Zé de Tom-in é o mais completo exemplo de um projeto
perfeitamente executado.
Um projeto de feiura. Desmantelo de fim dos tempos.
Quando me deparei com a marmota foi aquele Louro da Oficina dizendo:
“olhe ajude este desgraçado que a mãe não cuida dele de jeito nenhum. O outro
irmão até já morreu de fome!”
Zé de Tom-in para resumo da estampa é mais ou menos assim (e
pode botar menos): a bunda é murcha como se arriasse para dentro das pernas,
tronco curto e uma cabeça que teima em ser maior que o resto. E os faróis da
alma? São duas boticas saltadas como a feitura acabada daquele que os pais
prometiam aos filhos: “Doca do Oião”.
E não fica nisso não! Zé tem orelhas de humilhar dois
abanos. Aquele conjunto além do mais é de pouca estatura. É o tipo mínimo no
tamanho e grande na estampa do que representa.
E peguei o arremedo estético e entreguei para Catarina. Ela
amamentava uma filha e Zé podia receber algo por aquelas mamas. E não foi que
recebeu. Zé de Tom-in tem uma coisa, é feio no arranjo externo, mas tem uma
gana de viver como ninguém.
Ora, ele se aproveitou dos peitos de Catarina como a
verdadeira ponte entre o último suspiro e o fungado da satisfação. E assim Zé
passou por todas as fases que a vida nos dá. Virou meninote danado, depois, sem
mudar muito de tamanho, assumiu estampa de adolescente e pronto para deixar
semente no mundo.
E deixou, o desgraçado. Catarina já teve uma prole de Zé de
Tom-in, assim como a irmã de leite já está para parir.
E Zé sempre por ali, entre um prato de comida e um útero
para juntar a herança dele com alguém que valorize a libido do danado, sem
levar em consideração o apanhado físico resultante.
E assim Zé vai misturando o que lhe é abundante com a
temperança de alguma beleza fêmea para agrado dos olhos.
Zé de Tom-in continua sendo um bom sujeito, embora de vez em
quando some aquela irritação da raça Pinscher no seu diálogo conosco.
Esta narrativa me foi oferecida por Jansen, funcionário aposentado do
BB e hoje concorrente no abate e distribuição de frangos em Paracuru.
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