Do mesmo modo que se pede o impeachment de Dilma se pode
pedir de qualquer outro, inclusive de Alckmin. Todo mundo tem que pôr a cabeça
no lugar e com ela passar o dia-a-dia da política até os momentos de disputa
democrática.
Na verdade a oposição tem uma grande angústia à sua frente.
Vai querer mudar as regras para solvê-las. Desde o governo de Pedro II e da
Ditadura Militar que não se tem um mesmo partido por tanto tempo no poder como
o PT tem agora (serão 16 anos).
Melhor dizendo para não confundirem que na monarquia não havia
alguma alternância entre os partidos no parlamentarismo monárquico, pois
acontecia. Estou falando da mesma força política. Mesmo considerando a
República do Café-com-Leite ali havia uma partilha política em torno dos
negócios do café paulista, do café e do leite mineiro.
Não é por uma espécie de vício de linguagem do contraditório.
Mas Fernando Henrique Cardoso, com aquele projeto de vinte anos do PSDB no
poder, errou feio ao promover a reeleição. Entregou a instituição dos mandatos
de oito anos de bandeja para o PT.
E aí ocorre com todo mundo que erra e sabe que sofre pelos
próprios erros. Eles já estão vendo Lula em 2018. Isso é desesperador.
Mas não deixem de considerar que têm um patrimônio políticos
invejável: governam São Paulo, o Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Pará. Não
é de se jogar na fogueira. Magalhães Pinto, Ademar de Barros, Jânio Quadros
(por outro cargo) e Carlos Lacerda são excelentes lembranças para se pensar
duas vezes.
Sim. Quem depende da ordem política (legal) constituída,
arrisca tudo com a ruptura da legalidade.
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