No dia 4 de
março de 1955 um destacado nacionalista, militar de carreira, com uma enorme
tradição de luta republicana, eleito deputado federal pelo PTB do Distrito
Federal (Rio de Janeiro) faz um discurso no grande expediente da Câmara dos
Deputados.
Ele fala
para explicação pessoal. Em primeiro lugar cita a Liga de Emancipação Nacional,
um movimento em defesa das riquezas nacionais e da autonomia do país em relação
ao imperialismo americano e europeu. Diz que a Liga é composta, entre outros,
pelo Deputado Campos Vergal, Vieira de Melo, Aarão Steinbruck, General
Felicíssimo Cardoso, Coronel Artur Carnaúba e Edgar Buxbaum.
Em sua fala
lê uma nota em que denuncia a tentativa de golpe político com a tal candidatura
única (tese defendida pela UDN) e diz que são manobras feitas por forças nas
sombras: os trustes norte-americanos, cujo exemplo é Eugênio Gudin, com o
objetivo de liquidar a resistência patriótica contra a entrega do petróleo e do patrimônio da Nação e por isso se propõem
ao golpe.
Qualquer
leitor atento do momento brasileiro encontra um paralelo enorme com aquele
remoto ano de 1955. Naquele ano o PSD, em aliança com o PTB, indicava Juscelino
Kubistchek para a candidatura à presidência. A UDN, que tinha no Presidente
Café Filho o seu braço político, afinal era um governo onde a UDN tinha o
controle, não queria a candidatura Juscelino. Muitos setores militares agiam
para derrubar a candidatura do PSD e estes militares tinham o braço político da
UDN.
O discurso
da UDN era a corrupção de Juscelino. Tratava-se da aquisição de dois terrenos
da prefeitura por parte dele enquanto prefeito. Aquisição dentro das normas
jurídicas, postas em dúvida pela UDN. Na verdade era uma velha briga dos
mineiros, entre UDN e PSD, alçada ao nível nacional porque interessava à UDN.
Aliás a UDN,
num paralelo incrível com o momento atual, conseguira rachar o PSD e vários
outros setores aliados e eleito Carlos Luz, que era do PSD, mas desafeto de
Juscelino. E foi com Carlos Luz na Presidência da Câmara que a UDN tentou uma
CPI contra Juscelino, fez discursos agressivos contra ele e afinal, aproveitando
uma licença saúde de Café Filho, deu a Carlos Luz o poder de desarmar
politicamente a candidatura Juscelino.
Para todos
efeitos foi tido como um golpe político. Como houve uma reação à manobra, o
outro lado, a UDN, acusou a esta de golpe. Enfim, Café Filho após a alta
hospitalar não mais assumiu o cargo, Carlos Luz perdeu a presidência da Câmara,
passou para um udenista, mas eleito pelo PTB do Rio Grande do Sul que era Flores
da Cunha. O golpe não deu certo, Juscelino foi eleito. Tomou posse. E passou o
cargo para o próximo presidente eleito.
Enfim nos
dias atuais, setores do judiciário, o PSDB e mais outros arrivistas em partidos
menores, a mídia corporativa e um amplo trabalho nas redes sociais estão na
mesma linha. Hoje mesmo, demonstrando a tese do deputado do PTB do qual cito o
discurso na Câmara, José Serra, Senador pelo PSDB de São Paulo advoga a venda
de partes da Petrobrás e a entrega do Pré-Sal para os “trustes estrangeiros”
como denunciava o discurso do deputado em 1955. Falam-se num “trabalho lobista”
de Serra com a Chevron (em vários sites).
E para saber
quem era o deputado do PTB, nacionalista e que denunciava o golpe financiado
pelas grandes empresas americanas: GENERAL
LEÔNIDAS CARDOSO. PAI DO EX-PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.
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