Não tem futuro uma humanidade que entende o progresso como
um faça-se você mesmo, de modo egoísta e com argumentos de uma meritocracia que
justifica a exclusão. Este bate panelas que apenas estão vazias porque as
empregadas domésticas já as lavaram e as guardaram.
Há uma fonte permanente de desastres e morte no sistema de
acumulação de riquezas que explora outros povos de modo colonial e imperial,
extraindo seus potenciais e deixando milhões na miséria. Que após o desespero
de verdadeiros campos de concentrações e desgraça, como acontece na África,
ainda deixa que se afoguem nas águas do Mediterrâneo.
E quando a humanidade é vítima deste vício destrutivo é
preciso a revolução. Uma revolução que separe, que divida, que não pregue a paz
quando a espada é necessária para superar o veneno que corre no braço que bate
na panela, antes cheia, como se batesse nos pobres.
E há uma oração, de uma fonte tão universal no pensamento
dos brasileiros que é preciso escutá-la para situar-se. Alguém já ouviu o que
segue?
Não julgueis que vim
trazer paz a Terra; não vim trazer-lhe paz, mas espada; porque vim separar o
homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e os
inimigos do homem serão os seus mesmos domésticos.
Ou dito de outra maneira:
Eu vim trazer fogo à
Terra, e que que eu, senão que ele se acenda? Eu, pois, tenho de ser batizado
num batismo, e quão grande não é a minha angústia, até que ele se cumpra? Vós
cuidais, que eu vim trazer paz à Terra: Não, vos digo eu, mas separação; porque
de hoje em diante haverá, numa mesma casa, cinco pessoas divididas, três contra
duas e duas contra três. Estarão divididas: o pai contra o filho, e o filho
contra seu pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; sogra contra sua
nora, e a nora contra sua sogra.
Pois como já se deduz pelo estilo, quem não conhecia esta
oração logo sabe a origem. Jesus Cristo sabia que mudar os homens gera
resistência. Os privilegiados da ordem corrompida não querem mudanças, os
acostumados a que nada mude não acredita nela, os que sofrem a opressão temem
mais açoites.
Então Jesus sabia desde dois mil anos passados, que a
mudança virtuosa gera oposição e um enfrentamento inerente. Toda revolução,
enfim, busca a paz, mas intimida enquanto se realiza. E não resta qualquer dúvida que Jesus, na
qualidade judaica do Messias, aquele que redime, sabe que o saber é evolutivo e
que a sua negação é causa de corrupção humana. Em outras palavras redimir, é
usar o conhecimento da realidade das pessoas para oferecer-lhe uma nova ordem
social de paz, de justiça e liberdade.
Se você não pensa assim, mas se diz cristão, precisa mergulhar
em águas batismais. Leiam sobre estes dados:
Atualmente 3,3 bilhões de pessoas vivem em regiões com transmissão
ativa de Malária. Isso compreende as América, África, Ásia e Oceania. Países
mais ao sul e ao norte, incluindo a calha do Mediterrâneo não têm transmissão da
malária.
Em torno de 1,2 bilhões de pessoas vivem em territórios com
risco elevado de pegar malária. Existem países na África onde para cada mil
habitantes 100 têm malária.
Estima-se que 198 milhões de pessoas pegaram malária em 2013
e 584 mil pessoas morreram da doença. A concentração de casos e mortes se
verifica na África – 82% do total de casos mundiais e 93% das mortes.
E tem mais: quanto mais pobre é o país e sua população mais
alto é a incidência de malária. A população mais vulnerável à doença: pobres, crianças,
mulheres gestantes, pessoas infectadas pelo HIV. A malária se tornou a doença da
exploração colonial e do avanço do capitalismo.
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