terça-feira, 27 de janeiro de 2015

GRÉCIA - UMA VITÓRIA DE PIRRO? - José do Vale Pinheiro Feitosa

O resultado das eleições gregas parece trazer algo novo, mas é um novo que já vinha em processo. O processo é o da crise, redução de turistas, dependência dos fluxos de capitais externos, pouca estrutura industrial, revelando uma dependência de tal ordem à Europa que tudo parece o mesmo.

A análise de um solavanco provocado por um partido de esquerda vitorioso representa bem este impasse histórico que é a crise financeira do país. Todos apontam boas e más maneiras de conduzir-se como novidade neste cenário empacado.

Nos sites de esquerda e entre economistas liberais ao estilo Paul Krugman, a Grécia não avançará com suavidade. Ou se apresenta com radicalidade, somando-se a outras nações em igualdade contemporânea ou tudo degringola.

Uma questão é saber se a vitória do Syriza é o nascimento de uma força política europeia que enfrente a estagnação, a perda de empregos e direitos sociais. Se for, a posição da nova liderança grega se reforça. Ao contrário, vai encontrar uma resistência descomunal cuja possibilidade em caso de insucesso é a chegada do partido fascista, o segundo mais votado, ao poder no país.

O papel clássico dos fascistas é criar uma força miliciana (fanatizada e ordenada ao aparelho de Estado) que ataque e amedronte as classes operárias e as famílias de classe média para que a austeridade financeira possa agir livremente enquanto arrocha a vida da população. Por isso muita gente espera o retorno político das organizações de extrema direita.

E no passado, não muito longínquo, a alta burguesia europeia não teve o menor problema para aceitar governos fascistas. Todos esperam que este comportamento seja o mesmo atualmente. De modo que a suavidade dos gregos é contraproducente neste quadro histórico e político.

Mas onde criar forças internacionais para um programa radicalizado? Aproximar-se de setores e países que são vítimas da situação atual de modo a criar condições de enfrentar a dureza das posturas de governos e bancos europeus e americanos. Entre as forças internacionais o Syriza pode ampliar sua agenda com segmentos ocidentais que vêm com desconfiança a atual condução da política europeia.

Entre tais o Papa, testando a capacidade do vaticano de realmente enfrentar a realidade. Pode mobilizar as universidades mais progressistas da Europa. Se aproximar de setores e partidos que lutam contra a austeridade econômica. Criar teses e conduções que possam fortalecer as posições de organizações políticas em luta dentro dos seus países. Entre outras medidas.


Junto com o forte embate junto ao sistema europeu, é preciso criar uma porta de saída do próprio Euro, como uma forma de ter autonomia para gerir a própria vida, ao invés de receber uma “mesada de fome” como vem recebendo. Aí, nesse caso, é preciso fortalecer laços externos, com a América do Sul, China, Rússia, entre outros.  

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