terça-feira, 25 de agosto de 2015

"TUNGA" DESPROPOSITADA - José Nilton Mariano Saraiva

Em sendo um país de dimensão continental, naturalmente que o Brasil se nos apresenta bastante heterogêneo no que concerne às suas diversas regiões, em termos mercadológico, cultural, climático, meteorológico e por aí vai.

Nos restringindo apenas a duas dessas regiões, porquanto emblemáticas da diferenciação, enquanto no “Sul-Sudeste” vige um clima ameno e propício às mais diversas culturas, no “Nordeste” desde sempre a inclemência do sol, aliada à falta de chuvas, resulta em imensas dificuldades para sua população, daí a necessidade de um atendimento prioritário governamental para com esta parte do Brasil, sintetizado lá atrás na fala do Imperador-bufão Dom Pedro, que teria garantido que, se necessário fosse, venderia a até a última joia da coroa a fim de atenuar o sofrimento do povo nordestino.

Se verdadeira ou não tão demagógica intenção, fato é que, de lá até cá a idéia de um tratamento diferenciado para a Região Nordeste ganhou destaque, até que durante a Assembleia Nacional Constituinte (1988), restou reconhecida a urgente necessidade da criação de um “fundo-financeiro” específico que propiciasse a obtenção e alocação de recursos estáveis para Região. Estava criado o FNE, com recursos advindos da “renúncia fiscal” do Imposto de Renda, por parte de pessoas físicas e jurídicas. Para geri-lo e administrá-lo uma instituição especialista em Nordeste, porquanto criada com essa precípua finalidade pelo presidente Getúlio Vargas nos primórdios da década de 1950: o Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).

E, em sã consciência, ninguém pode negar que essa parceria foi pra lá de eficiente e eficaz, porquanto a partir de então a Região Nordeste deu um salto qualitativo imenso, por conta de ações planejadas e executadas tanto no campo (agricultura) quanto na zona urbana (via industrialização).

Assim, hoje temos um moderno e multifacetado segmento industrial, dos mais heterogêneos e qualificados, que nada fica a dever aos grandes parques industriais do mundo, cidades modernas e acolhedoras, de par com uma agricultura diversificada e não mais sazonal, que, graças a um processo irrigatório ainda incipiente (daí a necessidade comprovada de que a transposição do Rio São Francisco seja concluída o mais breve) produz alimentos e cereais outros de primeira qualidade, inclusive para exportação.

Mas, eis que agora, o real “inimigo íntimo” da Presidenta Dilma Rousseff (que equivocadamente lhe concedeu carta branca para agir), ministro ”tucano” Joaquim Levy, no bojo do saco de maldades apresentado à população sob a denominação de “ajuste fiscal”, já anunciou a intenção de irresponsavelmente “tungar” em cerca de 30% (trinta por cento) os recursos destinados ao Nordeste, via FNE-BNB.

Tal medida, se efetivada, representará sério e indesejável entrave na política de debelar as “desigualdades regionais” (que deveria ser permanente e contínua), porquanto obstará os planos da Região Nordeste do Brasil de se livrar de vez das amarras do subdesenvolvimento, além de configurar uma despropositada volta ao passado, com tudo de maléfico que perdurou por longos anos; e ainda atingirá em cheio o BNB, esvaziando-o e transformando-o, porquanto retirando da sua alçada a chancela lhe atribuída lá atrás no governo Vargas, de instituição “indutora do desenvolvimento” nessa carente região do país.


Urge, pois, que desde já haja uma manifestação-convocação urgente por parte dos diversos segmentos sociais da região, visando “obrigar” a classe política a formar um “pool multipartidário” objetivando tomar uma atitude drástica de objeção ao pretendido pelo “ministro tucano”, fazendo-o demover um receituário que só interessa ao não conhecedores das agruras nordestinas.

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