sexta-feira, 20 de março de 2015

"BICUDOS NÃO SE BEIJAM" - José Nilton Mariano Saraiva

Farinha do mesmo saco, só que até então momentaneamente no exercício de um cargo superior no Poder Executivo, o senhor Cid Gomes bem que tentou tergiversar, enrolar de alguma forma, fugir do confronto, quando do seu depoimento aos “colegas-políticos” do Poder Legislativo Federal (Câmara dos Deputados) no momento em que ali compareceu a fim de explicar-se sobre a alcunha de “achacadores” que houvera impingido à maioria deles (de 300 a 400 - indistintamente), dias antes.

Ex-parlamentar e tendo ascendido à Governadoria do Estado do Ceará por obra e graça de acordos não tão republicanos nos bastidores, ao longo do tempo o senhor Cid Gomes acostumou-se a lidar com os “amestrados cordeirinhos” da Assembléia Legislativa do Ceará, vergonhosamente pródigos em satisfazer seus caprichos e vontades (vide a nebulosa questão da construção do tal Aquário e/ou a indicação da cunhada Patrícia Gomes para o cargo vitalício de conselheira do Tribunal de Contas do Estado, sem que tenha a mínima qualificação técnica); pois bem, mal acostumado  imaginou que com o papo furado que lhe é peculiar poderia sair incólume da refrega.

Assim, num primeiro momento insistiu que o encontro que tivera com estudantes da Universidade do Pará (onde se pronunciara sobre) se dera em ambiente fechado, que a gravação da conversa por parte de alguém não autorizado nada valia e, portanto, ilegal seria, que quem ali se pronunciara fora a “pessoa física” e não a figura institucional do Ministro de Estado (quanta babaquice) e, enfim, que tinha o maior respeito pelo Legislativo, porquanto um ex-integrante, a nível estadual. 

De nada adiantou, porém. Sabedores da sua recorrente instabilidade emocional quando sob pressão, do seu pavio curto quando questionado duramente, da sua pouca paciência para o debate (já que acostumado a mandar e desmandar), os mafiosos e desacreditados parlamentares federais foram astuciosamente atraindo-o para a armadilha, paulatinamente minando-o psicologicamente, até que deu-se a explosão.

Assim, e como “bicudos não se beijam”, quando instado a nominar os “achacadores” e ato seguinte rotulado contundentemente de “palhaço” por parte de um dos seus inquisidores, Cid Gomes, ao invés de humilhar-se num pedido de desculpas (como sugerido pelos deputados-bandidos), resolveu abruptamente abandonar o recinto, sem que antes haja jogado sobre eles e principalmente sobre os ombros dos componentes da base aliada do governo, a pecha de achacadores, porquanto desleais para com a Presidenta da República, desde sempre.

Aqui, um parêntesis para esclarecimento: a respeito dos políticos com assento no Congresso Nacional, em nossa última postagem abordando a questão da Petrobras afirmamos peremptoriamente que...  “dentre os diversos senadores e deputados a serem investigados, os presidentes das duas casas legislativas – Senado e Câmara Federal – encabeçam a lista, numa prova inconteste de que o principal antro de safadezas, corrupção e falcatruas ali se encontra; particularmente, entendemos que não são apenas 300 ou 400 picaretas; do total de 594 parlamentares (513 deputados e 81 senadores) com muito, mas muito esforço poderíamos livrar a cara de 10% e olhe lá. Chega de hipocrisia. Há que se achar uma reforma política que obste toda essa cafajestice”.

Portanto, apesar de nunca termos sufragado os Ferreira Gomes e Jereissatis da vida, não temos nenhum constrangimento em admitir que o senhor Cid Gomes conseguiu verbalizar – e num ambiente superlativo e repleto de holofotes - tudo aquilo que boa parte da  população brasileira pensa a respeito dos políticos: não passam de pessoas sem escrúpulos, que legislam em causa própria. Só que acrescentaríamos: inclusive os Ferreira Gomes.

E se alguém tem alguma dúvida sobre a barafunda e desonestidade que caracteriza seu modus operandi, basta atentar para o multifacetado histórico partidário e/ou consultar professores, médicos, militares e funcionalismo público do Ceará sobre o que acham dos Ferreira Gomes.

Portanto, causa espécie que queiram agora transformar o senhor Cid Gomes numa espécie de herói nacional, autentico paladino da moralidade em razão de ter se estranhado com colegas da mesma estirpe e que rezam o mesmo credo. E de uma coisa tenhamos certeza: com a hiper divulgação do imbróglio, espertamente os Ferreira Gomes tentarão usá-lo para creditar-se a vôos mais altos num futuro. Esperem para confirmar. 
   


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