quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

ELES GANHARAM O CONGRESSO NACIONAL - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ou melhor: o governo e sua política de aliança com o PMDB perdeu a Câmara dos Deputados. Ganhou no Senado, sem convicção. E perdeu para quem?

Primeiro para os deputados dissidentes da “base do governo”, segundo para a oposição (vai aproveitar-se da confusão no galinheiro do vizinho) e para a grande mídia corporativa (que é contra o governo Dilma e tem Eduardo Cunha no punho, dada a fragilidade jurídica do mesmo).

Mas era um resultado esperado. A base desta previsão era o próprio processo de financiamento das eleições. Mas especificamente a influência do poder financeiro nos resultados das mesmas. E onde nasce tal coisa.

Primeiro saiba-se que isso ocorre em todas as sociedades onde há votação em massa para escolha dos dirigentes do Estado. Isso foi uma evolução do comportamento da classe rica para se contrapor à emergência das sociedades do voto universal.

O voto universal é uma grande mobilização do povo. As campanhas eleitorais atingem milhões e custam muito caro e cada nova tecnologia de convencimento, usando as técnicas sofisticadas da propaganda comercial, se volta para o interesse da classe rica.

Mesmo os plebiscitos, as consultas amplas sofrem o efeito do dinheiro privado em seus resultados. Usando as técnicas de propaganda em massa, já tão bem experimentadas desde o século XX, é possível conduzir as escolhas em benefício de certas classes privilegiadas. Para isso se usam de mitos e falsidades para confundir um simples ato, aquele da escolha.

A outra ponta do domínio político da elite é o controle dos partidos políticos, por meio de prepostos ou diretamente. Como a lista de candidatos já sai pronta dos partidos, as escolhas já se reduzem aí. De modo que após passar a barreira pesada dos “dirigentes partidários”, as opções populares vão se desgastar no financiamento das campanhas.

Por isso o Congresso Nacional e o Senado são conservadores, formado por bancadas de interesse e por milionários representantes de certos segmentos. É um Congresso formado por representantes de classe, que não aceitam políticas sociais e de interesse da maioria, que é, contraditoriamente, quem os pôs lá.

Quando falarem em Eduardo Cunha e Renan Calheiros, lembrem-se de Luiz Eduardo, de Severino Cavalcanti, este em pleno governo Lula deu um troco no governo, sendo eleito pelo baixo clero. Agora é o que se sabe: Eduardo Cunha e Renan são presidentes do outro poder e a negociação vai ser por aí. Como foi com o STF que compõe o terceiro governo. Não tem novidade, é a mesma coisa, de modo inamistoso ou negociado.

Agora onde a repercussão maior acontece não é no governo. Este, como é um intervalo no tempo, até pode usar estes personagens para justificar suas acomodações. Afinal o PT não é um partido revolucionário e nem de um governo também revolucionário.

A diferença é para a sociedade e sua agenda política: autonomia nacional, meio ambiente, fonte energética e de matérias primas, distribuição de renda, emprego e renda, qualidade de vida nas cidades e no campo, liberdade de opinião e diversidade de meios para isso, liberdade na base de comunicação interpessoal (internet), maior valor coletivo e redução do valor privado a apenas as pessoas e suas necessidades. Entre outras questões.

Esta agenda continua a mesma de antes das eleições. Ela é imperativa para o destino das gerações. Para um projeto de sociedade solidária, participativa e capaz de mobilizar seus conhecimentos. Essa é a agenda principal.

E não podemos esquecer que as técnicas de manipulação estão em plena ação: controle das informações, vigilância das pessoas e dos comportamentos, contrainformações para desacreditar a agenda coletiva, sabotagem e assim por diante. Só isso explica porque pessoas tão bem formadas em termos de educação, sejam capazes de reproduzir tanta bobagem.

Uma das tabulas rasas mais intensas deste momento são as redes sociais. Ali se preparam verdadeiras forças (o Exército Inglês, Israelense, entre outros têm equipes para fazer a guerra no Facebook) para criar climas, convicções e posições infladas como um saco de papel cheio de ar. Isso corre solto no nosso dia-a-dia. Pessoas com formação em contabilidade, experiência em empresa é capaz de aceitar na conta da corrupção toda aquela história dos 88 bilhões da Petrobrás.

Mas isso não é de agora. A técnica de levar as pessoas a imaginarem que toda a origem dos seus problemas é da corrupção é antiga e fonte da perseguição aos judeus pelos nazistas alemães, de perseguição religiosas, de grupos e assim por diante. É uma verdadeira troca da parte pelo todo.

Ou alguém em sã consciência não sabe que a maior de todas as corrupções se encontra nas manipulações de preços, no ganho exorbitante dos que acumularam capital e especulam no mercado financeiro, no enriquecimento sem causa e assim por diante. O sistema capitalista já era inerentemente corrupto, mas sua ganância (inerente) exacerbou a sua corrupção e a maior evidência são as novas tecnologias da era digital e o mercado financeiro.


É nesse sistema de exploração (novas tecnologia .com e financeiro) que o Império Americano pretende eternizar-se. Pelo menos no tempo das próximas gerações. 

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